Decomposed God – The Last Prayer
Independente – 2000 - Brasil
Pensem numa banda altamente inspirada e competentíssima. Pensem em um verdadeiro orgulho death metal nacional. E agora, pensem na injustiça por tal banda não ter o merecido reconhecimento. Bom, os pernambucanos da Decomposed God fazem parte dessa realidade. “The Last Prayer” é um dos melhores álbuns death que o país já teve. Suas músicas são de uma riqueza imensurável.
Assim como John Tardy, que tem um timbre de voz único no Obituary, o vocalista Alberto também possui tal singularidade. As vozes não se parecem, para registro. Inclusive o cantor da Decomposed God vocifera com um timbre mais gutural, que parece cantado para dentro. Exótico e original no mínimo.
Agora vamos ao instrumental. O baterista Murilo Nóbrega, que apenas gravou o CD (provavelmente músico de estúdio), e foi substituído por Wagner, é espetacular. O cara domina tudo e mais um pouco. Brinca com a velocidade e as inúmeras variações do estilo. De dar inveja a muitos bateras de grandes bandas por aí. Das guitarras de Marco e Alejandro, nascem riffs e solos belíssimos. E o baixista Jean é um show das quatro cordas. A estrutura das músicas então, nem se fala. Uma mais maravilhosa que a outra, sério.
Vários destaques no trabalho: “Potrays the Rough Beauty”, “Ecce Hommo” (começo insano), “Impregnated God of Lies”, “The Horn's Toll” (outra pancada) e “Hipocrity Liars” chamam a atenção pela agressividade.
A capa é um primor. Já o restante do encarte não acompanha toda a sua beleza, mas quebra o galho.
Bom, e tudo tem um porém. No caso do “The Last Prayer”, está na qualidade da gravação do CD. Infelizmente, o material tem um áudio ruinzinho, com tudo faltando peso, guitarras difíceis de ouvir, bumbos quase inaudíveis, enfim, algo que compromete consideravelmente o álbum. E o pior é que essa é a única ressalva do disco. Não fosse por isso, receberiam nota máxima.
Ainda sim, é esse tipo de engajamento que merece todo o apoio possível no underground. Bancar o próprio CD hoje em dia se tornou muito mais fácil. Imaginem fazer isso há mais de uma década. Os caras foram ousados na época e se deram bem!
Somente em 2009, a banda lançou “Bestiality”, o segundo trabalho. Ainda não o ouvi, mas estiver afiado como este aqui resenhado, então é correr pro abraço. Afinal, “The Last Prayer” é uma lição de determinação e garra de mais uma banda nordestina excelente.
NOTA 7,7 (só por causa da qualidade da gravação, reforço)
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