domingo, 19 de junho de 2011

Vondur – No Compromise

Vondur – No Compromise
Osmose Productions  – 2011 – Suécia

Bom, quem conhece essa loucura sabe que encontrará aqui uma das bandas mais exóticas, estranhamente hilárias e cativantes do black metal mundial. Entretanto, esse CD aqui nada mais é do que uma compilação de todos os trabalhos da Vondur – a demo “Vondur” (1995), “Stridsyfirlýsing” (1995) e o EP “The Galactic Rock'n'Roll Empire” (1996), divididos em dois discos.
Lembram-se da resenha do Ulver (resenha aqui), quando se falou em um dos álbuns mais sujos da história do metal negro? Pois é, esse aqui também é imundo quase igual, e irresistível. E o material aqui é tão bom que merece ser comentado faixa a faixa. E olha que são 27 no total!
                Abrindo o primeiro CD, “Kynning - Einvaldnir er Her” apresenta uma introdução com tambores, cornetas e falas, provavelmente em sueco. Uma coisa meio doida, mas interessante. Depois, “Dreptu Allur”, rápida e rasteira, com uma estrutura limitada, mas potente. Muito boa. “Uppruni Vonsku” já tem uma levada mais lenta e empolgante, com riffs simples, porém eficazes. O final da música tem uns sons que parecem cornetas, dando um acabamento bem legal.
Depois, vem uma chamada “Kynning - Fjórði Ríku”, com um teclado metido a dramático, misturado com certo suspense, e aparentes lamentos do vocalista. Legal pacas! Na sequência, “Fjórði Ríkins Uppgangur” é velocíssima quase do início ao fim, com pequena variação de ritmo. Um verdadeiro petardo!
Hora de uma influência totalmente rock ‘n’ roll com “I Eldur og Ðrumur”. Riffs e andamento grudento em uma música excepcional. “Vondur” (a faixa), que vem logo depois, é só um belíssimo piano e os vocais de All. Trabalho fantástico. Após o descanso, outra metralhadora com “Hrafnins Auga er sem Speglar á Botni af Satans Svarta Salur”, violentíssima. Mal dá para distinguir as melodias dos riffs, que parecem um zunido só. A bateria, claro, invariável e ótima.
“Eitt Bergmál ur Framtiðinnar Dagar” começa com teclados profundos, mas depois, o os outros instrumentos correm soltos em outra música bem rock. De verdade, essa mistura funciona bem demais no Vondur. Logo após, fogo e mais teclados sinistros em “Kirkjur Skola Brenna”. O clima é literalmente infernal. E a agressividade extrema volta em “Sigurskrift”, novamente ultra-rápida e sem perdão. Os riffs também são bastante simples, mas se encaixam perfeitamente com a composição.
Já estamos em “Guð er Dáinn”, pesadona no começo pelos riffs marcantes e pelos dois bumbos. Ao longo da faixa, levadas quase doom, mescladas com outras mais agitadas completam a canção. “Ekki krist - Opinberun I & II” é mais uma ignorância brutal. Sem mais comentários. Outra “pausa” nas trovoadas de “Èg Daemi Oss til Dauða”, e depois, o trem desenfreado em “Ekki Nein Verður Saklaus”. Muito visceral.
A penúltima do disco 1 é “Beitir Hnifar Skera Djupur”, a mais destoante do resto das músicas. Novo rock ‘n’ roll com vocais limpos e cômicos. Do Vondur, pode-se esperar tudo. E não é que esse som também é interessante? Bom, e fechando a porradaria, “Höfðingi Satan” é outra com pianos, flautas e vocais melancólicos. Um clima depressivo e agonizante invade o ambiente.
No segundo CD, que contém o EP e a demo, é interessante perceber que a faixa de abertura – “Kill Everyone” – cantada em inglês, tem o instrumental idêntico ao de “Dreptu Allur”, do primeiro play, exceto pela qualidade da gravação. Não posso afirmar com certeza se seria mesmo uma versão em inglês da música, pois baseio-me somente em um promo CD de “Stridsyfirlýsing”, que obviamente não veio com encartes ou letras. Portanto, não me crucifiquem. Se alguém puder confirmar isso, agradeço.
Pois bem, agora vem coisas ainda mais curiosas e bizarras. O EP vem com alguns covers até esperados e outros inimagináveis no underground: “You Don’t Move Me, I Don’t Give a Fuck” (Bathory), “Rocka Rolla” (Judas Priest – tá, esse até que não seria tão incomum), “Red Hot” (Motley Crue – já está ficando estranho) e “Love Me Tender” (Elvis Presley - !!!!!!!!!!!). Essa versão do rei do rock é... bom... indescritível. Só uma coisa: você irá rir demais. Mas vale dizer que todas ficaram simplesmente demais.
Panzer Legions of Vondur” mantém o clima rock (pô, com um EP chamado “The Galactic Rock'n'Roll Empire”, esperava o que?), e tem riffs bem bacanas. Lá pela metade, o ritmo dobra de velocidade, e pouco depois, os maravilhosos blast beats. Muito bom. E “The Ravens Eyes are as Mirrors on the Bottom of Satans Black Halls”, que seria a última música do supracitado EP, vem em sua forma mais violenta. Simplesmente sanguinolenta em toda sua plenitude.
As próximas três músicas são da demo que, como esperado, apresenta qualidade inferior em relação ao restante do material. Mas o registro não poderia ficar de fora. “Uppruni Vonsku”, “Eitt Bergmál ur Framtiðinnar Dagar” (juro que aqui, o riff da gravação lembra uma musiquinha do game “Double Dragon”, do Nintento 8 bis) e “Èg Daemi Oss til Dauða” foram regravadas para o “Stridsyfirlýsing”. Portanto, evidentemente são mais cruas e levemente mais lentas. Nem por isso deixam de ser agradáveis.
Falando de modo geral, a bateria é a coisa mais engraçada do mundo. O cara engata a primeira e fica eternamente fazendo praticamente a mesma batida, direta e reta, quase sem viradas, e usos raros do prato. Realmente divertida! O baixo é um treco também esquisito, com uma baita distorção que, juntamente com a guitarra, suja que só, parece um verdadeiro enxame. O vocal de All é aquele esgoelado típico do black, bastante parecido com o de Abbath (Immortal). Material tosco, é verdade, mas muito verdadeiro.
Esse CD duplo é um grandioso lançamento, devido à enorme importância que o Vondur tem no cenário black. Obrigatoriedade total de estar nas estantes e aparelhos de som dos fãs do velho e bom metal do capeta.

NOTA 9,0
http://www.myspace.com/vondur (desatualizado - último login consta de 2005)

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