Fleshless/ Mastic Scum – Fake / Free Off Pain (split)
Ohne Maulkorb - 1996 - Áustria/República Tcheca
Já começo dizendo que é um dos melhores splits que já escutei, principalmente em relação à primeira banda, a Fleshless. Pois vou dizer que esses tchecos fazem um dos mais empolgantes death/grind do mundo. Mas devo salientar que isso se refere especificamente a esse split, porque depois, até lançaram várias outras coisas medianas, e até apoiados em baterias programadas. Esse aqui não. Havia mesmo um (des)humano comandando as baquetas.
Escutei pela primeira vez esse disco já faz um bom tempo, e simplesmente fiquei desesperado procurando esse split depois, já que esse era de um amigo do amigo. Ironicamente, depois de desistir de procurar, eis que encontrei o disco em um sebo. O fato é: aposto que é exatamente o CD do cara!
Pois bem, para os poucos felizardos que conhecem o conjunto, apenas digo que são uma das mais completas bandas do metal extremo que existem. Sim, os caras têm técnica, e a esbanjam de forma comportada, sem nenhum exagero. Constroem músicas tão bem planejadas que é difícil você parar de ouvir o play. De verdade, o trabalho da banda passa por momentos mais calmos e melódicos até o mais mortal death/grind, mas fazendo-o com muita competência. Estrutura musical é o forte da Fleshless. O quinteto consegue fazer um meio termo entre os estilos, prevalecendo absoluto, claro, o extremo.
Admirem, por exemplo, a linda introdução e evolução de “I'm the Part of You”. Que belo trampo. Mas outras grandes composições como “Step From the God”, “I Will Grind Your Fingers”, “Free Off Pain”, “Your Ignorance... My Death”, “With Blood on the Hands” (baita som) e “Behind the Wall” – puxa, vejam só, citei todas! – são executadas com maestria.
O vocalista Vladimir tem um guttural potentíssimo, enquanto o baixista Curo dá um show! As guitarras de Ludek e Michal também estão altamente inspiradas e trabalham muito bem, tanto nos riffs quanto nos solos. E Hans apenas domina sua bateria.
O que agrada também é que “Free Off Pain” tem uma qualidade sonora muito boa, dando para ouvir muito bem cada instrumento. E aqui devo dividir opiniões, já que, exatamente pela boa gravação, você percebe, por exemplo, que nem tudo é perfeitinho. A bateria não está 100% dentro do tempo em alguns momentos, por algumas frações de segundo, para ser mais exato. E também há certas pequenas variações na força com que Hans bate na caixa. Absolutamente nada que comprometa esse grande trabalho. Acho interessante essa humanização em bandas extremas. Parece tornar tudo mais verdadeiro.
Mas agora falando da segunda banda, a Mastic Scum, fazem um grindcore feijão com arroz e funcional. Não apresentam nada que os diferencie de outras bandas do estilo, mas com toda certeza, convencem. É tudo bem calculado, previsível até, mas nem por isso ruim, muito pelo contrário. No que se propõem a tocar, são mestres. Grande banda, que no geral manteve o nível por toda a sua discografia. Entretanto nesse álbum aqui, a qualidade da gravação não tá lá essas coisas não. Não tem peso, as guitarras soam esquisitas, meio parecendo sem distorção, e o baixo ficou alto. Ainda sim, repito, é uma banda bem legal. Ah, o vocal lembra o senhor Oscar Garcia, que gravou o primeiro do Terrorizer, conhecem?
Destaques para as faixas “The Human Scum”, “Rock Out with Your Click Out” (curta, mas marcante), “Perverse Illusion”, “Political Shit” e “A Child & His Lawnmover” (letra de Jello Biafra).
Pois bem, um split obscuro no Brasil, e fodasticamente fabuloso. Simplesmente isso. Nem preciso dizer que é mais que recomendado, certo?
Nota 9,4 (pelo Fleshless!)
Mastic Scum: http://www.myspace.com/masticscum
Fleshless: http://www.myspace.com/fleshlessband
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