Logo após postar a resenha do novo trabalho da banda holandesa Cliteater – “The Great Southern Clitkill” – mandei umas perguntas para o guitarrista e pitch vocal (vocal com efeito) Ivan Cuijpers, pensando que demoraria dias, ou talvez semanas para que ele as respondesse. Para a minha grata surpresa, ao abrir o e-mail na manhã seguinte, estava lá a entrevista respondida, tudo bonitinho, prontinha para ser traduzida e publicada. Pois aqui está, fãs do bom e velho grindcore, as palavras bem humoradas do senhor Cuijpers. Além dele, fazem parte da fabulosa Cliteater Joost Silvrants (Vocal), Vedran Bartolcic (baixo), Robbie Pennings (guitarra) e Clemens Kerssies (bateria).
Som Extremo: Olá, Ivan Cuijpers, tudo certo? O que você pode nos contar sobre o mais recente álbum do Cliteater – “The Great Southern Clitkill” - aos fãs brasileiros?
Ivan Cuijpers: O álbum foi gravado em junho de 2010, durante a Copa do Mundo na África do Sul. Infelizmente não vencemos a final ahah. Essa foi a primeira vez que gravamos na Alemanha, no famoso Soundlodge Studio, por Jorg Uken. Foi uma ótima experiência. Jorg fez um grande trabalho, criando um som “brutal na sua cara”. Estamos muito felizes com o resultado final! O álbum foi lançado ao redor do mundo pelo selo alemão War Anthem Records em outubro, e tem obtido ótimas críticas. Estamos muito satisfeitos com o novo álbum.
Som Extremo: E existe uma “lei” que obriga vocês a “satirizarem” outros álbuns, como do Metallica (na verdade, é um homevídeo), do Death ou do Pantera, por exemplo? ahah
Ivan Cuijpers: Ahah Não, não há uma lei, mas agora fazemos esse tipo de coisa porque agora é parte da história (da banda). Nosso próximo split 7” se chamará “For Those about to Eat Clit, We Salute You” (Nota do Redator: o nome é uma paródia de um álbum do AC/DC). Já sabemos até o próximo título (de um futuro álbum), mas não posso dizer qual é! Ahah É segredo! ;)
Som Extremo: Você acha que a banda tem o reconhecimento que merece?
Ivan Cuijpers: Não sei, estou ocupado fazendo meu trabalho, escrevendo músicas e tocando sempre que possível.
Som Extremo: O vocalista Joost Silvrants também canta no Inhume. É difícil para vocês (e obviamente para ele) trabalhar com as duas bandas? Como funciona a agenda de shows?
Ivan Cuijpers: Isso não é problema. Viemos da mesma área e ensaiamos no mesmo lugar. Temos a agenda maio tranqüila, e quando dá, ele pode tocar com as duas bandas no mesmo evento.
Som Extremo: Como é o processo de composição de letras e da parte instrumental da Cliteater?
Ivan Cuijpers: Nós apenas fazemos umas jams no local de ensaio e quando alguns riffs soam legais, criamos uma música, gravamos e mandamos uma demo para Joost. Então, ele cria as letras e BOOM, uma nova música do Cliteater nasce. Às vezes escrevemos 3 ou 4 músicas em 2 horas!
Som Extremo: Atualmente a Holanda conta com ótimas bandas extremas. Como é a cena por aí? Que bandas destacaria?
Ivan Cuijpers: A Holanda tem grandes bandas de death metal, thrash metal, grindcore, etc. Minha banda favorita é nova, chamada Dictated. Dê uma conferida no www.myspace.com/dictatedmusic .
Som Extremo: A pergunta que não quer calar: quando a Cliteater virá ao Brasil?
Ivan Cuijpers: Iremos se conseguirmos alguma oferta, fácil assim! Ahah Esperamos poder tocar aí um dia, ouvi várias grandes histórias de bandas que já tocaram aí!!!
Som Extremo: Muito obrigado pela entrevista, Ivan. Por favor, deixe uma mensagem para os fãs brasileiros.
Ivan Cuijpers: Saudações, Brasil! Espero que tenham curtido esta entrevista. Fiquem à vontade para darem uma olhada em nosso novo website: www.cliteater.net . Permaneçam fiéis ao clitóris (N. do R.: Cliteater significa “comedor de clitóris”), e esperamos tocar qualquer hora no Brasil!!!
Abaixo o clipe da música "Cock & Love" que, embora não seja do último trabalho, dá uma boa noção do que é a Cliteater:
Eis a mais recente violência sonora dos comedores de clitóris (tradução livre do nome da banda), ainda pouco conhecida no país. Porrada!!! É um Grindcore com “G” maiúsculo, visceral e muito brutal o executado aqui.
E quem conhece os outros trabalhos sabe que os caras têm um humor e tanto. Vejam os nomes dos álbuns anteriores e tirem suas conclusões. Nesse, o “homenageado” da vez é o Pantera. E a farra não ficou só no nome do CD não! Na música-título, mais uma boa e engraçada supresa: os caras coverizam a “The Great Southern Trendkill”, numa versão ainda mais pesada e veloz. Muito boa!
Outros destaques imediatos são “Now I Lay Me Down To Cheat” e “F.F. (Fuckin faggot)”, que começam de uma tal maneira que o ouvinte se assusta com a violência dessas músicas. Em “Positiv Aspects Of Collective Chaos (Part IV)” temos um pouco (pouco mesmo) de melodia misturada ao blast beat infernal da bateria (excelente por sinal), intercalado por vociferações inusitadas. E há um interessante “instrumental” no final da música. Ah, se o som tivesse cheiro, aconselharia máscaras de gás enquanto ouvissem esse trecho.
