Esta resenha foi publicada inicialmente por este humilde responsável pelo Som Extremo no extinto site Novo Metal. Como não está mais no ar, achei interessante republicá-la aqui, pois é um material espetacular!
Kreator – At the
Pulse of Kapitulation – Live at East Berlin 1990
Steamhammer Records
– 2008 - Alemanha
O que se tem
aqui é algo histórico, não só para fãs da Kreator e de música Thrash em geral,
mas para o mundo em si. Afinal, esse show com bandas de Metal foi o primeiro a
acontecer após a queda do muro de Berlim que, para os não familiarizados,
dividia a Alemanha capitalista e a Alemanha socialista até 1989.
Mas deixemos
um pouco de lado o fato e vamos à apresentação em si. Trata-se de um verdadeiro
show do Kreator, que se encontrava em sua fase mais agressiva e veloz. Após a
“introdução” às escuras – o vídeo começa com tela totalmente preta - tem-se
início o massacre sonoro com “Some Pain Will Last”, uma boa música para o
aquecimento, lenta mas bastante cativante.
Dali em diante,
a coisa só melhora, com clássicos atrás de clássicos, e uma performance
espetacular da banda. Os caras agitam demais, e o vocalista/guitarrista Mille
Petrozza, que dificilmente abre um sorriso, rouba a cena quando balança freneticamente
sua juba. Dá para perceber que a banda realmente faz algo verdadeiro e
prazeroso, empolgando não só a platéia, mas também os espectadores do DVD.
Outro
destaque é o baterista Ventor que, além de muita técnica, como demonstra em um
bom solo, tem também o dom de cantar, e muito bem. É o que ele faz em “Riot of
Violence”, e não deixa a desejar em relação a Petrozza.
E
agora, entrando na parte técnica das filmagens, vale a pena falar da ótima
qualidade da imagem, meticulosamente restaurada. Para constar: o vídeo foi
lançado inicialmente apenas em VHS no início da década de 90. Os filtros usados
de forma rápida, alternando imagens coloridas e em preto e branco ficaram bem
interessantes, assim como um recurso em que elas parecem “dar pulinhos”, resultando
em mais dinâmica à gravação. Há também um outro filtro que chama bastante a
atenção, em que a imagem aparece com uma textura arredondada e transparente,
como se fosse um alvo. Ficou primoroso.
Mas
chega a hora de comentar os sérios defeitos da obra, a grande maioria
relacionados às câmeras. Para começar, ficaram muito mal posicionadas em
relação aos músicos. Por diversas vezes, mostram enquadramentos parecidos
quando há mudança de uma para outra, o que incomoda e causa estranhamento. Além
disso, elas mal buscam Petrozza ou o guitarrista Frank Blackfire quando fazem
seus solos maravilhosos. Dá a impressão de que todas as vezes em que focalizam as
guitarras, o fazem tarde demais, pois o solo já termina. Uma pena. E nem Ventor
escapa desse problema: sim, ele aparece constantemente no vídeo, mas na maior
parte, apenas em um plano fechado de seu perfil. Apenas em pouquíssimas vezes –
dá para contar nos dedos – Ventor aparece em uma tomada mais aberta tocando seu
instrumento. Para fãs de bateristas como eu, isso é imperdoável. E como se não
bastasse tais aborrecimentos, o cidadão responsável pelo corte (mudanças de
câmeras) pensou que, para uma edição de um show de Metal ficar boa, precisava
trocar de tomadas sem parar. Ficou
consideravelmente ruim, com cortes muito curtos, não dando tempo hábil para
apreciar cada take.
E
para finalizar as críticas negativas, deve-se citar a autoração do DVD. Por
alguma razão, lá pelo meio da apresentação, algumas câmeras ficam levemente
fora de sincronia entre a imagem e o áudio, outra coisa que incomoda bastante.
Mas
agora o leitor deve estar perguntando por que a nota do DVD foi relativamente
alta, certo? E respondo com prazer: porque é um show do Kreator em uma fase
fantática, com toda a banda afiadíssima! E também porque os extras são
fabulosos: há um documentário bem interessante sobre os bastidores do show, em
que falam sobre a expectativa após um fato histórico tão importante para o
planeta – a citada queda do muro de Berlim. Mas fica o protesto pela falta de
legendas em português.
Há
também uma versão do diretor para o curta-metragem de horror que a banda fez,
chamado “Hallucinative Comas”, misturando uma narrativa obscura com alguns clipes
da Kreator. Mas aqui, as imagens são mais fortes e violentas, o que havia sido
vetado na época de seu lançamento.
Por
fim, além do DVD, que apresenta um encarte simples, mas gostoso de ver, com
informações técnicas e fotos, há também disponível um CD com o áudio do show.
Precisa mais?
Nota 8,5
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