Entrevista – Expurgo
Demorou um tempinho, mas aqui está a entrevista com a Expurgo, grande expoente do grindcore nacional. Eles soltaram o primeiro full-lenght “Burial Ground” em 2010, um grande álbum de estréia (ver resenha em http://somextremo.blogspot.com/2011/04/expurgo-burial-ground.html ) que já os colocou como grande promessa nacional do estilo. E quem respondeu às perguntas foi o vocalista/guitarrista Philipe, que divide as vozes com Egon. Além deles, fazem parte da banda o baterista Anderson e o baixista Bruno. Com vocês, Expurgo.
Som Extremo: Conte um pouco da história da Expurgo.
Philipe: O Expurgo começou em 2003. Egon e eu não estávamos aguentando a seca para tocar após o fim do Putrifocinctor, nossa antiga banda. Então veio nosso amigo Anderson, que saíra do Sarcasmo, e botou uma pilha enorme. Para fechar a treta, juntou-se a nós o amigo Bruno, do Jacob Method. Fizemos o primeiro ensaio ainda em 2003, e logo de cara, foi tudo muito intenso e barulhento, com baquetas quebradas, testa sangrando com microfonada, e ouvido apitando por uma semana. Perfeito. Só precisávamos de um nome. Expurgo veio quando eu estava perdido em num hospital procurando uma pessoa e me deparei com uma placa escrito “sala de expurgo”. É um local onde todos os dejetos contaminados são despejados. Pronto, não poderia haver nome melhor.
Som Extremo: Vocês soltaram esse fantástico “Burial Ground”, grande álbum de estreia. Já se sentem pressionados para lançar um material que supere este?
Phil: Obrigado pelo elogio! Nós realmente gostamos deste disco, que foi feito com muitíssimo esforço de todos. Tivemos que dar uma subida de nível pra fazê-lo, com todos tocando melhor, mais maduros e diretos na composição. Sobre superar este material, não sentimos que estamos presos a ele, ou que agora temos que fazer cada vez melhor, não. Vamos fazer o que estiver rolando em nossa cabeça e boa. Quanto à pressão das pessoas que gostam do “Burial”, eu vejo como uma coisa boa e particularmente gosto disso, é uma pressão por mais grind, que me excita!
Som Extremo: A capa de “Burial Ground” é lindíssima, parabéns. Difícil chegar a esse resultado?
Phil: Cara, a capa é muito mérito do Fernando Camacho e do Anderson L.A, que a desenhou. Nós queríamos os zumbis na cidade porque era como nos sentíamos. Fomos conversando com o Fernando e ele foi chegando nesse desenho com o Anderson. Depois de algumas idas e vindas, chegamos a ela. Os caras tiveram muita moral de fazer esta capa, e deixo aqui mais uma vez meu agradecimento a eles por isso.
Som Extremo: Como é o processo de composição das músicas e das letras?
Phil: Composição é assim: no início, cada um vai pro seu canto, quase que uma solidão, se fecha e fica pensando no barulho, até o lance começar a virar um sentimento muito verdadeiro. Na hora que isso começa a aflorar em cada um, a gente se encontra e começa a bolar as ideias. Base de guitarra, letras, encaixes, tudo isso vem depois. Primeiramente procuramos uma proposta de qual caminho seguir, depois tudo fica muito natural e o resto da composição é só uma consequência. Se não fizermos assim, não rola. Fica forçado, artificial, e o resultado é uma mentira.
Som Extremo: Entre as canções, há a "Regurfecontovoremintoegues". O que significa? Fale um pouco dessa música/letra.
Phil: Seguinte cara, esse nomezão aí era título de uma música muito antiga não terminada do Putrifocintor (nossa ex-banda), e foi até cogitado para ser um dos nomes do conjunto, antes de chegarmos a Expurgo. Coisa de moleque cansado de ouvir aquela pergunta na escola: "Oh metal, comé que chama a sua banda?", "A minha banda se chama Regurfecontovoremintoegues, e não é metal, é grindcore, sacou?", hahahaha! É uma junção de várias delícias num nome só, um lance mais bem humorado, saca? Então, para a gravação desse disco, desenterramos isso daí. É um pouco da nossa veia noise!