Já a levada de “Fred Shipman (A Sick Man)”, não tão veloz, é um convite para se debater insanamente pelo quarto. O mesmo efeito é causado pela penúltima faixa - “Knoxville Horror Mutilations” – com um baixo maravilhoso dando um toque mais podre ao som.
Um fato interessante é que entre os componentes, temos o vocalista Joost Silvrants, que também atua no magnífico Inhume, e já chegou a passar pelo grande Sinister. O cara vomita as letras de uma maneira que você se pergunta como ele consegue atingir aquele “timbre”. A potência da garganta do cara é sem dúvida um dos principais elementos que deixa “The Great Southern Clitkill” ainda mais extremo.
No geral, as músicas têm várias mudanças de ritmo, e quebradas que agradam bastante. Mas calma, fãs de sons rápidos: o álbum é em sua essência movido pela alta velocidade.
Para completar, a gravação é ótima, algo que já se tornou comum em bandas tão sujas e extremas como a Cliteater. Como exemplo, ouça os riffs-machadadas lentos e densos de “I Hypochondriac”.
E não me canso de falar do peso disso aqui. As afinações graves só ajudam. Enfim, quase 33 minutos de puro grind bem feito. Mais uma banda que merece estar entre as melhores do planeta no estilo. E claro, para quem curte podridão, já tem sua lição de casa: ouvir toda a discografia desses holandeses.
Estreando o post de entrevistas, (re)apresento a banda Evil Emperor, tradicional banda de brutal death metal do Rio Grande do Sul, com quase uma década de existência. Há poucos dias, foi postada uma resenha referente ao split com a também gaúcha banda Corrosivo, lançado em 2009(http://somextremo.blogspot.com/2011/04/evil-emperor-corrosivo-execution-split.html).
E quem gentilmente respondeu às perguntas foi o baterista André Rodrigues, contando um pouco da história da Evil Emperor, o método de composição da banda, o próximo lançamento do grupo, e outros assuntos da cena underground nacional e mundial. Além dele, fazem parte do conjunto os guitarristas Eduardo Fallavena e Rikardo Schroeder, o baixista Rodrigo "Lamazuus" Linn e o vocalista Rodrigo Volkweis.
Som Extremo: Conte-nos um breve histórico da Evil Emperor.
André Rodrigues: A Banda foi fundada em agosto de 2002, com Paulo Fallavena nos vocais, Bruno e Eduardo Fallavena nas guitarras e Gustavo Danni na bateria. Essa formação durou até 2005 e teve algumas mudanças de baixistas. Durante 3 anos foram feitos muitos shows no Rio Grande do Sul e Uruguai.
Participamos da coletânia uruguaia "Evil Circle Collection" e lançamos a demo “The Evil Birth”, em 2004. Porém, no ano seguinte, a banda ficou com a formação incompleta, e somente em 2006 retornou forte com André Rodrigues assumindo a bateria e Rodrigo Lamazuus Linn, o baixo, juntamente com os membros originais - Paulo, Bruno e Eduardo.
Com essa formação, o quinteto lançou a segunda demo, “Butcher of Souls”, bastante aclamada no Brasil e no exterior. Em 2007, a Evil Emperor tornou-se um Power Trio devido às saídas de Paulo e Bruno.
Muitos shows foram executados e em 2009, foi lançado o Split “Execution” em parceria com a banda Corrosivo. Finalmente em 2010 foram iniciadas as gravações do nosso primeiro debut álbum, mas sentimos falta de mais uma guitarra e outro vocalista para dar mais peso e brutalidade ao nosso som. Então convidamos Rikardo Schroeder para a segunda guitarra e Rodrigo Volkweis para assumir os vocais, compondo a atual formação da Evil Emperor.
Som Extremo: E como é o processo de composição das músicas e das letras?
André: Geralmente alguém chega com uma base e daí, vamos trabalhando em cima. Eu crio a batera e vamos lapidando o som até chegar a um resultado satisfatório. Depois do instrumental pronto, é feita a letra.
Som Extremo: O nome da banda, assim como seu logotipo, remetem muito ao estilo black metal. É essa a intenção?
André: Na verdade não. No início, a banda tinha características mais black/death metal, mas com o tempo, o estilo death tornou-se muito mais marcante em nosso som. Entretanto o logo é antigo, e talvez por isso remeta tanto ao black, mesmo a banda não sendo!
Som Extremo: Vocês vêm do sul do Brasil, conhecido como um verdadeiro celeiro de ótimas bandas death metal. Como anda hoje a cena musical extrema por aí? Que bandas destacaria?
André: Cara, anda muito boa, temos muitas bandas, muitas mesmo, e todas são muito profissionais. O que realmente falta aqui é espaço para tocar. São poucos locais que abrem suas portas e possuem um equipamento adequado para uma boa apresentação. Existem muitas bandas para destacar, mas vou citar algumas: Corrosivo, Decimator, The Ordher (R.I.P.), Rotten Penetration, Morterix e Natural Chaos!
A atual formação da Evil Emperor
Som Extremo: Uma pergunta para se pensar: quais as diferenças entre o death metal nacional e o gringo, na sua opinião?
André: Na minha opinião, não existe diferença. Antigamente até tinha, mas era mais no quesito gravação mesmo, pois era difícil achar um estúdio bom e um produtor que entendia de som extremo. Daí complicava gravar som brutal com um cara que entendia de pop ou reggae! Mas na qualidade musical não existe, as bandas do Brasil são muito preocupadas tanto com o som como com a parte gráfica. O metal feito aqui é um verdadeiro tapa na orelha!
