quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Maggots/Evokers – Splattered Manifestation (split CD)

Maggots/Evokers – Splattered Manifestation (split CD)
Bloodshed Records – 2002 – Holanda/Brasil

Esse aqui vai agradar, e muito, fãs de grindcore e brutal death metal, respectivamente. Aliás, vai agradar quem gosta de um bom som extremo. Esse split (também) figura entre os mais insanos que já ouvi.
A holandesa Maggots executa um grindcore puxado para o gore com umas pitadas de death, lotado de criatividade, bons riffs, peso, velocidade, enfim, uma banda que é exemplo a ser seguido. E o mais fantástico: com uma qualidade de gravação excelente (mas um pouco baixa), suja na medida correta.
São apenas oito músicas que enchem os olhos de sangue. Luc e seus “vocais termo-nucleares”* são excepcionais. O cara tem realmente o dom de fazer grandiosos guturais e rasgados com uma facilidade poucas vezes vistas no cenário. Suas alterações de voz dão um complemento e tanto ao instrumental. E mais: o cara parece saber encaixar os berros nas estruturas das composições com perfeição.
E ele não está sozinho nessa bestialidade: Laury comanda a “radiação mutante do baixo”* com intimidade, enquanto Alex domina sua “guitarra radioativa”* com riffs simples, mas realmente ferozes, e Laup destrói a “bateria de lixo tóxico”*. Em outras palavras, o quarteto sabe o que faz, e manda ver no mais violento dos sons.
Entre as mais deliciosas, estão “Mean Green Gore Machine” (FODEROSA), “Gotta Admit, Smells Like Shit” (belo arranjo e vocal insano), “Die!!... You Slime” (um dos melhores riffs que já ouvi no grind) e “Guts for Sale” (mudanças de batidas cativantes). Um massacre atrás do outro.
E calma, que esse foi só o primeiro round. Tente sobreviver ao segundo, com a Evokers, outra banda nacional que nos enche de orgulho. O estilão do trio é um brutal death metal misturado com um splatter/gore. Resultado: ótima combinação de uma banda que entende do assunto.
O grupo apresenta somente quatro músicas no split, mas acreditem, elas deixam cicatrizes. É como acionar os explosivos de uma implosão. Guitarras audíveis, embora um pouco confusas nos riffs devido à baixíssima afinação, um baixo até que comportado para o estilo, e uma bateria movida a blast beats.
E como se não bastasse, o destaque mesmo fica para o vocal de Bruno Dias. O cara tem um dos mais brutais gogós que já escutei, e remete muito (muito mesmo) ao de Matte Way, que cantou no Disgorge americano, o melhor vocalista do universo em minha humilde opinião.
A gravação aqui tem volume mais alta do que a do Maggots, mas não é tão boa quanto a dos holandeses. Ainda sim, é um show. E Por serem poucas faixas, é difícil escolher qual ou quais as melhores. São todas fodas e ponto final!
A capa e o restante da arte não são lá tão belos, mas passam perfeitamente a mensagem de ambas as bandas. O encarte não vem com letras, o que deixa aquela curiosidade no ouvinte, principalmente ao ler títulos engraçadíssimos e doentios como as supracitadas “Gotta Admit, Smells Like Shit” e “Guts for Sale”, além de “The Horned One (Gives Great Milk)” ou “Self Disembowelment Atrocity”. Quanta imaginação!
Curiosidade pessoal: vi o show de ambas as bandas em um festival, e posso assegurar que ao vivo são seres possuídos que estão no palco. Tive oportunidade de assistir a toda apresentação da Maggots bem ao lado da bateria. Aquele sim, tenho certeza, não era humano. Ah, e detalhe: o baixista da banda não pode vir ao Brasil, e foi substituído por Bruno, da Evokers. Isso sim é união! Por fim, comprei lá mesmo esse split, e exigi uns autógrafo, claro. Shows inesquecíveis, roubei até o cartaz.
                Outro split que quase atinge a perfeição, com bandas extraordinárias que conseguem equilibrar vários elementos característicos da música extrema. Torçam para esse material ainda existir em algum catálogo, ou vocês irão se lamentar pela eternidade.

*Estes termos hilários foram tirados do próprio encarte do disco.

NOTA 9,2

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