Falar de
Noisecore/Grindgore/Splatter sem mencionar Intestinal Disgorge seria um erro.
Os texanos são um dos maiores nomes do estilo até hoje, embora a sonoridade da
banda tenha se modificado visivelmente, sem, contudo, deixar de ser extrema.
Aproveitando o recente lançamento do mais recente trabalho, o EP “Miserable”, o
blog Som Extremo conseguiu uma entrevista exclusiva com um dos mentores do
grupo, o baterista/baixista/vocalista/”barulhista” Ryan, que falou do petardo,
da carreira em geral, gostos musicais e muito mais. Curiosidade pessoal: achei
que o músico iria responder as perguntas de maneira brincalhona, mas fui surpreendido
por sua seriedade, mostrando seu alto grau de profissionalismo. Hora do vômito.
Som Extremo: Vocês lançaram o EP “Miserable” recentemente. O que pode
dizer sobre o trabalho? Por que o disponibilizaram para download, como o álbum
“Abject Horror”?
Ryan: O EP “Miserable” é um experimento em frequências extremamente
baixas. Deixamos para download gratuito porque queríamos gravá-lo e lançá-lo de forma rápida, sem esperar pela
prensagem de discos. E também é gratuito porque ninguém para por música mais.
Som Extremo: Por que escolheram lançar o EP sem guitarras?
Ryan: Queríamos explorar o mais baixo e pesado som que pudéssemos
fazer, então decidimos usar baixos (instrumento), e não guitarras. Eu adoro o
som e o timbre do baixo, especialmente quando os deixamos em baixíssima
frequência, como o inferno. Queríamos criar um muro de som matador,
basicamente.
Som Extremo: Por que precisaram criar o selo Foaming Sewage Records ao
invés de lançar o material da Intestinal Disgorge de forma independente?
Ryan: O Foaming Sewage Records é basicamente nosso caminho
independente para divulgação. Não é realmente um selo. Por exemplo, não
assinarei com nenhuma banda ou algo do tipo.
Som Extremo: Vocês têm uma discografia extensa. Como conseguem lançar
tanto material?
Ryan: Muito tempo livre. Mas também, somos muito prolíficos e
estamos sempre escrevendo/gravando coisas. Isso acontece naturalmente.
Som Extremo: Por que vocês não contam mais com uma mulher nos vocais,
como acontecia no começo da carreira? Você não acha que esse seria um
diferencial para a banda?
Ryan: Nossa “berradora” Pissy deixou a banda há alguns anos. Então,
desde então, não temos nos incomodado mais com gritos. Sim, os berros eram como
uma marca registrada do nosso som, e ainda os usamos de vez em quando. Mas
basicamente, isso não me importa mais.
Som Extremo: A Intestinal Disgorge tornou-se cada vez mais madura
durante os anos. Vocês não são mais tão barulhentos, e a música hoje está
melhor do que nunca. Como vocês trabalham com essas mudanças? Como você vê a
evolução (ou não) da banda nesse período?
Ryan: A progressão – se você quiser chamar assim – tem sido
natural, orgânica. Nunca realmente planejamos como soarão nossos álbuns. Eles
apenas acontecem. Nesses anos, temos misturado estruturas mais convencionais
com nossos elementos Noise, sempre tentando criar sons interessantes. Acho que
tentamos apenas explorar novos territórios.
Som Extremo: Particularmente, sempre quis saber isso: como é o processo
de composição da banda? Como vocês “sentem” quando vão gravar com ou sem
guitarras, por exemplo? (risos)
Ryan: Quase sempre, eu me sentarei e improvisarei muitas pistas de
bateria. Quando termino, volto e começo a improvisar as partes de guitarra em
cima da bateria. Se escuto algo que gosto, salvo isso, ou, do contrário,
continuo experimentando. É basicamente assim que fazemos as músicas: apenas
construindo sons com elementos improvisados. E definitivamente podemos “sentir”
o que queremos fazer, mas é muito difícil explicar como isso funciona.
Som Extremo: Pessoalmente, adoro o álbum “Depravity”. É maravilhoso! Foi lançado no Brasil
pelo selo Carnificina Records. Existem duas músicas que acho que são brilhantes
- “Vomiting Rotten Pussy Giblets” e “Shit Splattered Erection” -, por causa das
mudanças de velocidade das batidas. Poderia falar um pouco sobre isso?
Ryan: Sempre curti a ideia de ajustar o tempo dentro de uma música,
mas não de maneira tradicional. Gosto da ideia de realmente escutar a mudança
de tempo, como alguém diminuindo/aumentando a velocidade da gravação. É um
efeito interessante para mim.
Som Extremo: Conhece algumas bandas brasileiras, sem contar Sepultura e
Krisiun? (risos) Talvez Rotting Flesh ou alguma outra?
Ryan: Escuto muitas bandas antigas, não muitas novas. Ainda tenho
coisas da Gore e Rotting Flesh. Ainda adoro essas bandas.
Som Extremo: É fácil sobreviver fazendo música extrema como a de vocês
nos Estados Unidos?
Ryan: Não mesmo. Acredite, não fazemos turnês ou coisa alguma, que
é o único caminho para sobreviver nesses dias. Mas até mesmo bandas que
excursionam, tenho certeza, não estão tendo uma vida muito boa. Mas então
novamente, entra na música extrema achando que vai conseguir grana, está
cometendo um erro.
Som Extremo: Como você vê a cena underground hoje em dia? Que bandas
recomenda?