Som Extremo: E quais os planos futuros da Evil Emperor? Vocês estão para lançar um álbum ainda este ano, certo? Fale um pouco sobre isso.
André: Nossos planos incluem o lançamento do nosso primeiro debut álbum em julho pelo selo Rotten Foetus, além de fazer muitos shows para divulgar este material e terminar a negociação de uma possível turnê pela Europa. Temos muito trabalho pela frente e isso é muito empolgante! Neste momento estamos mixando o álbum. Aguardem, que vai valer a pena!
Som Extremo: O blog Som Extremo agradece a entrevista, André. Agora o espaço é seu.
André: Cara, muito obrigado pelo espaço. A cena underground precisa muito de espaços como o que você esta nos dando, porque sem divulgação, pessoas apoiando e dando espaço, a banda não vai a lugar nenhum!
O pessoal que quiser acompanhar as novidades da Evil Emperor pode acessar os links abaixo:
2010 foi um grande ano para o Ratos de Porão: lançaram o formidável documentário “Guidable – A Verdadeira História do Ratos de Porão”, o DVD “Ao vivo no Circo Voador” e esse fabuloso split com a Looking for an Answer, banda excepcional, diga-se de passagem, em Vinil e em CD.
E todos os sons da maior banda de hardcore/crossover brasileira aqui nesse trabalho estão inspiradíssimos. As músicas da RDP estão mais velozes do que nunca, numa porradaria sem tamanho, em um dos mais agressivos lançamentos da banda. O Ratos já fez maravilhosos trabalhos anteriormente, mas com esse split, parece que deram uma renovada na violência, tornando o disco ainda mais empolgante. Talvez esse sim deveria se chamar “Cada Dia Mais Sujo e Agressivo”. Destaque para o peso da guitarra de Jão e para Boka, que mais uma vez mostrou porque é um dos melhores bateristas do Brasil.
Do outro lado da bolacha, quando a Looking for an Answer começa a tocar, sai da frente. Entra em cena um grindcore esporrento, violentíssimo, muito sujo e pesado, daqueles bem primitivos. Sem exagero, é impressionante a podridão sonora que a LFAA expele nas suas 8 faixas do split. Não há muito o que dizer. O conjunto é daqueles que toca o estilo da maneira mais pura e feroz. E o melhor: com muita qualidade.
E ambas as bandas apresentam qualidade de gravação excepcional, sujas na medida certa. Das 6 faixas executadas pelo RDP, 3 são inéditas. Quanto às restantes, registraram em estúdio as músicas “Guerrear” e “Políticos em Nome do Povo”, antes gravadas somente no álbum ao vivo de 1992. Já a última é um cover do LFAA (ambas as bandas fazem cover uma da outra). O Ratos escolheu “La Matanza”, que ficou sanguinolenta, embora a versão original seja mais extrema. Já o Looking for an Answer fez uma versão espetacular de “Paranóia Nuclear” (o vocal fez uma bela embromation, mas se o próprio Gordo também faz…), com direito a um trechinho de “AIDS, Pop, Repressão” no final.
O split, um dos melhores lançamentos de 2010, é uma festa, uma celebração da música extrema mundial. Para quem quer levar uma bela marretada.
E para fechar o domingão com boas notícias, fui convidado para ser um colaborador oficial do Whiplash! Aeeeeeeeeeeee!
Vamos que vamos! Gostaria de agradecer de coração a cada um que acessou e acessa este blog. Abraços para vocês!
Dessa vez, a resenha estreante de um filme. Perturbador, tenso e principalmente, como está escrito em todas as outras críticas à obra, claustrofóbico. Imagine o desafio de fazer um filme que se passa TODO em um caixão, e mais nada. Sim. E para deixar isso atraente ao espectador, sem soar cansativo, já imaginou isso também? Pois “Enterrado Vivo” consegue tal feito, deixando sem ar quem o assiste.
O resumão da história é o seguinte: um caminhoneiro acorda dentro de uma caixa de madeira sem saber como foi parar lá. Passa o tempo todo tentando sobreviver, utilizando para isso um celular. Pronto, é isso. Simples e complexo. Pois a força da história está, como não poderia deixar de ser, nos diálogos telefônicos entre Paul Conroy (Ryan Reynolds), o enterrado, e seu chefe, sua família, o responsável por seu resgate e outras pessoas que causarão surpresas. É através das conversas que o espectador se situa. E a excelente interpretação de Reynolds dá muita veracidade à trama.
A coisa consegue piorar a cada momento, como se ficar preso em um cubículo já não fosse o suficiente. As situações vão gerando mais desconforto. Como se consegue piorar algo que já está angustiante? Assista ao filme. Cada chamada do celular que o personagem demora a atender, ou quando ele liga e espera (parece interminável) alguém responder causa enorme agonia.
Agora, é preciso avisar: quem for assistir deve abstrair alguns momentos um pouco forçados (tudo bem, o fato de ele estar enterrado e se comunicando em um celular já é meio forçado), além de certos furos no roteiro.
E para finalizar, há um nome bastante intrigante, dito em dois momentos do filme. Embora vital para o desfecho da obra, é um nome comum e aparentemente sem importância, mas deixou grande dúvida porque após os créditos finais, ele reaparece em uma curta cena. Esse talvez seja o maior mistério da obra. Qual será seu significado?
