domingo, 31 de julho de 2011

Hate Plow – Everybody Dies

Hate Plow – Everybody Dies
Pavement Music – 1998 – Estados Unidos

Outra pérola do death metal mundial, a escavadeira do ódio veio com tudo há 13 anos lançando seu primeiro full-length. Não se deixe levar pela capa sem graça feita com colagens. O material aqui é assustador e muito bem feito, podem acreditar.
O trabalho já abre de forma violentíssima com a faixa-título, a melhor do CD, uma locomotiva com ótimos cantos e refrão. Depois, vem a não menos grandiosa “Stalker”, arrastada e pesadíssima, mas que no meio mostra o lado mais agressivo do trabalho, em uma rifferama e mudança de ritmo realmente espetaculares.
                Além dessas duas belezuras, outros destaques (e não é só modo de dizer não) são “$20.00 Blow Job”, “Ante Up”, “Anally Annie”, “Denial” e “Born with Both”, todas realmente empolgantes a ponto de você erguer o volume no talo e esquecer do mundo.
E o disco tem direito a um ótimo e surpreendente cover, e uma zoeirinha no final. Falo de “Sunshine of Your Love” (Cream) - sim, aquela maravilha do game “Guitar Hero III” - e “Pepe Lopez Song”, respectivamente. Portanto fiquem espertos após “Born with Both”, porque a faixa não termina lá não!
Gravação muito boa, peso ideal nos instrumentos de corda, um vocalista competente e um baterista técnico e desenfreado. Não precisa de mais nada, né?
Curiosidades sobre a banda: o disco é dedicado ao ex-baterista do conjunto que gravou “Everybody Dies”, Larry Halke, falecido em 1997 em consequência de inalação de fumaça após um incêndio em sua casa; as letras com muito humor negro são histórias reais, segundo o encarte do CD, que não revela quem foi o (ir)responsável pelas loucuras. E tem muita baixaria aí no meio, podem apostar; a história do grupo está ligada diretamente ao fabuloso Malevolent Creation: Kyle Simons (assumiu o vocal da Malevolent mais tarde), Rob Barret (passou pelo Malevolent e voltou ao Cannibal Corpse) e Phil Fasciana (guitarra da banda). No álbum posterior, “The Only Law is Survival”, a Hate Plow contou com o inigualável Dave Culross, baterista que também está à frente do Malevolent Creation. Interessante, não?
Dê o play, e aposto que vocês farão isso novamente assim que o disco acabar. Viciante e irresistível, uma pena terem soltado somente o citado “The Only Law is Survival” (com pegada mais death/grind - lindo!) e o ao vivo “Moshpit Murder” (mediano) após esse CD. Hate Plow, um nome mais do que apropriado para uma banda tão extrema e diabólica.

NOTA 9,0

LIVRO - O Clube Mefisto – Tess Gerritsen

LIVRO - O Clube Mefisto – Tess Gerritsen
Editora Record - 2010

Resumo da obra: uma detetive e uma patologista tentam desvendar crimes brutais possivelmente ligados ao satanismo. Tá, é mais do que isso, mas o mote básico se restringe a essa descrição.
De verdade? A história demora para engrenar, mesmo com as boas sequências da cena detalhada do crime bárbaro e outras narrativas de ação. A obra segue morna por mais da metade do livro para só então, após mais de 200 páginas, começar a ficar realmente interessante.
E daí para frente, tem-se uma literatura de alto nível e irresistível, um verdadeiro romance policial muito rico e cheio de intrigas. Aliás, o livro é mais policial do que de suspense. O gênero terror, ao contrário do que se esperava, não passou pelas páginas da obra.
E a escrita da autora é bastante prazerosa, com a dose certa entre o informal e o sofisticado. Nisso, ela deu show.
Os destaques ficam para as supracitadas boas sequências das cenas do crime e da autópsia de uma das vítimas, que chamam a atenção pela minúcia das descrições. São cruéis e bem realistas. Fico imaginando o quanto a autora estudou para ir tão a fundo nessas observações patológicas.
Eu poderia dizer que para quem gosta de uma boa investigação, é um prato cheio. De fato, a trama é deliciosa... até chegar nos instantes finais. Aí, a coisa desanda novamente.
O desvendar do mistério é chocho. O(A) assassino(a) é encontrado(a) em um tempo razoável antes do final do livro. Então, você devora mais e mais páginas, aguardando uma reviravolta que fará mudar todas as suspeitas, lendo pistas para desvendar um(a) novo(a) criminoso(a). Só que essa parte não chega. Ela não existe. Aquele(a) era de fato o(a) assassino(a).
Mesmo sendo redundante devido à minha frustração, reforço aqui que não há grande reviravolta no clímax, de modo que o a resolução do problema é simplesmente reta. É estranho, pois outros personagens tinham lá suas razões para serem os suspeitos, e passaram longe da resolução.
E depois de tudo, há um epílogo em que a escritora questiona a existência do mal. Beleza, é até interessante, mas não acrescenta nada ao restante do material. Desnecessário.
Uma pena, pois após a narrativa adquirir um bom ritmo, cheia de ação e suspense, a coisa toda acaba sem graça. E ainda deixou um mistério não respondido, além também de uma questão envolvendo relacionamento em aberto. Tudo estranho, mas sem graça.

