O primeiro petardo da banda carioca Orrör foi gravado apenas por Pelizzetti (ex-Bodhum). Denominado “Monstro Brasilis”, o EP contou com a produção de Perazzo (Enterro) e a co-produção do próprio Pelizzetti. Agora, realmente como uma banda, além de seu mentor, que cuida das baquetas, o grupo se consolidou com Affönso (Vocais) Zëck (Guitarra/Vocais) e Rönim (Baixo), e segue mandando bala em seu Grindcore cheio de influências de Hardcore e letras de cunho social. Confira abaixo, uma entrevista com Pelizzetti, que falou sobre o disco, a nova formação e sua visão de tudo que a envolve, além de uma surpresinha bem agradável aos leitores no final.
Conte-nos como foi formado o Orrör e por que se deu o fim da banda Bodhum?
Pelizzetti: Primeiramente obrigado pela oportunidade, sempre é uma honra falar sobre o ORRÖR e a cena underground carioca. Eu saí do Bodhum após o EP "Extremo", cada integrante tinha uma visão diferente quanto ao futuro da banda e naquele momento achei melhor sair do time, o Bodhum não acabou, esta hibernando, o Ronim (Fundador e baixista do ORRÖR) tem alguns planos para 2013. Na época eu tinha bastante musica na gaveta, resolvi entrar em estúdio e gravar todos os instrumentos do projeto, a medida que o "monstro" foi tomando forma, naturalmente foi surgindo o ORRÖR; a ideia inicial era lançar um EP simples, mas a repercussão foi maior do que esperávamos e agora estamos aí.
Como foi o processo de composição de “Monstro Brasilis”? Havia alguma faixa que era de sua antiga banda?
P: Eu compus tudo na guitarra e fiquei ensaiando a batera sozinho, sem guia; durante 2 meses. Depois desse período, me senti seguro e entrei em estúdio gravando todo instrumental, compus as letras e toda parte vocal depois. Algumas das músicas seriam tocadas pelo Bodhum, Letargia e Dengue inclusive, foram gravadas anteriormente para o novo EP da banda que acabou não saindo. Como eram minhas composições, resolvi aproveitá-las e regravá-las. Todas as outras tracks foram compostas exclusivamente pro “Monstro Brasilis”, eu tinha muita música na gaveta, mas o processo seletivo das faixas foi basicamente composto e lapidado em 2 meses.
Por que você disponibilizou “Monstro Brasilis” primeiramente virtual e para a imprensa e somente depois o trabalho físico e com uma produção mais lapidada?
P: A ideia era fazer uma campanha de divulgação bem legal e dar uma previa pra galera antes de sair o material, havia também a intenção de fisgar algum selo ou label com o preview do “Monstro Brasilis”, para posteriormente tentar um lançamento físico, a ideia acabou dando certo.
Qual o significado do título do EP?
P: Significado bem abstrato, mas o título representa o câncer do nosso país, o vírus "Monstrus Brasilis" que habita em nossos governantes, a "doença" que os faz roubar, usurpar e humilhar, a corrupção que corre em suas veias.
Como tem sido a repercussão do álbum tanto na crítica quanto por parte do público?
P: Tem sido extraordinária, tanto pela mídia especializada quanto pelo público as resenhas sempre falando muito bem do álbum e o feedback do público nos shows também é bem legal. Após o lançamento oficial do CD não conseguimos descansar, bastante shows e atividades, o Grind não pode parar.
Muitas vezes bandas de Grindcore não se preocupam tanto com a produção sonora de seus trabalhos. Com vocês é diferente, afinal a produção do EP é muito boa, o que prova que barulho também pode soar com boa qualidade. Fale-nos um pouco sobre isso.
P: Isso também vai de cada um, mas eu particularmente não consigo fazer um som mal gravado, por mais que seja barulhento, a intenção desde o início foi apresentar um trabalho bem nítido e lapidado. Também tem o fato de se trabalhar com a fera do Fernando Perazzo (Enterro), assim fica impossível fazer um trabalho de produção inferior, a estrutura do Hanoi Estudio é muito boa, de patamar gringo.