“Enterrado Vivo” divide opiniões. Enquanto alguns o adoram, outros o abominam. De qualquer forma, uma coisa é unânime: pode se preparar para muita indignação, pois o filme irá deixá-lo(a) inquieto(a).
Outra excelente banda nacional que poderia ser tranquilamente taxada como uma referência mundial no quesito som extremo, a The Ordher veio para se consagrar com esse “Kill the Betrayers”, que sucede o também grandioso “Weaponize”, de 2007. Hoje, os Estados Unidos não são mais a única referência em se tratando de death metal. O Brasil já está em alta há algum tempo, embalado pelo Krisiun, que levou esse estilo musical – aqui no país com características próprias - para além de qualquer barreira. E sai da frente que lá vem o The Ordher!
A coisa já começa infernal em “Progeny”, com uma introdução violenta de bateria que emenda o mais brutal death metal técnico. Também, difícil seria não ter qualidade um trabalho cujos integrantes outrora fizeram parte do Nephast ou do Rebaelliun.
Na segunda faixa, a cadenciada "Whipped, Crowned and Dead",mostra o quanto esses caras são técnicos. Desde o riff hipnótico, à própria estrutura da música, ela chama a atenção. Não deixa de ser violenta, mesmo em baixa velocidade. Confiram o videoclipe no final da resenha.
Qualquer outra música do disco será difícil de se destacar, já que todas são muito boas. Até em “At One With Darkness”, uma “pausa” entre uma e outra brutalidade, tem seu mérito pela técnica e pelo clima denso gerado na audição. No geral, a alternância de velocidade, o grandes riffs de Fabiano Penna e as ótimas estruturas das músicas tornam o trabalho ainda mais magistral, longe de ser repetitivo e muito menos cansativo. Simplesmente intenso.
O encarte, como já deveria se esperar, é belíssimo, com a capa lembrando levemente alguns trabalhos do Vader. Não é para menos, já que foi feito por Marcelo HVC, artista que já trabalhou com os poloneses.
E também a seu favor está a ótima gravação, que deixa os instrumentais pesadíssimos, com destaque para o timbre dos bumbos fenomenais de Cássio Canto. E só para constar, escute a última música, “Earth Burns”, para conferir a velocidade que o cara atinge nos pedais.
Depois de todas as coisas boas, encerro com uma ruim: lamentavelmente a banda anunciou seu fim há poucos dias, o que, confesso, me levou a resenhar esse trabalho como uma espécie de homenagem ao conjunto. Deixa uma lacuna difícil de ser preenchida no metal nacional.
Mais uma maldade da Black Hole Productions. Logo de cara, o que chama atenção é o encarte do CD, com uma arte fantástica, uma capa muitíssimo bem trabalhada, enfim, um encarte bem caprichado e profissional. Já deixou uma ótima impressão inicial.
E ao dar play no disco, ela continua em alta. Os mineiros arrebentam com um excelente grindcore que consegue ser ao mesmo tempo tradicional e novo, trabalhado. Bebem nas melhores fontes – Brutal Truth, Nasum, Terrorizer e Napalm Death, entre outras - para dar uma noção desse pesadelo aqui. Destilam 29 pedradas em quase 40 minutos. Uma tarefa difícil inclusive é destacar uma ou outra música. São todas infernais.
Quanto aos músicos, todos estão acima da média, valendo citar os vocais alternados de Egon e Philipe, que também é guitarrista.
As letras da Expurgo são aquelas típicas do estilo: protestos contra injustiças político-sociais, mas com uma leve puxada para o gore (confira “Purging the Phlegm”). Quase todas são cantadas em inglês. As exceções são “Sofrer em Paz”, “Não (part I)” e “Não (Part II)”, em português, sendo essas duas últimas limitadas ao próprio título, mostrando que a banda também tem seu lado bem humorado, assim como “Regurfecontovoremintoegues”. Aliás, essa é um mistério. Que língua seria?
A gravação também é excepcional, permitindo ao ouvinte distinguir claramente todos os instrumentos. E o mais interessante é que esse som cristalino é paradoxalmente sujo e pesado, criando um clima perfeito para o tipo de música que esses caras fazem. O único senão ocorre quando a bateria está no blast beat: a caixa praticamente some na audição. Mas é um detalhe que não chega a comprometer o trabalho da Expurgo.
Esses caras acertaram a mão em “Burial Ground”, o full-lenght de estréia. Estou para dizer que são uma promessa do grind nacional. E em breve, uma entrevista com esse pessoal!
Eis um split-CD de grandes talentos de nossa terrinha. E vindas do Rio Grande do sul, então, já é sinônimo de brutalidade. Apresento as bandas Evil Emperor e Corrosivo.
A primeira banda já abre a podreira com um belo soco na cara – a música cantada em português “Maldição”. Ao menos é o que se deduz pelo título, já que infelizmente não tive acesso às letras do trabalho. Quanto aos outros títulos, deduz-se serem calcadas em nojeiras em geral, para a alegria dos adoradores de putrefações.
O vocal curiosamente é bem rasgado, como os de bandas black metal, mas se alterna com potentes guturais, que particularmente funcionam melhor nas músicas. Mas no geral, a mistura ficou bem interessante!
E não se deixe enganar pelo nome e logotipo da banda. A Evil Emperor executa um encorpado brutal death metal com claras influências de Cannibal Corpse e Krisiun. As músicas alternam partes ultra-velozes e cadenciadas, que acabam gerando um bom equilíbrio no resultado final das composições. Fazem um som sem soar maçante, apesar de bastante tradicional.