Tumbero - Toscore (EP)

Tumbero - Toscore (EP)
Noise Underground Music – 2011 – Brasil

Às vezes falar de algumas bandas é algo complicado. Várias delas têm capacidade espetacular de prosseguirem firmes e fortes, mas são impedidas por barreiras realmente intransponíveis. Infelizmente é o que acontece com a Tumbero.
Eles desgraçam a vida com um hardcore/grind pesado, conciso, agressivo e criativo, tudo cantado em português. As estruturas musicais são incríveis, bem empolgantes mesmo. Uma pena tanta coisa boa ficar encoberta por uma gravação lamentável. De verdade, é um desperdício de potencial de dar dó. O EP não tem peso e parece um registro feito por um gravadorzinho cassete qualquer. Poxa vida, Tumbero, vocês estavam prometendo tanto!
Quanto ao estilo das composições, nota-se nítidas influências do Agathocles nas seis composições do trabalho, todas até grandes para o gênero, com mais de dois minutos cada.
O vocal é idêntico ao de James (Facada), impressionante! E o cara encaixa as sílabas das letras de maneira muito legal nas canções. O baterista é habilidoso, e a guitarra e baixo não fogem do estilo grind de se tocar.
O link para download vem com letras, lista de agradecimentos, line up, contatos, logotipo e até com a arte para colar no CD... mas cadê a capa e a contracapa? Ou a capa é o próprio desenho que se cola na mídia?
Já fica a torcida para que o pessoal regrave as músicas, ou lancem novo material, mas de forma mais profissional. Porque uma banda que mostra tanta coisa boa não pode deixar essa barreira da gravação ruim pará-la. É o principal motivo da nota baixa. No restante, estão de parabéns.

NOTA 6,0

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Entrevista - Cauterization


Em 2011, a Cauterization soltou a demo "Males Infestus" (ler resenha aqui), que figura entre os melhores lançamentos do ano. Com apenas quatro músicas, o grupo fincou suas raízes no underground nacional de maneira grandiosa. Com uma produção impecável, tanto da gravação quanto da arte gráfica do CD, o grupo agora colhe os bons frutos do excelente trabalho. Quem respondeu as perguntas por e-mail foi Trojillo Jr., baterista insano da banda. O baixista e backing vocal Well Moia e a guitarrista e vocalista Maysa Rodrigues (sim, uma mulher!!!) completam o power trio.

Som Extremo: Saudações, grande Trojillo! Conte um pouco da história da Cauterization por favor.
Trojillo Jr.: O CAUTERIZATION foi formado no final de 2008. Na época, eu ainda tocava em uma banda chamada INDUSTRIAL NOISE, mas tinha o intuito de montar um projeto que seguisse uma linha entre o Death e Black Metal. Aí conheci a Maysa e vi que ela tinha os mesmos gostos musicais, além de também estar procurando alguém pra fazer algo no estilo. Ficamos ensaiando somente os dois durante um ano. Foi quando o Well entrou pra tocar o baixo e fazer os backing vocals.

Som Extremo: Vocês soltaram um dos melhores trabalhos de 2011, com um grau de profissionalismo poucas vezes visto aqui, em se tratando de uma demo. Tem essa noção?
Trojillo Jr.: Cara, inicialmente nosso propósito era gravarmos um registro para podermos iniciar nossa divulgação, e seguimos uma linha “já que vamos fazer algo, vamos fazer bem feito”, porque ser Underground NÃO significa “ser porco e mal-feito”. Investimos tempo, dinheiro e muita dedicação nesse lançamento, e todos os comentários que recebemos até agora foram muito positivos!

Som Extremo: Aliás, o que poderia dizer sobre a parte gráfica do CD, lindíssima?
Trojillo Jr.: A parte gráfica na realidade foi realizada por três pessoas: a capa foi feita por Marcelo Vasco, um artista de renome internacional que já trabalha há muito tempo no cenário metálico mundial, e já fez trabalhos para bandas como DARK FUNERAL, OBITUARY, BELPHEGOR, KORZUS, SETHERIAL, e muitos outros. A parte interna e a parte restante foi toda realizada por um amigo nosso, e as fotos foram feitas também por outro amigo, um repórter aqui na cidade (nota do redator: a banda é de Presidente Prudente).

Som Extremo: Você define o som da Cauterization como brazilian blackened death metal, algo que se encaixou perfeitamente ao estilo da banda. Quais as maiores influências de vocês?
Trojillo Jr.: Na realidade escutamos bandas de variados estilos. Eu tenho meus gostos pessoais, e a Maysa e o Well têm os deles, mas as bandas que mais nos “inspiram”, posso citar aqui: VITAL REMAINS, DISSECTION, AZARATH, BELPHEGOR, HEADHUNTER DC,  e várias outras.

Som Extremo: Vocês estão trabalhando em um videoclipe, correto? O que pode nos adiantar sobre o produto?
Trojillo Jr.: Sim, no momento estamos finalizando a produção de um videoclipe para a música “Infernal Battlefield”, nosso som de trabalho. Todas as imagens foram feitas em um local aqui de nossa cidade e o vídeo já se encontra na fase final de edição, aguardem! Acredito que na semana que vem já estará no ar!

Som Extremo: E por falar na música “Infernal Battlefield”, parece que existe uma história interessante por trás dela, não? Você pode contar?
Trojillo Jr.: Bem, essa música foi composta pela Maysa há muito tempo, na época em que ela tocava numa outra banda, chamada SARCOMA. Era uma banda de Death Metal composta apenas por mulheres, e na época não chegaram a gravar nenhum registro oficial. Assim, esta música ficou “guardada” até agora rsrs. E foi a primeira com a qual começamos a ensaiar. Como se trata de um som bem rápido e direto, nós a escolhemos como o “carro-chefe” para a divulgação.

