sábado, 26 de outubro de 2013

Grog – Scooping the Cranial Insides

Grog – Scooping the Cranial Insides
Murder Records – 2011 – Portugal



Ainda recuperando o fôlego e já tomando relaxante muscular pro pescoço após bater cabeça, não dá pra dizer outra coisa, se não “ESPETACULAR”! É isso que pode definir este disco dos lusitanos da Grog! A mistura do Grindcore com o Death Metal poucas vezes foi tão competente e empolgante, com uma altíssima dose de técnica.
Não é exagero não! O barulho aqui é bem extremo, mas muito, muito bem executado. E a boa produção do material só acrescentou qualidade a ele.
Caminhando para as canções em si – todas elas excelentes -, a faixa “Anal Core” (que título fofo, né?), em determinado, conta com o vocal cheio de ira, de Sofia Silva. O negócio começa com ela simulando orgasmos, mas depois, grita de forma espantosa! Os agudos remeteram até mesmo ao antigo Intestinal Disgorge! Participação curta, mas grandiosa, na “fala” “you bastard,/wreck my vault/sperm my bowels/for god’s sake!”!
Já “Sicko” chama a atenção por sua introdução, que vai num crescendo, mas assemelhando-se a uma introdução de um trailer de filme de terror/documentário, do tipo ‘vou contar aqui uma história escabrosa’. Ao acompanhar a letra, que “relata” um acontecimento macabro quase de forma jornalística, dá para imaginar o clima de como seria essa “película”. Fantástico!
Outra pra rir: “10 Cummandments”. Pegou o trocadilho? E logicamente é mais uma belíssima faixa do play – aliás, a única cadenciada aqui!
Agora, o baterista Rolando Barros é um caso sério a ser estudado: o cara é uma máquina de ‘blast beats’ e, como se não bastasse, ainda abusa da criatividade na hora de massacrar seu kit! É isso mesmo, boa parte da diversão do disco está em suas mãos. Tanto é que, quando acaba uma música, você automaticamente é instigado a pensar ‘o que ele vai aprontar na próxima?’. São detalhes em suas batidas que se destacam e um dos fatores que tornam a audição tão prazerosa.
Mas calma, que além do baterista, existe um “eructador” fantástico chamado Pedro Pedra. Seu vocal faz o tipo ininteligível, e é assim é que é bom! Vem das profundezas o gutural, incrível! Há dificuldade até em acompanhar as letras do livreto.
Não nos esqueçamos também dos competentíssimos guitarrista Ivo Martins e baixista Alexandre Ribeiro: o primeiro queima as cordas com riffs velozes, criativos e mortais. Um melhor que o outro, impressionante! E segurando o peso lá atrás, o timbre metalizado e agressivo das quatro cordas de Ribeiro.
Vale mencionar as ilustrações do encarte, que abusam do humor negro e divertem.  Falando nisso, o que são essas letras doentias e bizarramente hilárias? Julgue pelo título: “Sphincterized (Materialized in Shit)”. Confesso, gargalhei com o conteúdo. Essa é só uma. É bom salientar que existem outras doze nesse nível!
Atenção, que no final da última faixa, a mencionada “10 Cummandments”, tem uma outra escondida! Na verdade, mais ou menos, como já entrega o encarte: “Faixa escondida (mas não muito). Já disse!//”. O nome é “Eskeletos de Kona”, cantada em português. Destoa do restantes das composições, mas mantém a qualidade.
“Scooping the Cranial Insides” não é uma aula de brutalidade, mas uma universidade inteira! Eis o exemplo perfeito de que, às vezes, a destruição, o caos, a violência, a desgraça e outros substantivos semelhantes são muito bem-vindos.

PS: No vinil, há duas faixas a mais – “Barbie doll fuck em all” e “Decrepit pussies cabaret”.

Nota 10,0
grogpt@gmail.com

Comentário bem pessoal: conheci o grupo, de fato, recentemente, e o álbum já teve a petulância de entrar pra minha lista dos 10 favoritos. Sem dúvidas é, na opinião aqui do humilde redator, uma das melhores surpresas do underground mundial dos últimos tempos.


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