A gravação está acima da média, outro ponto positivo para o conjunto.
Já a banda Corrosivo aposta num thrash com pitadas death bastante comum, a não ser pelo fato de ser todo cantado em português. Não espere grande velocidade nas 4 músicas do conjunto.
O vocalista/baixista Tiago Steiner se sobressai entre os outros integrantes, com uma voz poderosa, que lembra muito o timbre do Marcus D’Angelo(Claustrofobia). Sua voz é bastante inteligível, surpreendente!
Destaque para o delicioso andamento de “Agonizando”, que parece ter sido feito para bater cabeça mesmo.
Por outro lado, a qualidade da gravação é um pouco inferior à da Evil Emperor, em especial na música “Predador”, que destoa ainda mais do resto do material.
No final das contas, a Corrosivo peca um pouco por uma certa falta de criatividade em suas composições. Entretanto, para fãs de um thrash/death bem tradicionalzão, soa bem agradável.
A capa do split é caprichada, e ambos os logotipos das bandas são muito bonitos.
A Evil Emperor lança mais um disco esse ano, mas você confere mais detalhes na entrevista com os caras aqui no blog, em breve! Abaixo, devidamente autorizado, vai o link para download do split:
Gostaria de agradecer imensamente so senhor Eduardo Furlan por ter me auxiliado nessa tarefa (sou muito leigo para essas coisas!) de conseguir colocar essa maravilha no blog. O cara teve muuuuuuuuuuuita paciência comigo para eu conseguir colocar a rádio e o contador! ahahah
Grande Furlan, valeu mesmo pelo apoio!
Só um toque: caso não estejam conseguindo ouvir a rádio, é porque talvez vocês não tenham o plugin do Windows Media Player necessário. Estou investigando isso, e assim que eu descobrir mais detalhes, posto no blog! eheh Agora, se alguém souber e puder ajudar com isso, agradeço de coração!
É isso, agora, o blog está até com cara de importante! ahahahah Valeu mais uma vez, Furlan, você é o cara! Abraço!
Meus amigos, nem sei por onde começar. Ontem recebi talvez o e-mail mais estranho da minha vida. Um cara chamado Jonas Crisântemo (ao menos é como se apresentou), dizendo ser crítico de arte, me mandou um material absurdo para se ouvir. Mas calma, deixa eu falar dos humanos envolvidos, depois falo do som.
Pois então, esse Jonas supostamente entrevistou outro ser mais esquisito ainda, chamado “Sir Warrior Emperor Farthead III” (Senhor Guerreiro Imperador Cabeça de Peido III), líder de uma banda (?) chamada Rotten Defecation of Christ, assim como enviou também o link para fazer o download do material, com direito a encarte completo com letras e tudo. Está disponível lááááááááááááá embaixo, no final dessa loucura toda. Tem somente cerca de 5Mb. E diga-se de passagem, a capa do trabalho, de muito mau gosto, mas extraordinariamente criativa e bem feita, foi criada pelo conceituado Marcos Miller, responsável por grandes trabalhos gráficos da banda Mental Horror, entre outras. Espantoso.
Não bastasse isso, o Sr. Crisântemo também se deu ao trabalho de comentar faixa a faixa do álbum – 40 no total (!!!) - chamado “True Brown Metal”, título este estendido ao tipo de som que esse pessoal faz. É isso mesmo, os caras criaram um rótulo absurdo para a música. Pense comigo: Brown metal (metal marrom). O que poderia significar? Sim... é a primeira nojeira que você pensou, caro leitor. O Brown metal inventado pela Rotten Defecation of Christ galga-se em músicas (????) que só falam de fezes e nojeiras afins. Impressionante. Quase indescritível.
Mas não é só isso, nãããããão! Ao escutar esse treco, fiquei chocado. Tente imaginar o seguinte: um “vocalista” (o próprio Farthead) LITERALMENTE arrotando letras bem nojentas em cima das (de)composições. Aliás, difícil chamar isso de música. Onde já se viu um instrumental que dure 2 ou 3 segundos em média? Tudo bem, existem a “You Suffer...”, do Napalm Death, ou a “Collateral Damage” do Brutal Truth, mas são exceções dessas bandas, e tal.
Aqui, no caso, TODAS as músicas seguem esse padrão. Um arroto e um instrumental noise curtíssimo, uma porradaça! Tudo se resume a isso. A gravação é uma tosquice, mas não totalmente ruim. Esse Brown metal executado pela RDC certamente é uma das coisas mais estranhas que tive o (des)prazer de ouvir. Esse absurdo não dura nem 4’30’’! E pior, esse doido do Crisântemo ainda dá uma sugestão no mínimo hilária: tentar ler suas resenhas das 40 “músicas” enquanto as escuta.
Mas o material é tão doentio, e esse Jonas Crisântemo é tão alucinado, que não poderia deixar de postar isso aqui. Conheçam um novo tipo de música. Deleitem-se. Assustem-se. Vomitem-se. E por favor, comentem sobre esse álbum, eu realmente gostaria de saber o que pensam dessa tranqueira.
Abaixo, toda a insanidade escrita por Jonas. É longa, mas garantirá boas gargalhadas aos fãs de metal. De certo modo, pode-se dizer que a RDC faz um dos sons mais extremos do mundo, à sua maneira. Não estou exagerando. Boa sorte. Tente sobreviver.
