Grog – Scooping the Cranial Insides
Murder Records – 2011 – Portugal
Ainda
recuperando o fôlego e já tomando relaxante muscular pro pescoço após bater
cabeça, não dá pra dizer outra coisa, se não “ESPETACULAR”! É isso que pode
definir este disco dos lusitanos da Grog! A mistura do Grindcore com o Death
Metal poucas vezes foi tão competente e empolgante, com uma altíssima dose de
técnica.
Não é exagero
não! O barulho aqui é bem extremo, mas muito, muito bem executado. E a boa
produção do material só acrescentou qualidade a ele.
Caminhando para
as canções em si – todas elas excelentes -, a faixa “Anal Core” (que título
fofo, né?), em determinado, conta com o vocal cheio de ira, de Sofia Silva. O
negócio começa com ela simulando orgasmos, mas depois, grita de forma
espantosa! Os agudos remeteram até mesmo ao antigo Intestinal Disgorge! Participação
curta, mas grandiosa, na “fala” “you bastard,/wreck my vault/sperm my
bowels/for god’s sake!”!
Já “Sicko”
chama a atenção por sua introdução, que vai num crescendo, mas assemelhando-se
a uma introdução de um trailer de filme de terror/documentário, do tipo ‘vou
contar aqui uma história escabrosa’. Ao acompanhar a letra, que “relata” um
acontecimento macabro quase de forma jornalística, dá para imaginar o clima de
como seria essa “película”. Fantástico!
Outra pra rir:
“10 Cummandments”. Pegou o trocadilho? E logicamente é mais uma belíssima faixa
do play – aliás, a única cadenciada aqui!
Agora, o
baterista Rolando Barros é um caso sério a ser estudado: o cara é uma máquina
de ‘blast beats’ e, como se não bastasse, ainda abusa da criatividade na hora
de massacrar seu kit! É isso mesmo, boa parte da diversão do disco está em suas
mãos. Tanto é que, quando acaba uma música, você automaticamente é instigado a
pensar ‘o que ele vai aprontar na próxima?’. São detalhes em suas batidas que se
destacam e um dos fatores que tornam a audição tão prazerosa.
Mas calma, que
além do baterista, existe um “eructador” fantástico chamado Pedro Pedra. Seu
vocal faz o tipo ininteligível, e é assim é que é bom! Vem das profundezas o
gutural, incrível! Há dificuldade até em acompanhar as letras do livreto.
Não nos
esqueçamos também dos competentíssimos guitarrista Ivo Martins e baixista
Alexandre Ribeiro: o primeiro queima as cordas com riffs velozes, criativos e
mortais. Um melhor que o outro, impressionante! E segurando o peso lá atrás, o
timbre metalizado e agressivo das quatro cordas de Ribeiro.
Vale mencionar
as ilustrações do encarte, que abusam do humor negro e divertem. Falando nisso, o que são essas letras doentias
e bizarramente hilárias? Julgue pelo título: “Sphincterized (Materialized in
Shit)”. Confesso, gargalhei com o conteúdo. Essa é só uma. É bom salientar que
existem outras doze nesse nível!
Atenção, que
no final da última faixa, a mencionada “10 Cummandments”, tem uma outra
escondida! Na verdade, mais ou menos, como já entrega o encarte: “Faixa
escondida (mas não muito). Já disse!//”. O nome é “Eskeletos de Kona”, cantada
em português. Destoa do restantes das composições, mas mantém a qualidade.
“Scooping the
Cranial Insides” não é uma aula de brutalidade, mas uma universidade inteira! Eis
o exemplo perfeito de que, às vezes, a destruição, o caos, a violência, a
desgraça e outros substantivos semelhantes são muito bem-vindos.
PS: No vinil, há duas faixas a mais
– “Barbie doll fuck em all” e “Decrepit pussies cabaret”.
Nota 10,0
grogpt@gmail.com
Comentário bem pessoal: conheci o
grupo, de fato, recentemente, e o álbum já teve a petulância de entrar pra
minha lista dos 10 favoritos. Sem dúvidas é, na opinião aqui do humilde
redator, uma das melhores surpresas do underground mundial dos últimos tempos.
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