sexta-feira, 15 de abril de 2011

DVD - Dark Funeral – Attera Orbis Terrarum – Part II

Dark Funeral – Attera Orbis Terrarum – Part II
Shinigami Records – 2011 - Suécia



Finalmente, depois de um tempo razoável, sai a tão aguardada segunda parte de “Attera Orbis Terrarum”. O material vem em formato bem simples, sem nenhum encarte, ponto negativo em se tratando de uma obra dessa importância. O primeiro DVD conta com uma apresentação em Buenos Aires (Argentina), e mais algumas filmagens amadoras da banda nos Estados Unidos e no Canadá.
Já o segundo disco conta com um show em São Paulo, e como extras, outras filmagens feitas por fãs durante a turnê que o Dark Funeral fez pela América Latina, além de um trailer de divulgação da primeira parte da obra. Bem, e não é sempre que um dos maiores expoentes do black metal mundial lançam material com um show no país. Algumas bandas extremas já haviam lançado CDs, como o Monstrosity, o Incantation e o Malevolent Creation – são as que me recordo no momento - mas nunca um DVD com um show em nossa terra.
                E claro, como brasileiro orgulhoso e fã da banda, decidi começar pelo DVD 2. Acho que me arrependi. Para começar, as imagens estão em tela cheia (fullscreen), um pecado (ops), dada a grandiosidade do projeto. Pois bem, e assim que de fato começa a rolar o show, outra decepção, essa um pouco maior: as imagens ficaram meio escuras, e o que dá a impressão é que, para compensar isso, tentaram clareá-las digitalmente, o que provocou um granulado desagradável na textura. E ainda utilizaram filtros que simulam películas antigas, com vários riscos na “projeção”. Mais um ponto negativo, pois o visual ficou forçado e deselegante. Se a ideia era criar um clima dark por ser uma banda black metal, não deu certo.
                E quando começam as músicas, a coisa continua desandando. O áudio, ao menos no início, está insatisfatório, e na maior parte do show, a bateria parece estar com volume mais baixo do que os outros intrumentos.
                Falando na bateria, a máquina por trás das baquetas, Matte Modin, mal aparece no início das filmagens. Só recebe um pouco de destaque após mais de ¼ de show, a partir da música “Open the Gates”, para ser mais exato.
E não posso deixar de citar, ainda em relação às imagens em si, um outro recurso infeliz e amador utilizado na edição: foram feitas fusões longuíssimas entre um plano e outro, tornando o resultado desastroso. Isso sem contar que no intervalo entre as músicas (e em alguns momentos, durante), eram colocadas imagens dos integrantes tocando, ou do vocalista cantando, tudo sem nenhuma ligação, sem o menor sentido. Lamentável.
                O que mais espanta é que quem dirigiu a coisa toda foi o pessoal da Tribe Magazine (Estúdio Da Tribo), especializado em lidar com música extrema. Bem, ao menos foram essas informações que encontrei na web, visto que NÃO HÁ CRÉDITOS desse show no DVD, ou se existem, peço por favor e já agradeço a algum leitor que me diga onde estão.
                Bem, e agora falando da apresentação em si, os integrantes da banda começaram com uma performance fraca e fria, mas depois, a coisa melhorou. E é incrível a capacidade desse pessoal em acelerar ainda mais suas músicas ao vivo, sendo que nas versões de estúdio, já são ultra-velozes. Tire suas conclusões assistindo à impressionante “The Arrival of Satan’s Empire”, por exemplo. É rápido demais!
                Os grandes clássicos como a supracitada música, juntamente com os hinos “Ravenna Strigoi Mortii”, “Vobiscum Satanas”, “The Secrets of the Black Arts”, “My Dark Desire”, e “An Apprentice of Satan”, entre tantos outros, fizeram a festa (negra) dos fãs. Ah, e deve-se lembrar que ao menos no show de SP tocaram uma música a mais do que no show da Argentina – “Godhate”. No resto, o repertório foi o mesmo, apenas com alteração na ordem de algumas músicas.
                Quanto aos extras, valem a pena assistir. Em uma das imagens, um raro momento, quando a banda chega ao local da apresentação, e passa sem maquilagem por alguns fãs. É curto, mal dá para ver, mas está registrado. Outra curiosidade, essa bem pessoal, é que há uma música do show realizado em Campinas/SP, “Godhate”. O fato é que eu já estava na cidade, com o ingresso em mãos, mas por uma fatalidade, tive que voltar à minha terra, e perdi o show. Tenho o ingresso – de número 51 – aqui comigo, intacto.





E agora, vamos ao DVD 1. Logo de cara, percebe-se a qualidade de imagem e de som muito superiores, mantendo o mesmo nível de “Attera Orbis Terrarum – Part I”, e com um detalhe: filmado em widescreen. Impressionante o quanto o áudio está cristalino nessa gravação. Aliado a isso, aparecem os gcs com os nomes das músicas (o que não acontece no DVD 2) em uma belíssima arte que mais uma vez remete à primeira parte de “Attera Orbis...”.
Além disso, bem opostamente ao show de SP, existem fusões de imagem muito bonitas e bem feitas, assim como um efeito de envelhecimento que as enriquecem. A iluminação também é superior.
E tem mais: o show já começa fervendo, com os integrantes dando o sangue e realmente empolgados com a platéia. Uma pontada (mais uma, na verdade) de inveja acontece em dois momentos, primeiramente quando o vocalista Emperor Magus Caligula pega uma das câmeras e filma o público de Buenos Aires, tamanha sua satisfação. E em um segundo momento, quando mostra-lhes orgulhoso uma bandeira argentina. Ah, sim, e no final do show, aparecem os créditos finais.
Quanto aos extras, nada excepcional, mas vale a pena dar uma conferida em imagens do Dark Funeral como quarteto, por exemplo.
Mas como não podia deixar de ser, o DVD 1 não é perfeito: em determinado momento, imagem e som ficam levemente fora de sincronismo. Além disso, os espectadores argentinos chegam a gritar “olê, olé, olé, olêêêêêê, Dark Fuuuuuneraaaaaaal...”. Para a banda, deve ter sido bastante interessante, por talvez não conhecerem esse tipo de grito de guerra, mas para nós, convenhamos, nada a ver com show de metal esse tipo de manifestação.
Por fim, é com pesar que digo que o DVD dos hermanos superou o nosso com folga. O show de SP deixou consideravelmente a desejar, mas resta o orgulho de ter sido gravado aqui no país. Por aí, apenas reforça-se a ideia de que o Brasil definitivamente é referência em grandes shows internacionais, em todos os estilos de rock, dos mais mainstream ao mais underground.

NOTA 7,5


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