Som Extremo: Como você citou aí em cima, a Cauterization conta com uma mulher (Maysa Rodrigues) nos vocais e guitarra, um grande diferencial para a banda. Isso ajudou vocês, ou não fez nenhuma diferença? É melhor trabalhar com o sexo oposto? (Risos)
Trojillo Jr.: Creio que o fato de termos a Maysa como nosso “front-man” (ou “woman” rsrs) normalmente traz pelo menos um tipo de curiosidade, porque ninguém imagina uma mulher tocando e cantando death/Black metal. Então nesse ponto posso dizer que até ajuda sim. No caso de trabalhar com ela, já tive experiência com minha outra banda, e digo sem medo que ela é a pessoa mais competente com que já tive o prazer de tocar (não desmerecendo os outros com os quais toquei). E com a entrada do Well, o time se fechou perfeitamente.



Som Extremo: E além do vindouro clipe, quais os outros planos futuros da Cauterization?
Trojillo Jr.: No momento estamos com alguns shows marcados e também compondo novas musicas para nosso primeiro full-length.

Som Extremo: E como é a cena underground em Presidente Prudente? Que mais tem/tinha aí, além de vocês, do Subcut e a falecida Industrial Noise?
Trojillo Jr.: Presidente Prudente já foi uma cidade muito forte no cenário metálico nos anos 80, mas infelizmente depois da década de 90 não houve uma continuidade em termos de bandas, pessoas, eventos, etc. Entretanto estamos vendo uma certa movimentação nesse sentido atualmente, com o surgimento de sites, alguns eventos e algumas pessoas realmente interessadas em fazer algo relevante.

Som Extremo: Valeu, Trojillo Jr.! Agora o espaço é seu.
Trojillo Jr.: Grande amigo “X”, realmente ficamos muito gratos com todo o apoio que estamos tendo da sua parte. Continue com esse fudido suporte que está dando ao cenário Underground Brasileiro, e quanto às pessoas interessadas no CAUTERIZATION, seja para shows, materiais ou informações, entrem em contato!!! KEEP THE ETERNAL FLAME OF UNDERGROUND BURNING!!! FOREVER!!!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Murder – Let’s Fuck and Drink

Murder – Let’s Fuck and Drink
Independente – 2011 – Brasil

Uma inusitada surpresa contamina os ouvidos dos menos desavisados. De acordo com o release, a Murder tem como proposta executar um “thrash/death metal com temas como mulheres, álcool, sociedade, política, estresse e doenças”. Pronto, é exatamente isso que a banda faz, aparentemente destacando os dois primeiros temas.
E a putaria já começa no título do trabalho. Depois, você observa a capa (peguei a censurada do próprio Myspace do grupo) e contracapa da demo, e pensa se tratar de algo do nível de bandas como as Velhas Virgens. Não estou menosprezando o Velhas, que fique bem claro. Mas a capa é a cara deles.
Enfim, e já pensando que seria um som debochado e tosco, eis que me espanto ao constatar a qualidade que esse disco possui. Incrível! Os caras levam o trabalho muito a sério, e suas habilidades são realmente surpreendentes. Sim, o baterista é tão bom fiquei na dúvida se não seria na verdade uma bateria programada. Só tive certeza ao checar novamente o Myspace da Murder.
Quanto às canções em si, são muito bem acabadas e criativas, com estruturas ricas e cativantes. Estão mesmo de parabéns pela técnica.
São cinco músicas, sendo uma instrumental, que exemplificam o fato de não se dever julgar as coisas pela capa. E vira e mexe, eu cometo esse erro. No link para download aí embaixo, o material não conta com letras, mas lendo mais uma vez no Myspace o final da biografia, mais especificamente no trecho “conta com 5 faixas do mais sexualmente e alcoólicamente (sic) sujo Thrash/Death Metal ...  para estourar tímpanos de bangers bêbados sedentos por barulho”, você começa a rir à toa. Hilário!
A gravação remete às bandas do final dos anos 80 e começo dos 90, com uma sonoridade suja, mas ao mesmo tempo completamente audível. O vocal de Thiago Silva inclusive é uma mistura de Mille Petrozza (Kreator) com o da lenda Wagner Antichrist (Sarcófago).
Legal também é poder falar do profissionalismo e do bom humor (por vezes negro) desse pessoal. Apesar da arte gráfica apelativa, as redes sociais da Murder, por exemplo, são bem acabadinhas e tal. E também é interessante saber que em uma cena tão extrema e radical que é a underground, existe uma banda com uma proposta diferente assim.
Que a Murder prossiga firme e forte, e nos presenteie com outras surpresas como essa agradável demo.

NOTA 8,5

PS: Recebi novo e-mail da banda com esse outro link download que substituí o anterior, agora com as letras, ok? Além disso, o pessoal enviou um vídeo do baterista mandando porrada, mas em outra banda. Assim mesmo, vale apreciar a técnica do cara.

Crushing Axes - Ascension Of Ules

Crushing Axes - Ascension Of Ules
Independente – 2011 – Brasil

Essa é uma one-man-band criada em 2008 por um rapaz chamado Alexandre Rodrigues e... bom, mais fácil ver o release enviado: “o Crushing Axes realiza lançamentos virtuais anuais, sempre disponibilizando o trabalho completo para download. Abordando temas como a mitologia nórdica, misantropia e o lado negro/obscuro da mente e alma humana, o estilo que melhor define o Crushing Axes talvez seja o Death Metal”.
Disse bem o músico, talvez. Porque o projeto vai para todos os lados, trafega pelo death, pelo heavy, pelo ambient, pelo sinfônico, pelo thrash e outros estilos. Enfim, vai do épico ao pós-moderno, uma salada bem diversificada. Bom, no fundo, o projeto teve a proeza de fugir de rótulos.
Nas 12 músicas, divididas em três atos, há bastante contraste entre partes pesadonas e outras quase baladas acústicas, sem contar o teclado, que tem um peso enorme nas composições. Abusando tanto desse recurso, por vezes o som perde um pouco do punch.
Ainda segundo Rodrigues, “é um trabalho conceitual sobre um deus banido do além, ele passa a vagar na terra sem memória”. Uma pena o material para download não vir com letra, já que a declaração deixou certa curiosidade no ar.
A gravação não é uma maravilha, soa um pouco abafada e meio eletrônica demais, sendo que nas poucas partes velozes, o chimbau da bateria some, e as guitarras, quando distorcidas, lembram um timbre de discos dos anos 80.
Para quem quer conhecer algo ao mesmo tempo pesado, extremo, experimental e viajante, a Crushing Axes pode ser uma boa pedida. O link para download está aí embaixo.

