sexta-feira, 10 de junho de 2011

Entrevista - Desecrated Sphere


Há cerca de duas semanas, um videoclipe chamado “Gospel is Dead” provocou um certo alvoroço no meio internético underground nacional. A banda da obra audiovisual em questão é a Desecrated Sphere, já tida como uma das maiores promessas do metal extremo por aqui. O quarteto lançou recentemente seu primeiro CD de forma independente, o técnico “The Unmasking Reality” (leiam resenha do trabalho lá embaixo, após a entrevista), cujo clipe faz parte de uma das músicas do trabalho (e também está disponível para visualização depois da resenha do CD!).
E com boas perspectivas no caminho que a banda começa a trilhar, os rapazes concederam uma entrevista por e-mail ao blog Som Extremo, falando sobre o álbum, suas influências, o processo de composição, e outros asuntos. A Desecrated Sphere hoje conta com Renato Sgarbi (vocal), Gustavo Lozano (Guitarra), José “Motor” Mantovani (baixo) e Rodolfo Bassani (bateria). Uma entrevista real e sem máscaras.

Som Extremo: A banda se formou muito recentemente (janeiro de 2011), embora o álbum “The Unmasking Reality” tenha sido gravado em 2010. Como foi exatamente que a banda surgiu?

Desecrated Sphere: Sim. Bom, a banda foi formada em janeiro como você disse. Estávamos compondo e produzindo o material com o Collapse NR, e quando vimos o resultado, o material estava diferente do que as outras formações apresentaram. Seguimos uma linha mais técnica, progressiva e brutal de Death Metal. Então resolvemos formar essa nova banda, o Desecrated Sphere, com novos ares, e a gana de chegar para ficar.

Som Extremo: Aliás, o que podem dizer sobre o álbum recém-lançado?

Desecrated Sphere: "The Unmasking Reality" é um álbum semi-conceitual, pois não foi concebido como totalmente envolto em um conceito. No resultado final existe uma sensação de continuidade entre as faixas. Isso foi proposital. Queríamos que as músicas, apesar de variadas, tivessem a mesma identidade. As letras do álbum discorrem sobre controle político, militar, e principalmente, religioso: a lavagem cerebral da fé. Também estão presentes fatos históricos, e temas apocalípticos, havendo contraponto entre o final dos tempos bíblico e a destruição da natureza pelo homem, temas que emprestam sua imagem à capa do álbum. No CD, o ponto em comum entre as músicas é que todas elas descrevem uma busca obstinada, ou uma crença cega, que atraem tanto os homens comuns quanto os que tem poder. "The Unmasking Reality" é um título na medida para o álbum, pois não somos nós que estamos desmascarando a realidade. Apenas narramos fatos em que a ela se projeta e desvenda a sua verdade.
Podemos dizer que esperávamos uma ótima resposta do álbum, tanto da mídia quanto dos Fãs, mas estamos sendo realmente surpreendidos, já que o Desecrated Sphere tem sido bastante comentado tanto aqui como lá fora e em apenas alguns meses de vida. Tudo isso de forma independente até o momento.

Som Extremo: E logo no primeiro trabalho, percebe-se a espantosa técnica de seus integrantes. Muito difícil juntar um time desses em uma banda só?

Desecrated Sphere: Com certeza não é uma coisa fácil de se encontrar, e reunir numa banda. Quando ficamos sem guitarrista, esperamos pacientemente pelo substituto certo pra nós. Apareceu o Gustavo Lozano, muito talentoso e sério em seu trabalho. E tivemos a oportunidade de trabalhar com o Rubens Fraleone, do DxOxRx, nas gravações do álbum. Além de amigo nosso, é outro músico muito competente e responsável.

Som Extremo: E o clipe de “Gospel is Dead” fez muito barulho pela net. O que podem dizer sobre ele?

Desecrated Sphere: Sim, a recepção do clipe foi mais uma coisa que nos surpreendeu. O vídeo vem sendo bastante acessado e elogiado, algo fantástico para uma banda independente e com poucos meses de vida. Foi muito gostoso e divertido gravar esse clipe. Filmamos em uma fundição de alumínio cedida à banda e inclusive, como você vê, há um forno em operação, quente pra cacete! (risos) O vídeo foi filmado em HD pelo Tomaz Ribeiro, da Área Livre Produtora (também Produtor do nosso álbum). Esperamos que o vídeo continue fazendo barulho pela net, como disse! (Mais risos)

Som Extremo: Criação da banda, lançamento de um CD, de um videoclipe e uma turnê européia. Tudo tem acontecido rápido demais, ou estão lidando bem com isso? A fama repentina está pesando? Existe pressão de fãs? E aliás, o que pode falar dessa turnê pelo velho mundo?

Desecrated Sphere: Foi tudo acontecendo naturalmente, desde a composição, a gravação, o trabalho de mixagem e a masterização que fizemos com o produtor Andy Classen (do Stage One Studio) no videoclipe. Estamos sendo reconhecidos pelo tempo de estudo e séria dedicação a fazer música pesada de qualidade, e esse reconhecimento não está pesando, pois temos o pé no chão. Este é só o começo. No underground, nada é da noite pro dia, e há ainda muito caminho pela frente! Quanto à tour européia, estamos buscando fechar um esquema legal para dividir palco com ótimas bandas do cenário, e esperamos ter uma agenda boa em breve!