Ryan: honestamente, não escuto tanto mais. Cresci entediado com
música underground, e se eu a escuto, são sempre álbuns antigos, que tenho há
vários anos. Curto ouvir músicas antigas dos anos 50 e 60, na verdade. É o que
geralmente escuto atualmente.
Som Extremo: Alguns planos para tocar no Brasil?
Ryan: Não dessa vez. Seria
legal, com certeza, mas mal posso pagar a gasolina para dirigir para trabalhar
de manhã, ainda mais pegar um avião para o Brasil.
Som Extremo: Alguma mensagem para os fãs brasileiros?
Ryan: Sim. Vocês, caras, têm sido sempre nossos maiores apoiadores,
e amamos vocês por isso. Temos lançado vários álbuns por selos brasileiros, e
agradecemos vocês por toda a força. Obrigado novamente, e lembrem-se: o que
quer que faça, divirta-se. A vida é uma pilha gigante de merda, e o único meio
para se divertir é rir.
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ENGLISH VERSION WITHOUT EDITION (sorry for my English! J)
Som Extremo: You have released “Miserable” a few days ago. What can you
say about this EP? Why did you let that to free download, like “Abject Horror”?
Ryan: The "Miserable" EP is an experiment in extremely
low frequencies. We made it a free download because we wanted to record and
release the EP quickly, without waiting months for discs to press. And it was
free because nobody pays for music anymore.
Som Extremo: Why did you choose to record the EP without guitars?
Ryan: We wanted to explore the lowest, most bass-heavy sound we
could, so we decided to use all bass tracks and no guitars. I love the sound
and the timbre of the bass guitar, especially when it is tuned low as hell. We
wanted to create a wall of rumbling sound, basically.
Som Extremo: Why did you need to create the label Foaming Sewage
Records instead of releasing Intestinal Disgorge stuffs ina independent way?
Ryan: FSR is basically our own independent way of publishing. It's
not really a label. For example, I won't sign any bands or anything like that.
Som Extremo: You have an extensive discography. How can you get to
release so much materials?
Ryan: Too much free time. But also, we are very prolific and are
always writing/recording stuff. It just comes naturally.
Som Extremo: Why didn’t you have a women screaming anymore, like you
did in the early days? Do you agree that it was a differenctial for the band?
Ryan: Our screamer, Pissy, left the band a few years ago. So since
then, we hadn't really bothered with the screams anymore. Yes, the screams were
kind of the "trademark" of our sound, and we still use them from time
to time. But basically, it just doesn't matter to me.
Som Extremo: Intestinal Disgorge became more and mature through the
years. You are not so noisy anymore, and the music is now better than ever. How
did you work with this changes? How do you see the evolution (or not) of
Intestinal Disgorge through the years?
Ryan: The progression (if you want to call it that) has been a
natural, organic one. We never really plan our albums out. They just happen.
Over the years, we've blended more conventional structure with our usual noise
elements, always trying to create interesting sounds. I guess we just try to
explore new territories.
Som Extremo: I always wanted to know: how is the process of composition
of Intestinal Disgorge? Hown can you “feel” you will record with or without a
guitar, for an example (laughs)?
Ryan: Almost always, I will sit down and improvise a lot of drum
tracks. When I am done, I go back and start improvising guitar parts over the
drums. If I hear something I like, I save it, otherwise I keep experimenting.
This is basically how we do it: just building up songs from improvisational
elements. And we can definitely "feel" what we want to do, but it's
too difficult to explain just how that works.
Som Extremo: Personally, I love “Depravity” album. It’s great! It was
released in Brazil by Carnificina Records. There are two songs that I think
it’s brilliant – “Vomiting Rotten Pussy Giblets” and “Shit Splattered
Erection”, because of the changes of the speed of them. Could you tell a little
about that?
Ryan: I always enjoyed the idea of adjusting the tempo within a
song, but not in a traditional sense. I like the idea of actually hearing the
tempo change, like somebody is slowing/speeding up a record. It's just an
interesting sound effect to me.
Som Extremo: Do you know some brazilian bands - not Sepultura or
Krisiun (laughs)? Maybe Rotting Flesh or another one?
Ryan: I listen to a lot of old bands, not very many new ones. I
still have stuff from Gore and Rotting Flesh. Still love those bands.
Som Extremo: Is it easy to survive playing extreme music like yours in
USA?
Ryan: Not at all. Granted, we don't tour or anything, which is the
only way to survive these days. But even bands that do tour, I'm sure, aren't
making a very good living. But then again, if you get into extreme music
thinking that you can make money, you've made a mistake.
Som Extremo: How do you see the underground scene nowadays? Which bands
do you recommend?
Ryan: I honestly don't listen much anymore. I've grown bored with
underground music, and if I do listen to it, it's always old albums that I've
had for years and years. I enjoy listening to old songs from the 50s and 60s
actually. That's what I usually listen to these days.
Som Extremo: Any plans to play in Brazil?
Ryan: Not at the time. It would be cool, for sure. But I can barely
afford the gas I need to drive to work in the morning, much less take a plane
to Brazil.
Som Extremo: Any message to brazilian fans?
Ryan: Yes. You guys have always been our biggest supporters, and we
love you for that. We've released several albums on Brazilian labels, and we
thank you for all of your support. Thanks again, and remember: whatever you do,
have fun. Life is a giant heap of shit, and the only way to enjoy yourself is
to laugh.
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