NOTA 7,0

OBITUARY: JÁ A VENDA O DVD “PARTY SAN OPEN AIR”

OBITUARY: JÁ A VENDA O DVD “PARTY SAN OPEN AIR”

Escrito por Karina Qui, 28 de Julho de 2011 15:45
Finalmente chega a nós o primeiro DVD ao vivo dos veteranos do Death Metal, OBITUARY. Gravado no Party.San Open Air (Alemanha) em 9 de agosto de 2008, o registro contem a apresentação completa com clássicos da banda – incluído o cover da música “Dethroned Emperor” de Celtic Frost  - e material inédito como bônus , entre elas cenas de backstage e de ensaios da banda.
Começando a sua carreira como Xecutioner em 1984, OBITUARY, depois de oito álbuns e outros diversos lançamentos, permanece como uma das bandas mais influentes do Death Metal, gênero que eles inadvertidamente ajudaram a forjar.
O baixista da banda, Frank Watkins, comentou que a banda fez mais de 30 shows em festivais ao redor do mundo no ano passado, mas a apresentação no Party.San foi a melhor de OBITUARY.
Um item imprescindível para todos os fãs da banda.
Para mais informações de como adquirir uma cópia deste álbum, basta entrar em contato através do e-mail contato@shinigamirecords.com.br.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Kaapora – Kaapora (EP)

Kaapora – Kaapora (EP)
Independente – 2011 - Alemanha

Quer uma ideia do calibre dessa banda? Tem entre os membros um ex-Necrotério. Ajudou, né? Mas a Kaapora é uma banda alemã, sendo que o ex-integrante do conjunto paranaense, Evandro Maidl, lá está radicado há seis anos. E o som desse EP é diferente do de sua antiga banda, onde era baixista. Aqui, ele assume os vocais.
A Kaapora faz uma mescla de estilos, passando pelo death metal e hardcore, os mais evidentes, além também do thrash e de uma pitadinha de grind. Em outras palavras: o produto é bruto. Já na faixa de abertura – “The Second Wave of Sorrow”, o gutural de Maidl impõe muito respeito, e o instrumental capricha na execução. Daqueles sons que abrem rodas em shows.
As outras composições também empolgam, com os holofotes voltados para “Awaking the Dead”, a que mais traz toda a salada musical da Kaapora. A melhor do EP, além da citada faixa inicial.
As músicas da Kaapora não priorizam grande velocidade, concentrando-se na estrutura trabalhada das composições. Vez ou outra, o conjunto dispara nos blast beats, mas verdade seja dita, funciona melhor nas levadas mais cadenciadas, especialmente nas batidas mais hardcore.
As guitarras destilam riffs simples e pesadões, arrastados às vezes. Nada demais, só que nem por isso deixam de ser bons. O baixo acompanha tudo e dá uma boa encorpada nas músicas, enquanto a bateria trabalha também de forma simplificada, mas competente.
                O encarte que vem no download (link aí embaixo) é rústico e até um tanto primitivo, mas completo. A qualidade de gravação é suja e também preocupada com o peso das canções. Bem legal.
                Para os apreciadores da música extrema, vale a pena uma conferida nesse material para saber o que os brasileiros estão aprontando lá fora. A Kaapora demonstra sinais de que veio para ficar. Segundo seu release, o primeiro full-length vem no início do ano que vem. É esperar para ver.

NOTA 8,0

Minha banda em São Carlos

E aí, quem vai? É em São Carlos/SP.
Minha banda Prey of Chaos - www.myspace.com/preyofchaos - estará nesse show! Espero ver um de vocês por lá! Grande abraço!


terça-feira, 26 de julho de 2011

Death Toll 80k – Harsh Realities

Death Toll 80k – Harsh Realities
F.D.A. Rekodz – 2011 - Finlândia

Quando você ouvir as palavras “grindcore finlandês”, desespere-se, porque na certa ficará louco(a). Preparava-me para dormir quando dei de ouvido com esse barulho do Death Toll 80k e tive que correr para o PC digitar.
Fui surpreendido por um grind ultraviolento e muito, muito sujo, remetendo aos ótimos tempos do álbum “From Enslavement to Obliteration”, considerado por muitos (eu me incluo – é meu favorito de toda a minha coleção – vide resenha) o melhor trabalho do Napalm Death. Até o vocal lembra o do Lee Dorian!
E sai da frente que atrás vem gente! O grupo não dá um segundo de sossego e Investe em um som bem brutal mesmo! Um resgate mais do que merecido das raízes da essência do grind. O que mais chama a atenção, além do ódio estilhaçado para todos os lados em cada música, é a supracitada sujeira. De verdade, é um negócio podre (no bom sentido), primitivo mesmo, e ficou perfeito na gravação.
Aqui nenhum som pode ser destacado, porque somente com todos eles juntos, formando uma massa incandescente de decibéis, é que se sente a verdadeira avalanche sonora perturbadora. E o estrago é mais surpreendente dada a curta duração do ruído, que mal passa dos 25 minutos, divididos em 23 decomposições.
É muito insano, é desumano, é extremo, é intenso, é impressionante! Mas para não ficar repetitivo (acho que já deu para sacar a gravidade da situação, né?), a resenha ficará como a música da Death Tol 80k: muito direta, curta e grossa.
Empolgante é pouco. Esse material vai te fazer sair batendo cabeça até ela desgrudar do pescoço. Uma das maiores surpresas de 2011. Se é recomendado? É FODIDAMENTE OBRIGATÓRIO!!! E a heresia: É MELHOR DO QUE LOCK UP!!!