Som Extremo: Uma pergunta que não poderia faltar, devido à complexidade da estrutura musical da Desecrated Sphere: como é um processo de criação das músicas, tanto letras quanto instrumental?

Desecrated Sphere: Não há uma regra pra nós. Quando chegamos ao local de ensaio para compor, colocamos a ideia de cada um em prática, ou fazemos uma jam rápida para ter um ponto de partida, e aí progredimos da ideia inicial, de forma que soe o mais natural possível. Também levamos riffs prontos ao ambiente de ensaio, e transformamos tudo conjuntamente. Para o próximo trabalho, estamos começando a levar ideias escritas ou enviando para os outros integrantes arquivos com os arranjos.
Quanto ao processo das letras, eu (Renato Sgarbi) procuro ideias em pesquisas e leituras na internet ou em livros. Às vezes um assunto que vejo na tv também me inspira. Escrevo em casa o assunto que me desperta interesse ou me incomoda... enfim, coloco no papel um pensamento , algo que vejo e que de alguma forma desperta curiosidade, vontade de questionar ou de passar uma mensagem. Termino e levo ao ensaio para encaixar a letra na musica. Na maioria das vezes, levo tudo para o José, e vemos o que pode ser feito a partir da letra finalizada, discutindo o que dá para melhorar, acrescentar e deixá-la mais interessante, mais poética. Todos da banda a vêem finalizada e a encaixo na música.

Som Extremo: O som de vocês tem muitas referências, como vocês explicitam no Myspace: de música clássica ao rock dos anos 70, do Jazz ao death metal técnico. Quais as bandas que influenciam cada músico?
Renato Sgarbi: Muita coisa! Eu citaria Cannibal Corpse, Aborted, Decapitated, Behemoth, Hate, Aeon, Amon Amarth, Deicide, Vital Remains, Nile, Dying Fetus, e muitas outras, mas essas são as principais, cada uma à sua maneira, seja pela musicalidade, postura no palco ou seriedade em suas mensagens. Os vocalistas de todas essas bandas me influenciam.
José Mantovani: Essa é a pergunta mais difícil pra todos nós! Na hora de compor riffs, minhas referências principais são do Death Metal dos anos 90 e bandas de Technical Death Metal recentes, mas acabo pegando referências de variados estilos musicais pelo fato de estudar música popular e música clássica. Minhas influências como baixista são Alex Webster, Sean Malone, Jeroen Paul-Thesseling, Erlend Caspersen, Ryan Martinie, Mike Flores e Stuart Hamm.
Rodolfo Bassani: Minhas Influências vão do Death Metal extremo até o Jazz, música brasileira, música instrumental.... Na hora de compor, como baterista, fui influenciado por Bill Ward, Max Kolesne, Chris Adler, Mike Portnoy, George Kollias, Billy Cobham, Derek Roddy, Gene Krupa, João Barone, David Garibaldi, Ademir Batera, Vinnie Paul, Milton Banana, Virgil Donati, Dino Verdade, Flo Mounier, Amilcar Christófaro, e o importantíssimo Witold 'VITEK' Kieltyka.
Gustavo Lozano: Minhas influências passam pelo Blues, Classic Rock, Heavy Metal e principalmente pelo Death Metal. Bandas como Black Sabbath, Iron Maiden, AC/DC, Pantera, Death, Cannibal Corpse, Decapitated, Incantation, Lamb of God, Deicide, Morbid Angel, Necrophagist e Nile me inspiram muito como músico.

Som Extremo: Além de todas as novidades da banda, já existem planos futuros para a Desecrated Sphere?

Desecrated Sphere: Bom, já começamos a compor material novo, mas ainda estamos longe de lançar algo, pois acabamos de lançar o debut “The Unmasking Reality”. Também temos planos de tocar em solo brasileiro, claro. Talvez role algo pelos outros países da América do Sul, e ainda esse ano deveremos ir para a tour na Europa que falei há pouco.

Som Extremo: Como vêem hoje a atual cena de bandas extremas brasileiras?

Desecrated Sphere: A cena no Brasil tem potencial. Há público e espaço, mas os promotores (muitos deles) preferem uma banda de covers a uma banda autoral. Além disso, muitos não querem pagar as bandas, mas querem colocá-las pra tocar. Vários deles estão despreparados para fazer eventos, e desrespeitam os conjuntos com propostas insignificantes e eventos sem estrutura, o que espanta bandas e público. A cena nacional está recheada de bandas excelentes, como Lacerated and Carbonized, Decomposed God, Vomepotro, e Unearthly, por exemplo. Ela está sempre se renovando. Parte do público daqui ainda precisa abrir os olhos para o país e ver que temos excelentes bandas, muitas vezes bem melhores que as gringas. Mas estamos evoluindo. É um começo.

Som Extremo: O blog Som Extremo agradece muito a entrevista. Mandem aí seu recado final!

Desecrated Sphere: Obrigado, Christiano, pela bela entrevista, pela oportunidade e apoio ao Desecrated Sphere. Queremos agradecer principalmente aos fãs que têm nos apoiado e seguido fielmente a banda. Continuem a nos apoiar! Fãs interessados em adquirir o material da banda e promotores interessados em contratar o Desecrated Sphere para shows podem entrar em contato pelo e-mail desecratedsphere@hotmail.com. E confira nossas redes sociais:
Nos vemos na estrada!

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