Som Extremo: Como anda hoje a cena musical extrema mineira? Que bandas destacariam?
Phil: Tudo uma luta, né, cara. Não é muito diferente do resto do pais. A molecada da nova geração aí parece que não está curtindo muita música extrema. Ou se escuta, fica só na Internet e não frequenta o underground. Tá ficando raro ver alguém de 16 anos em show... então é uma batalha pra fazer um gig. Conseguir lotar uma casa tem virado caso raro. Por outro lado, as pessoas que ficaram realmente gostam do underground. A cena da música extrema hoje mais do que nunca é feita de pessoas que resistem à “cultura” vigente na sociedade. Pra quem quer conhecer melhor as bandas de MG, sugiro algumas pra começar. No punk: Filhos da Desgraça; no death metal: Pathologic Noise e Divine Death; no hardcore: Severa; no metal core: Colt.45 e The Imperial Betrayer; no heavy metal: Thespian; no grindcore: Mata Borrão; no black metal: In Nomine Belialis; no gore: Compulsive Vulvolatric Intruders (CVI). Comece por aí, depois indico outras se quiser.
Som Extremo: Uma pergunta para se pensar: quais as diferenças entre o grindcore nacional e o gringo, na sua opinião?
Phil: A diferença é que o gringo é bem produzido e divulgado (até demais às vezes), e o nacional não. O grind nacional é muito bom. Desde os primórdios teve identidade própria. Hoje inclusive muitas bandas cantam em português. Aqui o som é menos experimental e modista que o gringo, o que particularmente gosto muito. Muitas vezes não rola grana pra fazer aquela gravação de primeira e a cena é pequena, mas em geral são bandas muito fiéis ao ideal e não costumam dever muita coisa pra forte cena gringa não.
Som Extremo: Quais os planos futuros da Expurgo?
Phil: Continuar nos divertindo e nos expressando com o grindcore é o único plano. Sendo assim, espere ver o Expurgo tocando em tudo o que for buraco e lançando novas bagaceiras. Um segundo disco será feito em breve, mas antes iremos gravar ainda este ano material para um split com os alemães do Intestinal Infection.
Som Extremo: O blog Som Extremo agradece a entrevista. Phil, agora o espaço é seu.
Phil: Muito obrigado pelo espaço, Christiano, e parabéns pelo trabalho com o Som Extremo. Gostaria de deixar aqui um convite para aquelas pessoas que são admiradores da música extrema, mas por alguma razão desanimaram e não frequentam o underground: cara, talvez você tenha recebido algum panfleto na rua, ou viu na Internet o anúncio de um show na sua cidade com um monte de bandas que não conhece, NUM LUGAR “BARRA PESADA”, mas sabe que é rock pesado. Irmão, deixa de frescura e desculpas esfarrapadas, e vá a esse SHOW! Brigue com sua namorada ou seus pais que não querem deixar você sair, ou deixe seu filho na casa da avó, ou peça uma grana emprestada, não importa. Para com essa choradeira, oh filho da puta, pega aquela sua blusa preta no fundo da gaveta, e vai ver que, quando vesti-la, vai surgir um sorriso ANTIGO no seu rosto. Lá no show a cerveja é gelada e barata, vai ver um monte de bandas fodas e vai para o meio do mosh, onde é o seu lugar, desgraçado!! Na volta pra casa, você vai se dar conta de que não precisa mais de terapia, e que por mais miserável que se sinta: TRUE METAL NEVER DIES, MOTHERFUKER!
Muito boa a entrevista. Vocês conseguiram acima de tudo traçar o perfil do Phil, um trü mothergucker disfarçado de son of a bitch.
ResponderExcluir\m/
grind core exporgo um som radical.rock n'roll,a rotina da garganta e o rock [winny k]
ResponderExcluir