NOTA 9,9

segunda-feira, 25 de julho de 2011

HatefulMurder – The Wartrail

HatefulMurder – The Wartrail
Independente – 2011 – Brasil

Essa banda tem sido bastante comentada nos meios de comunicação especializados em música extrema. Tamanho barulho não é para menos, porque os caras realmente são bons no que fazem. Soltaram esse EP com quatro sons, sendo uma introdução, e rapidamente conquistaram admiradores, estando o resenhista aqui entre eles.
O pessoal executa um thrash/death poderoso, refinado e realmente irresistível. E eles têm um quê a mais. São mesmo voltados pra coisa!
A introdução “Rise Up The Hordes” é bastante interessante, e lembra algo do Vader em “Helleluyah!!! (God is Dead)” (CD “Impressions on Blood”) em sua melodia. No desenvolvimento da canção, percebe-se um bom jogo de bumbos quebrados enquanto a melodia continua a correr solta.
Na sequência, entra a faixa-título com velocidade e fúria. O vocalista Felipe Lameira contribui de maneira grandiosa para as músicas. Sua voz não é gutural, e combina com o instrumental. Aliás, a variação de ritmo desse som também agrada. O final tem um blast beat de respeito!
A terceira é “Caught By The Arms Of Death”, com uma levada arrasadora. Puta batida legal, e com um refrão excelente! Aqui, remete ao Pantera, especialmente nos riffs. Fenomenal!
E finalizando (precocemente), chega a última faixa – “Black Chapter” – também deixando ótima impressão. Uma porrada esmagadora, aliás, a mais violenta do EP. Aqui, a bateria é que rouba a cena, mérito de Thomás Martinoia.
A gravação é um espetáculo, bastante metalizada, e diferentemente do normal, o baixo tem um grande destaque nas composições. Aplausos para o talentoso Ernani Henrique. Muito bom!
                No geral, a banda é criativa e muito competente. Monta estruturas bem legais para cada canção. O material é muito profissional, com uma arte gráfica caprichadíssima, e letras acompanhando o encarte. Um show!
A Hatefullmurder soltou uma pequena obra de arte, e o melhor, disponibilizou-a para quem quiser! O link para download está aí embaixo. Que o primeiro full-length não demore!

NOTA 9,3

domingo, 24 de julho de 2011

Lock Up – Necropolis Transparent

Lock Up – Necropolis Transparent
Nuclear Blast – 2011 – Reino Unido

Depois de quase uma década, vem o tão aguardado novo trabalho de inéditas do Lock Up, talvez uma das únicas bandas do mundo que tem tanto prestígio e importância quanto o grandioso Terrorizer. Não é para menos. Para começar, o saudoso Jesse Pintado, fazia parte de ambos os conjuntos.  E ambos levam seu grindcore ao limite da brutalidade.
Em seu terceiro álbum de estúdio, esse dream team formado por Nick Barker (bateria), Shane Embury (baixo), Tomas Lindberg (vocal) e Anton Reisenegger (guitarra) mais uma vez arregaça crânios com o mais violento esporro sonoro.
São 17 músicas calcadas na pura velocidade e peso, diretas e bestiais. Os vocais de Lindberg, que também está à frente do At the Gates, é gritado e potente. Assim como em “Hate Breeds Suffering”, combinou com o espírito do grupo. Mas nesse play, ele parece muito mais raivoso. Nick Barker vive demolindo seu kit de bateria, como querendo dizer “lentidão é para os fracos!”. Shane Embury (Napalm Death), outra lenda do underground, toca velozmente seu distorcido baixo, característica do músico que, entre os inúmeros projetos, também faz parte do Brujeria. E coube ao desconhecido Anton Reisenegger a difícil tarefa de substituir Pintado, um dos mais carismáticos músicos da cena em questão. Só que cara não fez feio não! Manteve o clima dos velhos tempos do conjunto.
Como se não bastasse tanta experiência e técnica, a Lock Up conta ainda com participações especialíssimas de outros mitos da música pesada - Peter Tägtgren (Hypocrisy – ex-vocalista da própria Lock Up) e Jeff Walker (Carcass). Se alguém ainda tinha dúvidas do poderio de “Necropolis Transparent”, considere-as sanadas.
Aqui, como já era de se esperar, não há músicas que se destaquem. Todas possuem o mesmo peso e insanidade, totalizando mais de 40 minutos de terror.
Produção perfeita, capa linda, qualidade mais que garantida. A Lock Up não mudou em absolutamente nada sua forma de executar grindcore. E nisso, eles são únicos. O álbum pode ser considerado uma extensão dos discos anteriores. Uma analogia válida aqui: são os Ramones do grind. Não tenho dúvidas de que esse estará entre os mais votados de melhores de 2011. E aí, grandes selos/gravadoras nacionais, quem lançará a versão nacional do CD?