Como se deu a ideia de utilizar vinhetas com algumas verdadeiras pérolas citadas pelo saudoso Alborghetti (Luiz Carlos Alborghetti, jornalista policial falecido em 2009 que criou vários jargões, dentre eles o “Cadeia nele”)?
P: Eu procurei bastante vinheta pro "Monstro Brasilis" e o que mais se encaixou foi as do Alborghetti, as letras e os temas giravam muito em cima da sua visão política intolerante, acabou sendo um casamento perfeito, há textos também do Prestes, outro excelente comentarista político.
Por que Perazzo não faz mais parte do Orrör?
P: O Perazzo nunca foi um músico do ORRÖR, todos os instrumentos foram gravados por mim. Fomos um duo apenas na produção do “Monstro Brasilis”. De certa forma sem ele nada disso seria possível. Se depender de nós, trabalharemos com ele pra sempre, um dos melhores profissionais do Rio de Janeiro.
Sendo único integrante da banda como são as apresentações ao vivo? Por que não contar com mais integrantes? Mesmo em estúdio?
P: Hoje a banda consiste em: Affönso (Vocais) Zëck (Guitarra/Vocais) Rönim (Baixo) e Pellizzetti (Bateria). Já estamos juntos a mais de 6 meses e essa é a formação original do ORRÖR desde o primeiro show. No inicio como o ORRÖR era uma one man band, não haviam mais integrantes, com a repercussão de lançamento do CD e shows, esse time foi se formando e hoje estamos ai com essa formação, eles são tão parte do ORRÖR quanto eu.
Aliás, como está os shows?
P: Estamos com bastantes datas! Em média são 3 shows por mês, está bem foda! O trabalho esta apenas começando, somos uma banda nova, mas a cena aqui no Rio é muito forte e a galera acolheu a banda de primeira, graças a Carnificina Records e ao apoio da cena carioca. Hoje podemos mostrar nosso trabalho pelo Brasil.
O Grindcore é um gênero extremo da música underground, muitas vezes incompreendido. Fale-nos um pouco sobre isso e como você vê a cena Grindcore no Brasil?
P: Olha cara, agente ta em um pais aonde tem muita banda foda: Expurgo, Hutt, D.E.R., Facada, Lastima, Deus Castiga, Pós Sismo. Tem banda boa de Grind em tudo que é buraco desse Brasil. Por ser um gênero extremamente anti comercial, as coisas ficam mais difíceis, mas especificamente aqui no Rio, o underground é bem forte, se comparado a outros estados. Acho impressionante o que a galera daqui consegue fazer, de juntar, Thrash, Grind, Death, Hardcore, botar tudo em uma gig só e fazer show foda toda semana! E a galera vai mesmo, comparece, se respeita e faz acontecer, não se tem apoio de ninguém, não se tem incentivo, mas se tem seriedade e força de vontade e isso faz a diferença.
Em algumas resenhas, O ORRöR é citado como "Grindcore Old School", o que vocês acham disso?
P: Nossa escola vem muito mais da interseção Hardcore/Grind, enquanto outras bandas de Grindcore se influenciam mais pelo Death Metal, eu não sei... Se você me perguntar qual o melhor disco do Napalm Death eu vou dizer até morrer que é o “Scum” (1987). Essa é uma questão de opinião, enquanto uns preferem ouvir o “Utopia Banished” (N.E.: outro disco do Napalm Death de 1992) eu já tiraria da vitrola e botaria um Lärm, Assück ou Extreme Noise Terror (risos). Essa é a minha escola, Eu não me preocupo em si com o gênero Grindcore, na verdade pra mim é tudo Rock n Roll.
Gostaria que deixasse uma mensagem aos leitores.
P: Agradecer a todos pela oportunidade! Pra quem não conhece o trabalho do ORRÖR é só entrar no Myspace ou Reverbnation da banda, Nosso CD está em promoção no Carnificina Records, só mencionar essa entrevista no pedido pra ganhas 15% de desconto! Um salve a todos os camisas pretas desse pais e vida longa a música e a anti música, Rock, Metal, Grind, Death. Somos todos rockeiros malucos.
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