Rotting Flesh – Submandible Linphatic Muscles
Lofty Storm Records – 1995 – Brasil
Há tempos eu queria falar desse CD aqui. Para quem não sabe, a Rotting Flesh foi um dos maiores, melhores e mais influentes conjuntos de goregrind do país. E influenciou também muita banda lá fora. Em outras palavras, sua importância para o underground é indiscutível.
A banda do interior de São Paulo manda ver na mais violenta putrefação auditiva, suja e doentia, recheada de blast beats, guitarras com baixa afinação, vocais guturais e cheios de efeito, e o baixo fazendo aquela deliciosa serra elétrica. Basicamente é o seguinte: ao apertar o “play”, você automaticamente aciona o botão de autodestrição do seu aparelho de som.
Bom, e as letras, claro, não poderiam falar de outro assunto que não fossem doenças, deformidades e tragédias em geral. Tá, isso foi chover no molhado, mas é sempre bom dar uma reforçada na ideia anormal.
O álbum já abre com uma das melhores do disco, “Suppurated Inflammation of Fecal Excretor”, muito podrona, violenta e – que raridade – com um solo! Depois da avalanche, vem a calmaria... ok, mentira, quem estou querendo enganar? Aqui só tem porrada, sem nenhum instante de sossego. Outros destaques? “Unincinerated Inner - Crematorium Furnace”, “Blood Carnage (Human Flesh Exposed)” (coverizada pela não menos fenomenal Neuro-Visceral Exhumation), “Encephalic Difuse Enema”, “Decomposition of Fetid Limbs”, “Intestinal Virulency” (riff bacana) e “Manifestation of Chronic Disease”, todos títulos bastante… patológicos e inspirados, vamos dizer.
A capa de “Submandible Linphatic Muscles”, assim como as partes de dentro e de trás da caixinha do CD trazem aquelas fotos indigestas típicas do estilo. O encarte é bastante simples, resumido às letras em fundo preto, o que talvez até seja bom. Afinal, o material aqui já choca o suficiente, né? Para que precisaria de mais agressões aos olhos?
A qualidade da gravação não é lá essas coisas, mas se considerarmos que o registro ocorreu há mais de 15 anos, então, temos um produto excelente! E o melhor: o disco traz o 7’’ EP “Infanticious Monstrosities”, de 1993, como bônus, mas com uma mixagem diferente da versão original. O resultado deixou a sonoridade próxima à das músicas que compõem “Submandible Linphatic Muscles”.
E pensar que todo esse barulho foi efetuado por apenas 2 seres vivos! É um trabalho curto, é verdade, com pouco mais de 20 minutos de duração, mas a força e o extremismo das composições valem mais do que inúmeros full lengths de bandas consagradas do underground mundial.
Quem tiver a sorte de achar esse álbum para vender, pode se considerar uma pessoa realizada. Rotting Flesh: essencial para a história do goregrind global.
NOTA 9,0
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