NOTA 10,0

sábado, 23 de julho de 2011

LIVRO - Apocalipse Zumbi

LIVRO - Apocalipse Zumbi - Alexandre Callari
Editora Évora/ Generale - 2011 - Brasil




Calma, não é uma resenha. AINDA. Afinal, acabei de conseguir meu livro, com um detalhe: ERA DO PRÓPRIO AUTOR, Alexandre Callari. Sim, ele me arrumou sua própria cópia da obra! YEAH!
Bom, assim que eu lê-lo (estou terminando "O Clube Mefisto"), será aqui resenhado.
Curiosidades sobre esse lançamento: é o primeiro livro de Zumbis feito por um brasileiro; juntamente com o livro, vem um CD de músicas sobre o livro compostas pelo próprio autor, que contratou uma banda para gravar as canções; foi lançado também um VÍDEO teaser/trailer com passagens do livro, e seu making of, que podem ser visualizados no http://youtube.com/zumbiapocalipse; haverá conteúdo extra no site do livro.

Para muitas outras informações sobre o livro, acesse esses sites:



SUCESSO, ALÊ!

Forka - resenha e entrevista


A banda Forka, que vem se destacando no underground com sua mistura de hardcore, thrash e death metal, concedeu recentemente uma entrevista por e-mail ao colaborador do blog Som Extremo Daniel Fernandes ( @Dannielfernan), que massacrou o baterista Rodolfo Maffei Salviato de perguntas.
Além dele, completam o conjunto Ronaldo Coelho (voz), Samuel Dias e Alan Moura (guitarras), e Ricardo Dickoff (baixo). 
Tem mais, tem mais! O senhor Daniel Fernandes, que é professor de inglês, também escreveu uma resenha do trabalho mais recente do pessoal – “Enough” - na língua do Tio Sam. Mas não se preocupem, porque há também a versão em português do texto.
Para finalizar, tem três vídeos (dois clipes e uma entrevista) com o quinteto lá embaixo. É a Forka em dose dupla. Ou tripla? Ou quádrupla? Enfim, uma overdose de Forka. Bom proveito!

Forka - Enough
Voice Music – 2010 - Brasil

À primeira vista, se você não sabe qual CD está ouvindo, dirá que é mais uma banda estrangeira tocando música pesada extrema. Algumas pessoas a compararão a bandas como Hatebreed ou até mesmo Divine Heresy. Ambas talvez sejam influências, mas sua técnica está além disso. Os caras são do Brasil e estão no seu segundo disco, o incrível “Enough”.
Nesse trabalho, você pode ouvir riffs de guitarra assassinos e bateria ultraveloz, que faz esse álbum estourar cabeças. Fãs de hardcore tradicional e de death metal devem dar uma checada nesse disco.
NOTA 10,0

ENGLISH VERSION BY DANIEL FERNANDES
At the first sight, if you don´t realize which cd are you listening up, you will say that they are another foreign band playing extreme heavy music. Some people will compare the band with Hatebreed or even Divine Heresy. Those are maybe some of their influences, but their technique is beyond that. The guys are from Brazil. This awesome band started playing in São Paulo in 2002. But, only, at the end of 2005, they released their first album “Feel your suicide”, mixing hardcore with Thrash/death metal. In 2010, they released the second album “Enough”. On this album, you can listen killer guitar riffs and the ultra speed drums that makes this album mind-blowing. Both traditional hardcore and death metal fans should check out this album.

E depois de conhecer um pouco sobre o CD, chega a hora da entrevista! YEAH!

Som Extremo: Olá, Rodolfo! Tudo beleza? Conte-nos um pouco da história da Forka.
Rodolfo Silviato: E aí, galera! Por aqui, tudo numa boa e por aí? Vamos lá... O Forka começou igual a qualquer banda de moleque de bairro, buscando integrantes e tentando fazer um som. Isso aconteceu em 2002, quando o Alan e Samuel deram o primeiro passo. Rolaram alguns shows pela região. Em 2005, com o lançamento do "Feel Your Suicide", a banda subiu mais alguns degraus, e teve um reconhecimento maior. Mas em 2010, com o lançamento do "Enough", deu para sentir que a banda está no caminho certo mesmo.

Som Extremo: Nos álbuns "Feel Your Suicide” e "Enough”, a banda demonstra bastante técnica e brutalidade. O que a Forka tem ouvindo, que inspira tanto o conjunto?
 Silviato: Cara... cada um tem um gosto na banda, cada um ouve uma coisa. Mas acho que o que temos em comum, e deve ser comum para qualquer um que curte som pesado: Pantera, Slayer e Sepultura.

Som Extremo: Alguma previsão de lançamento de um novo CD?
Silviato: Estamos torcendo para que seja em 2012. Se o mundo não acabar antes... (risos)

Som Extremo: Certa vez li uma resenha que comparou o som de vocês ao do Divine Heresy (projeto do Dino Cazares). O que você pensa a respeito?
Silviato: É uma puta honra pra gente ser comparado com uns caras desse nível.

Som Extremo: Quais os planos para esse ano de 2011? Alguma turnê nacional ou até internacional?
Silviato: Nesse ano decidimos focar nos novos sons, e por conta disso, estamos fazendo poucos shows. Se não me engano, só tem agendado um show em Manaus para Agosto desse ano.


Som Extremo: Fazer música já é difícil, ainda mais metal extremo. Como a banda faz pra lidar com isso? Vocês têm empregos normais ou é 100% a banda?
Silviato: Realmente é foda. Cada um tem seu trabalho fora da música.

