Torqverem – Vber Crvciatvs
Eternal Hatred Records – 2012 – Brasil
Após uma longa introdução quase silenciosa “para dar clima”, o grupo inicia uma batida marcial com “Opvs Infernii”, que aumenta a intensidade e se torna o mais típico, puro e real Black Metal ‘old school’. Tudo bem, nem é tão puro assim: há leves toques Doom também.
Os arranjos são simples, mas empolgantes. As variações são legaizinhas e deixam o trabalho interessante de se ouvir. Não é, portanto, ultraveloz (somente em um ou outro trechinho, bem pouco) e mesmo assim, é um belo murro na cara. Ouçam, por exemplo, “Vmbra Lotvs”, “Malebolgeam” ou “Vana Est Ira Inops Viribvs” para constatarem a agressividade dessa banda.
Essa potência é posta a prova por quase setenta minutos, compostos por onze faixas literalmente “from hell”.
Interessante que o baterista Janvs Necrokramer, quando toca em algumas partes mais aceleradas, utiliza os dois bumbos, ao contrário da batida “tradicional”. Isso gera um efeito mais pesado nas músicas.
Já os vocais de Vrus Arcannus Necrovisceral, que também cuida da guitarra, passam uma sensação de agonia de forma convincente e tornam a audição ainda mais gostosa. Acreditem, esse cara é muito bom! Tenho pena das cordas vocais do coitado, que tira forças ocultas sabe-se lá de onde para aguentar berrar dessa maneira.
E fiel à proposta da velha escola, a gravação é daquelas bem sujas, com um toque charmoso, como era a produção das bandas do início dos anos noventa.
Opa, e não há como não citar a beleza desse lançamento em formato digipack. A Eternal Hatred Records tem caprichado nesse quesito, impressionante! E o logotipo do grupo, que segue o padrão inteligível do estilo, é bastante simpático (sem ironias).
Aliás, é por meio do encarte que se descobre que as vociferações estão em português! É isso mesmo, Metal negro na nossa língua (e uma pequena parte em latim e outros idiomas). Tá aí um diferencial do conjunto (uma dupla, para ser mais exato). Se bem que nem acompanhando as letras é possível compreender o que Necrovisceral está “comentando” nas canções.
Outro fato curioso: o play tem três momentos de “descanso” bem equilibrados. Em outras palavras, existe a já citada intro “I Immortalis Lvcifer”, a faixa quase acústica e profunda “II Ishtar”, posicionada praticamente na metade do disco e, fechando o trabalho, uns ruídos, gritos e gemidos em “IV Noctvrna Nebvla”. Qual será o significado disso? Começo, meio e fim do quê?
Esse é do tipo de disco que os headbangers fãs do gênero têm que se juntar em lugares obscuros para ouvir esse trabalho. Mas daqueles fãs ‘true’ mesmo, já que o negócio aqui não é brincadeira. NÃO recomendado para quem espera por aquelas modernidades que inundaram a cena, como teclados, vocais limpos e melódicos, coros e outros elementos.
NOTA 8,0
Nenhum comentário:
Postar um comentário