Eat shit, eat shit everybody die! – ou, o True Brown Metal brasileiro por excelência
por Jonas Crisântemo
Dizer que a música é uma arte menor não é uma grande novidade. Mas se estou aqui hoje para falar sobre este peculiar formato não-visual, é porque tenho bons motivos. Todos sabem que a música, enquanto arte, nada mais é do que uma muleta, um anteparo que torna a fruição audiovisual mais tolerável às pequenas mentes. Ela é, portanto, uma sub-área do cinema, este sim, a grande Arte da Humanidade. Existem, porém, momentos em que a música é capaz de existir por si só, de gerar movimento, de transformar, de quebrar paradigmas e, assim, ter o direito de ser ouvida. Por isso estou aqui, para espalhar o verdadeiro True Brown Metal, a música em sua forma pura.
Não vou falar muito sobre o gênero, pois o leitor bem informado deste sítio virtual já deve ter lido o Manifesto Brown Metal em alguma galeria de arte norueguesa ou então em alguma corrente de email (correio eletrônico) por aí - se não leu, entre no sítio da banda Rotten Defecation of Christ e não perca mais tempo. O que vou fazer é comentar, faixa a faixa, cada uma das pequenas obras de arte do primeiro full lenght album da RDC.
Mas antes eu gostaria de compartilhar com você, caro leitor, uma entrevista que fiz com o gênio incompreendido, vocalista, baixista, letrista, baterista e revolucionário, Sir Warrior Emperor Farthead III. Tive o prazer de encontrá-lo num banheiro público da Bósnia em meados de 2005, quando a banda, queridinha do momento pelos grandes intelectuais, fazia sua primeira turnê para fora desta nossa terra brasilis. Atentem às entrelinhas, é onde jaz toda a poesia!
O Guerreiro Imperador sentado em seu trono
Prof. Dr. Jonas Crisântemo – Farthead, o que o levou a criar a Rotten Defecation of Christ?
Sir Warrior Emperor Farthead III – Nada. Foi como um peido inesperado que vira merda. Quando me dei conta, a cagada já estava feita.
J. Cris – E o que o influenciou a criar uma sonoridade tão transgressora?
FartheadIII – Os restos da minha janta depois de serem processados pelo meu intestino.
J. Cris – Mas que bandas você ouvia quando criou esse álbum tão sintomático dos novos tempos?
Farthead III – Nenhuma.
J. Cris – Como foi o processo de criação? Quer dizer, a influência do concretismo niilista glauberiano é clara em suas músicas, vocês tiveram contato com a obra vanguardística de Jota Gatti?
Farthead III – Não.
J. Cris – Mas e o processo criativo, você...
Farthead III – Eu já disse, foi como um peido inesperado que vira merda.
A presença de palco sempre foi considerada um dos pontos fortes da banda
J. Cris – Pois bem, me diga então, por quê “Senhor Guerreiro Imperador Cabeça de Peido Terceiro”?
Farthead III – Por quê o quê?
J. Cris – Seu nome, por que seu nome é...
Farthead III – Esse não é meu nome.
J. Cris – Sim, mas se formos pensar na língua pátria...
Farthead III – Esse não é meu nome!
J. Cris – Certo. Fale um pouco sobre a cena musical independente de hoje. Você acha que...
Farthead III – É uma merda.
J. Cris – Mas há...
Farthead III – É uma merda!
J. Cris – Que outras bandas Sir Emperor Farthead III ouve e recomenda a seus fãs?
Farthead III – Eu quero mais é que eles se caguem.
J. Cris – E o que você recomenda que eles escutem enquanto expelem seus restos alimentares?
Farthead III – Eu ouço muito Restart enquanto cago. É bastante saudável.
“Eu ouço muito Restart enquanto cago. É bastante saudável”
J. Cris – Muito bem, agradeço esta agradável conversa que tivemos e lhe digo que estou muito ansioso para ver seu próximo concerto.
Farthead III – Vá à merda!
J. Cris – Abraços pastosos! (risos)
Farthead III – Vá à merda, porra!
Depois desta aula de arte contemporânea, só nos resta deixar um gênio de lado, para outro aparecer. Assim, falarei agora, conforme prometido, sobre cada uma das belas faixas de True Brown Metal, disco lançado em 2005 pela Rotten Defecation of Christ.
A obra-prima em questão
01 - Coprophagy
Esta música, assim como a seguinte, foi decomposta (como a própria banda gosta de chamar seu método de composição) ainda em 2004 para o EP debut da RDC. Mas sua letra direta e pungente já traz impregnada toda a filosofia do Brown Metal. Urra Farthead III: “Eat shit / Eat shit / Everybody die!”. É o colapso do sistema, é o fim do mundo. Chega de pau e pedra: o fim do caminho é mais embaixo.
02 - Shit is pouring down my throat
A peça termina (termina?) com uma reverberação sem fim, a morte ecoa repetida à exaustão (a última frase cantada é “and die”). É uma das músicas mais longas deste álbum, com intermináveis cinco segundos de puro horror grotesco.
03 - Pure shit
Pure shit é uma ode à música, uma declaração de amor sincera e comovente. Começa com um acorde dissonante em baixo acústico e termina com gritantes microfonias pós-modernas. Percorre-se o arco da música contemporânea em sua totalidade em apenas quatro segundos.
04 – Golgotha
Como toda boa banda de gêneros escuros (seja Brown, seja Black) tem que contestar a existência de um deus, com a RDC não poderia ser diferente. Mas a Rotten vai além de escrever um hino anti-religião: eles narram, epicamente, a criação de um ser excrementado, o bíblico Golgotha. Acompanhe a narrativa:
“Excremation by Judas
Being impaled
On the cross
Die!”