Som Extremo: No Brasil tem muito paga pau de banda gringa que não valoriza ou prestigia o som extremo nacional. Você concorda com isso?
 Silviato: Cara, acho que é natural o pessoal gostar do que sempre foi referência. Mas temos algumas bandas do mesmo nível ou superiores no Brasil e que mereciam um reconhecimento maior. Parece que esse cenário está melhorando. Vamos torcer...

Som Extremo: Na minha opinião, vocês têm qualidade para estar no casting de artistas de gravadoras grandes, tipo Century Media. O que falta para bandas com a qualidade da Forka conseguirem isso? Não sei se podemos citar o exemplo do Krisiun, que conseguiu esse grande feito. O que pensa sobre isso?
Silviato: Obrigado. Eu acho que o tempo vai dizer se a gente deve ou não estar no casting. Estamos fazendo o que achamos certo, do nosso jeito, e até agora está legal. Lógico que o apoio de grandes empresas ajudaria muito. Mas vamos levando. O Krisiun é realmente uma puta referência.

 Som Extremo: Por favor rodolfo me faz um top 5 de cds que vc ta ouvindo muito ultimamente ou um top 5 da banda para eu postar no site
Silviato: Top 5 – Rodolfo:
-          Pantera - Far Beyond Driven
-          Devildriver - Beast
-          Methods of Mayhem - A Public Disservice Announcement
-          Sixx:A.M - This Is Gonna Hurt
-          Slayer - God Hate Us All
 
Som Extremo: Gostaria de agradecer a entrevista e desejar sucesso pra banda.
Silviato: Valeu! Estamos aí. Quebra tudo, Blog SOM EXTREMO!

Para encerrar bem esse especial Forka, os três vídeos prometidos: dois clipes e uma entrevista com os caras, quando tocaram no Araraquara Rock 2010. Nesse vídeo tem mais um clipe! Boa diversão!



sexta-feira, 22 de julho de 2011

SHINIGAMI RECORDS LANÇA ÁLBUM DE ESTRÉIA DA BANDA

SHINIGAMI RECORDS LANÇA ÁLBUM DE ESTRÉIA DA BANDA

Desde a sua fundação, SHINIGAMI RECORDS se propôs não só colocar no mercado brasileiro trabalhos de bandas de renome internacional, senão também apoiar às bandas nacionais.
O primeiro passo foi o lançamento de “Terrorism Alive” da conceituada banda brasileira DORSAL ATLÂNTICA, e agora é a vez da banda mineira SACRIFICED, com o seu álbum de estréia intitulado “The Path Of Reflections”.
Utilizando várias vertentes do estilo Heavy Metal como um todo, o grupo vem aos poucos conquistando seu espaço no cenário Underground de Minas Gerais e busca agora levar aos ouvintes de todo o país um Metal inovador e com muita paixão pelo seu ideal.
Formada em meados de 2004, SACRIFICED – que conta com Kell Hell (vocal), Diego Oliveira (guitarra), Vítor Almeida (guitarra), Bruno Bavose (baixo) e Thales Piassi (bateria) – entrega no seu primeiro álbum oficial melodia, peso e poderosos vocais na medida certa.
“The Path Of Reflections” tras 10 faixas cuidadosamente finalizadas, riffs vigorosos e canções autênticas. Um prato cheio para fãs de Heavy Metal Tradicional e Prog Metal.
Para mais informações sobre este lançamento, e outros da Shinigami Records, segue-nos nas redes sociais Twitter, Facebook e Orkut ou acessa nossa página web www.shinigamirecords.com.br
 
 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

DVD Dimmu Borgir – The Invaliable Darkness

DVD Dimmu Borgir – The Invaliable Darkness
Laser Company – 2008 – Noruega


Caramba, que material impressionante esse daqui, lançado no Brasil pela Laser Company (http://www.lasercompanymusicstore.com.br/), empresa que há 20 anos lida com o rock e suas vertentes de maneira excepcional!
Um DVD duplo acompanhado de um CD de uma das bandas que mais conquistou espaço no cenário black metal nos últimos anos, a Dimmu Borgir. O primeiro disco conta com apresentações da turnê “The Invaliable Darkness” em três países europeus, além de cenas dos bastidores e um material especial interativo que, curiosamente, está com o texto em português. Yeah!
O segundo vem com um show realizado no Wacken Open Air 2007, que, obrigação de todos saberem, é o maior e mais respeitado festival de metal do planeta. E o CD traz uma gravação chamada “P3 Sessions”, realizada no NRK Studio 19, em sua terra natal, a Noruega.
Comecemos pela arte do box de papelão mega caprichado que envolve os três discos: IMPECÁVEL! A ilustração da capa, logicamente lindíssima (que cores e detalhes!), é reproduzida na caixinha dos discos propriamente dita, de modo que, se você abri-la de costas, perceberá que se estende por sua capa e contracapa.
Como se não bastasse tanta beleza, está incluído também no pacote um senhor livreto luxuoso, coberto de informações técnicas, letras de música e fotos maravilhosas (não há nenhuma do baterista na ocasião, o mago Tony Laureano). Resumindo: a caixa deixou ótima primeira impressão, e olha só falei do material impresso até aqui. Vejamos se os vídeos honram tudo isso.