Detalhe do full lenght
05 - Crucifiction W.C.
Se nas quatro primeiras músicas a banda demonstrava todo um vigor novo e uma vontade de criar a partir do nada, nesta quinta peça musical impera, com o perdão do trocadilho, o tradicionalismo. Crucification W.C. tem influências clássicas do thrash oitentista sem nenhuma grande inovação. Não se pode acertar o tempo todo, não é mesmo?
06 - The browny shit never flushes
Quem nunca se viu lutando contra o problema narrado aqui? Você vai ao banheiro após comer aquela bela feijoada na casa da sogra e, quando vai mandar o serviço embora, a maldita insiste em ficar no vaso. É uma canção bem humorada que conta as mazelas de um pobre defecador atormentado pelo cocô que nunca vai embora. Em duas palavras: “Bitch! / Die!”
07 - Defecation of christ
Como não podia deixar de ser, a música que leva o nome da banda é uma das peças mais trabalhadas de todo o disco. Obscura e brutal, com riffs certeiros, solos bem encaixados e um vocal gravíssimo, essa música não decepciona os fãs tradicionais, que esperam velocidade e brutalidade, e nem essa garotada mais nova, acostumada com bandas coloridas e som mais trabalhado. Se fosse lançada por um selo maior, certamente atingiria o Top 10 da MTV tupiniquim.
08 – Flush (instrumental)
Em quase dois segundos de puro massacre sonoro, a RDC mostra que também há poesia nos sons. Quando se executa uma peça musical desta forma, as palavras tornam-se acessórios desnecessários.
09 - Die-area
Aqui Farthead expressa suas crenças na medicina alternativa: “Diarrhea / Liquid shit / What a benefit!”. Vale o destaque para a bela rima entre shit e benefit, assim como para o joguete de palavras entre Die-area (zona da morte) e diarrhea (cocô mole). Fica claro, por estas associações, que apenas o benefício da medicina alternativa pode salvar o homem sua própria extinção. Fartie prega, claramente, contra a modernização e seus terríveis males. Esta é a verdadeira filosofia do Brown Metal!
Die-area ou diarrhea?
10 - The farting
“Out of the dephts / Of the ass / The beginning of the end”.Esta música é, sonoramente, uma explosão hormonal. E não poderia deixar de ser, visto que conta, metaforicamente, sobre o fim do mundo. Se viemos de uma grande explosão, por que não poderíamos desaparecer por culpa de outra?
11 - Pope`s ass
Pope’s ass é a continuação direta de The farting. Se na canção anterior sabíamos que o mundo viria a terminar, agora sabemos quem irá dar cabo de nossas vidas. Simplesmente brutal.
12 – A bad moment
Transgressão é o que define A bad moment (maus bocados). Se o Brown Metal é violento em sua essência, esta canção é sua antítese. Existem arroubos de brutalidade, claro, mas eles pairam sobre a calmaria das microfonias. Para entender esta obra é preciso também entender de literatura. A letra faz alusão direta à pedra de Drummond (“In the middle of the way /A shit / A shit / In the middle of the way / Everybody die”), mas Farthead, em seu delírio pós-moderno, vai além: o conteúdo pode ser a pedra, mas sua merda do meio do caminho tem a forma dos brados e urros dos cururus de Manuel Bandeira.
13 - Christ was right
Um som simples e certeiro. Uma crítica a Cristo aqui e um riff bacaninha de guitarra ali. E vamos pra próxima.
14 - Walking piece of shit
Outro som épico. É uma narrativa falada com duas intervenções sonoras inacreditáveis. Velocidade e peso.
15 - A love song
Esta canção de amor é, na verdade, um triste lamento. Guitarra, baixo e bateria são pensados tão minuciosamente que parecem nunca se encontrar, como duas almas que vagueiam solitárias pelo mundo, na esperança vã de enganarem o destino final.
16 - Brown sodomization
Bradava Godard: “não há forma revolucionária sem conteúdo revolucionário!”. E esta música é prova viva dessa filosofia. A sodomia marrom é a sodomia sonora.
Godard
17 - Another day in the sewer
Uma singela homenagem aos ídolos da infância, aqueles que primeiro viveram entre os dejetos da humanidade.
“Leo, Mike, Don, Raph And a stupid giant rat Living in a shit hole Bastard ninjas”
18 - Inphernal destruction of phoezes
Mais um excerto clássico de Brown Metal: rápido, sujo e fedido.
19 - Can`t stop the shit from coming down
Depois de uma breve introdução de bateria, a canção chega ao auge com seu fim. Dois segundos de agonia e um pouco de história da física moderna de Newton.
20 - Defecation party
Se não conhecêssemos a história da banda poderíamos dizer que esta música foi feita para tocar nas rádios. Ela começa com um ritmo jovem e descolado, mas que é logo sufocado por guitarras barulhentas. Não, a RDC não é feita para as rádios. Não é feita para mim, muito menos para você. A festa deles fede mais do que qualquer rádio.
Membro da RDC é fatalmente ferido por cocô atirado por fãs
21 - Shit... in your mouth
O riff que encerra esta peça musical soa como um grande alerta aos ouvintes. É mais uma destas canções-protesto contra os males do progresso. Está na hora de criarmos um mundo sustentável, antes que a festa da defecação prevaleça
“Open up
Swallow down
Defecate again
Start it over”
22 - Shit happens
Uma canção sobre a inevitabilidade das coisas. Se a merda está feita, o que fazer? Comê-la até a morrer? Será que esta é a solução?