DVD 1
Pois bem, analisando o primeiro DVD, já vem outro sinal de qualidade: um menu animado muito elegante que merece ser apreciado. Depois da expectativa, hora do “play”.
O primeiro show ocorre em solo norueguês. O palco, mesmo pequeno, está lindo, e o jogo de luzes é excepcional. O grupo é visualmente belo com seus trajes obscuros, e dá mais força ao aspecto teatral e performático dos integrantes. Entretanto, apesar do pessoal agitar no palco, faltou mais “interpretação”, como fazem em seus videoclipes.
Agora, para quem está mais ligado na execução das músicas, podem ficar sossegados, porque a experiência da Dimmu Borgir se reflete na perfeição e qualidade com que apresentam cada composição, características típicas do sexteto.
Quanto ao aspecto estético, em diversos trechos, as imagens aparecem com um filtro bonito, que remete a antigos televisores, um contraste bastante interessante com a modernidade do grupo. A edição é tradicional, com cortes secos e só. Aqui, talvez tenha faltado uma certa ousadia em sair do comum, mas é outro detalhe perdoável.
Já a qualidade do som é boa, mas não excepcional. Impressão minha ou a caixa da bateria ficou alta demais? Ou seriam também as guitarras que ficaram muito baixas? Assistam e opinem.
Como já dito, a banda não parece estar dando 100% de si no palco, mas vale dizer que o baixista ICS Vortex manda muito bem, e é interessante notar as cordas de seu instrumento, que parecem estar bastante soltas. Dá a impressão de que elas arrebentarão a qualquer momento.
Finalizando essa primeira parte, deixo um protesto: as câmeras praticamente não filmaram Laureano espancando sua batera nos momentos mais extremos, os blast beats. Ô, produção, como deixaram isso passar?
                Ok, concentração agora no segundo show, acontecido na Alemanha. Opa, aqui a coisa melhora, já que as imagens são ainda melhores e o som, mais equilibrado. Uma pena essa apresentação não ter tantas músicas quanto no show da Noruega.
E o terceiro show é na Inglaterra, mas apresenta somente duas canções. A qualidade de vídeo e de som se mantém em relação à apresentação da Alemanha. Ótimo! Aqui, o palco é mais largo, e os membros da banda parecem estar mais empolgados do que no início do disco. Na humilde opinião deste redator, esses dois são os melhores shows do pacotão.
Se logo acima reclamei a falta de imagens do baterista esmerilhando, agora elogio a sacada que o pessoal responsável pela produção do DVD teve ao selecionar músicas que não se repetissem nos três shows. Parabéns!
                Agora, a vez dos extras. As cenas dos bastidores são legaizinhas e legendadas. Documentam momentos curiosos do conjunto, piadas e brincadeiras do seu cotidiano. Mas durante os mais de 50 minutos de imagem, uma moldura acompanha o vídeo, que tem seu tamanho na tela reduzido. Seria isso realmente necessário? Quantas questões deixo no ar, não?

DVD 2
Novamente destaco o menu interativo maravilhoso do disco. E já partindo para o Wacken, informo que também tem ótimas imagens e também edição tradicional. O som está muito bom, mas novamente com a caixa alta demais.
Falando no som, outro fato que gera pequeno incômodo é que, em um festival de tamanha grandiosidade como é o Wacken, faltou mais barulho do público. Não estou falando da vibração, porque isso eles tiveram, mas sim do volume baixo da platéia que a edição deixou. Bem, um desconto, já que, em se tratando de Dimmu Borgir, a prioridade é a excelência na qualidade instrumental. Mas que faz falta, faz.
E outra: faltou mais agitação dos músicos aqui também. Estão como lá no show da Noruega. Posso estar sendo crítico demais, só que, como telespectador, é essa a impressão que estão passando.
Uma das características do Dimmu Borgir que sempre me incomodou são os teclados que se sobressaem às guitarras, e nesse evento, isso parece mais evidente do que nunca. É claro que respeito a proposta do conjunto, que a carrega desde o início da carreira, mas custava só abaixar um pouco o volume do instrumento?
Tudo bem, calma que isso não tira de maneira alguma o brilho da apresentação, podem relaxar. Aliás, destaques para as músicas do bis – "Mourning Palace" e "The Fallen Arises" - muito bem recebidas pelo público. Saldo positido por aqui!
                Nos extras desse DVD estão galeria de fotos e de vídeos. Na primeira, são mais de nove minutos (caso tenha optado por assistir em slideshow) de fotos interessantes da banda na estrada. Quanto aos belos clipes, não há muito o que dizer. Afinal, eles mantêm a qualidade Dimmu Borgir, sinônimo de boa produção.
Outro material bônus é o registro audiovisual de três músicas da gravação do chamado “P3 Sessions” – "The Serpentine Offering", "Spellbound (By the Devil)" e "Mourning Palace". E mais uma vez, a iluminação é um espetáculo. Seu tom esverdeado deu um efeito lindíssimo na imagem. Agora vejam vocês, o som nessa gravação está mais equilibrado (mas não melhor) em relação ao volume dos instrumentos, se comparado às apresentações anteriores. Uma pena durarem apenas pouco mais de 15 minutos.
Esse segundo disco também está de parabéns, mesmo com os probleminhas aqui relatados.

CD
E já que foi falado no “P3 Sessions”, é hora de falar do CD que acompanha o pacote. De cara, fica a pergunta: por que não colocaram o show na íntegra no DVD, do jeito que está aqui na gravação de áudio? Três músicas filmadas foi muito pouco! Eu sei, melhor não reclamar, pois antes um registro audiovisual do evento do que nada.
Bem, e por ser um álbum ao vivo, ele não mantém o altíssimo nível das produções dos trabalhos de estúdio da Dimmu Borgir, mas nem por isso decepciona. Pelo contrário, é outro bom disco da banda, que mostra como se faz uma carnificina refinada.
Por fim, o material todo é um puta registro de uma das maiores bandas de black metal do planeta. Esse box é item obrigatório na coleção de fãs do gênero. O que mais posso dizer? Dimmu Borgir, uma banda cujo estilo atípico de fazer black metal fez uma tremenda escola. E eles continuam no topo! Confiram o trailer aí embaixo.

NOTA 8,0