23 - Sweet shit of mine
Esta dispensa comentários. É uma grande homenagem aos ídolos do Gun’n’Roses, uma clara influência na trajetória da RDC. Vale a pena ouvir a releitura que eles fazem. E fica a pergunta: o discípulo supera o mestre?
24 - Shit in pants
Na mesma onda de homenagens, aqui a RDC presta reverências à carequinha Britney Spears. A releitura da canção é tão bela quanto o visual da diva.
“Oops
I did it again
Not fast enough
Too late”
O Imperador ao lado dos ídolos Britney e Axl
25 - It hurts when i defecate
A vigésima quinta música do álbum é também a terceira do debut de 2004. Vale a pena ouvi-la com um pouco mais de calma e perceber a evolução da banda. Esse som é extremo, sujo e mal gravado. Nada comparado à super produção a que a banda teve acesso quando gravou seu full lenght. Mas, se por um lado as guitarras se misturam ao baixo e à bateria, numa massa sonora furiosa e disforme, por outro, os vocais soam mais claros do que os dos trabalhos mais recentes. Foi escolhida como música de trabalho para divulgar a filosofia Brown Metal. Confira porquê:
26 - Shit in pants again
Se com Shit in pants a RDC homenageia a bela Britney, com Shit in pants again há a descontrução de outros ídolos. Desta vez é a banda White Stripes que tem o riff principal (que é basicamente a música toda) de Seven Nation Army completamente brownizado. Um petardo para poucos.
27 - Coprophagy part 2 - dessert
Barulho, cocô e sobremesa. Nada melhor para não deixar a coprofagia morrer.
28 - Raining Shit
Não, não tem nada a ver nem com Slayer nem com Rainning Blood. É merda caindo pra todos os lados. Ouça com fone e sinta o poder do estéreo.
29 - Toilet from hell
Não se engane pela guitarra aparentemente mal tocada. Cada nota que falha é milimetricamente pensada para isso. Nesta explosão fétida, descobrimos o segredo do Inferno:
“Satan never flushes
Satan never cleans
That`s why he stinks
Sulfur”
30 - Genesis
A canção se inicia com um clássico riff que lembra bandas de speed metal. Mas o destino tomado nos microssegundos seguintes surpreendem os poucos familiarizados com o gênero. São cinco segundos imprevisíveis de muito barulho. Ou não.
31 - Putrid smell
Uma das mais pesadas do disco. Barulhenta como deve ser.
32 - Out of paper
Mais um grande dilema existencial, marca registrada das bandas de Brown Metal. “What`s the paper for / If we have a tongue?”. Quem nunca se questionou sobre o assunto? Se a dúvida é cruel, o som é mais ainda.
Um membro qualquer da RDC autografa um pedaço de papel higiênico usado por uma fã
33 - A.S.S. (instrumental)
A segunda canção fraca do disco. Se a primeira instrumental é necessária, o mesmo não se pode dizer desta. Um segundo e meio de um barulho fraquinho, fraquinho, que não assusta nem uma senhora de 90 anos. Alguém pode me explicar o porquê desta música?
34 - Ancient shit
Esta música precisa ser ouvida com calma. São muitos elementos sobrepostos, guiados por um bumbo firme e preciso. Quando as guitarras entram, o caos se instaura. E a bela canção termina com uma citação a Louis Armstrong: “What a wonderful world”.
35 - All my life
Um arroto gutural oriundo das mais profundas cavidades intestinais. É assim que se anuncia o destino a ser cumprido: “I live for shit / Until the end / What else could I do?”. Quando desesperança impera, o que mais podemos fazer, senão viver pelo cocô?
36 - Shit in the church
Quem acha que o True Brown Metal não é capaz de rir de si mesmo é porque nunca ouviu Shit in the church. A letra pode ser engraçadinha (Behind the altar / Is a bathroom / Holy shit!), mas o som é brutal. O destaque aqui vai pro trabalho das duas guitarras, que tocam precisamente juntas e sem redundarem em tocar as mesmas notas. Um trabalho belíssimo de harmonia e velocidade.
37 - All over the years the church has raped us. Don`t listen to that shit. Eat it.
Uma introdução nervosa, quase descompassada, puxa este hino anti-clerical. Todo fã do gênero deve conhecer esta obra. Mais uma vez, forma e conteúdo andam juntos em total desarmonia sonora. É de arranhar os tímpanos dos menos preparados.
38 - Reto-anal wash up
É difícil descrever a beleza e a complexidade desta peça sonora. Há certamente muito de rap e jazz, pois o vocal é calcado no ritmo da fala e ele atravessa o andamento com uma precisão incrível. Os instrumentos entram em pontos-chave, dando um toque dramático à narrativa:
“I feel it now
Wet and warm
Deep down my ass
Now i realize
I`m born again”
Rotten Defecation em show na Bósnia
39 - Hard shit
Esta é uma das músicas mais experimentais do álbum. Certamente desagradará os fãs mais conservadores, pois a violência não é explícita. O que corrói nesta música é que você não sabe o que está por vir. Apenas os ouvintes mais abertos a novas sensações é que sentirão prazer com esta obra.
40 - ænal alæatorium
E o grande fim deste monumental disco é uma merda. Dois segundos de uma música sem sentido e desnecessária. Simplesmente decepcionante.
Belezinha?
A para finalizar, o Sr. Jonas enviou abaixo um comentário com o link de um show desses dementes. Coloquei-o aquina resenha para vizualizar mais facilmente: