Ah, o nosso underground. Sempre
com ótimas bandas. Existem aquelas que têm mais sorte e logo despontam,
enquanto outras batalham muito, durante anos, para terem cada vez mais o
merecido reconhecimento. É nesse lado que a Plague Rages, de Grindcore, se
encaixa. A banda, formada por Antonio (baixo/vocal), Kiko (bateria), Fernando
Pescoço (vocal) e Emmanuel “Mané” Galvão (guitarra/backing vocal), está
lançando o novo petardo, o CD “Apocalipse Iminente”, e um split CD. O blog Som
Extremo entrevistou Mané, que falou sobre os novos trabalhos, sobre a cena no
país e sobre a expectativa de tocar no festival Obscene Extreme, em julho,
alpem de outros assuntos. Grind neles!
Som Extremo: A Plague Rages já é uma velha de guerra do underground
nacional, mas poucos de fato a conhecem. Poderia contar um pouco da história da
banda?
Emmanuel “Mané” Galvão: Sim, a banda é um pouco “velinha” já,
existimos desde 1996 e creio que, durante esse tempo, ficamos bem inseridos
dentro do underground, até mesmo pelo estilo que tocamos. Muita gente sempre
fala que o Grindcore é um estilo underground dentro do próprio underground e eu
concordo com isso (risos). Bom, desde o começo da banda tivemos o intuito de
tocar Grindcore. Creio que no começo, tínhamos mais elementos de Death Metal no
som, porém acho que hoje esses elementos estão mais sutis. Da formação original,
só eu que continuo tocando na Plague Rages. Fizemos muitos shows nesses dezesseis
anos, dividindo o palco com inúmeras bandas, como Agathocles, Rot, Entrails
Massacre, Wojczech, See You in Hell, Lobotomia, Pulmonary Fibrosis e inúmeras
outras. Tocamos nos maiores festivais undergrounds do Brasil (Splatter Nigth,
Verdurada, Splattercore, More Gore than Before, Holocaust in Your Head Festival
entre outros) e, além disso, temos uma discografia razoável: ao todo, temos
dois ‘full lenghts’ CDs, quatro splits CDs e três EP´s 7”, isso sem contar as
dezenas de tapes e coletâneas.
Som Extremo: Vocês estão com o novo disco – “Apocalipse Iminente” –
saindo do forno. O que pode adiantar para os leitores sobre o lançamento?
Mané: Sim!!! O novo disco esta saindo agora e estamos muito
contentes com esse material. Nos dedicamos muito para fazer o melhor nesse
disco e acho que conseguimos. O resultado final ficou brutal, muito pesado e
bem barulhento, totalmente Grindcore. São 26 sons bem diretos e com uma
excelente produção, sem contar que esse disco foi o mais planejado e pensado da
banda, uma vez que fizemos um disco conceitual, o que demandou maior atenção na
hora de compor e escrever as letras.
Som Extremo: Aliás, vocês terminaram as gravações no primeiro trimestre
de 2011. Por que o lançamento demorou tanto a acontecer?
Mané: Verdade, esse CD demorou muito a sair. Começamos a preparar
esse disco no primeiro semestre de 2010, ou seja, há dois anos. Iniciamos as
gravações no segundo semestre do mesmo ano e as terminamos no começo de 2011.
Aí, a demora veio por dois motivos: primeiro que mandamos o CD master para a
Latin Core pelos correios e, no mesmo dia, os correios entraram em greve. Isso
gerou uma demora grande para chegar até o selo e, posteriormente, entramos na
fila de lançamentos da Latin Core. Depois disso rolou um atraso na fábrica de
CDs e também um problema com o encarte na gráfica e, para fechar, nossa querida
alfândega brasileira segurou os discos por mais de um mês além do prazo
previsto para entrega, para finalmente o material chegar até nós.
Som Extremo: Como você já disse, novamente o ‘full length” saiu pelo
selo equatoriano Latin Core Records, que já lançou o álbum “Subordinados pela
Peste”. Como vocês chegaram a eles?
Mané: Tenho contato com o José (responsável pelo selo) desde o
século passado, acho que desde 1998/1999. Trocávamos fitas cassete, aí, em
2006/2007, fiz uma troca com ele de uns split CDs do Plague Rages/Unholy Grave
por uns Mesrine/ Rebelion Dissident. Ele disse que tinha curtido muito a nossa gravação
e que queria lançar algum material da Plague Rages. Como na época estávamos com
intenção de lançar um ‘full lenght’, uma coisa levou a outra e ele acabou
lançando o “Subordinados Pela Peste”. Depois disso, mantivemos o contato e ele
novamente se ofereceu para lançar nosso segundo álbum. Como gostamos do
trabalho que ele havia feito no primeiro disco, aceitamos e ele também lançou o
segundo ‘full’.
Som Extremo: Você também já pincelou sobre isso, então vamos nos
aprofundar. Chama muito a atenção o fato de as letras serem todas inspiradas no
filme “Os Doze Macacos”. Como surgiu essa ideia e como foi compor esse
material?
Mané: Para esse segundo disco, tivemos a ideia de fazer algo um
pouco diferente. Temos alguns sons inspirados em curtas-metragens e outras
fontes, mas nunca tivemos um disco conceitual, que tivesse começo, meio e fim
interligados com a parte instrumental e letras inspiradas nas cenas do filme na
ordem em que elas acontecem. Então resolvemos determinar esse desafio para nós
mesmos. Então veio a discussão de qual filme seria o escolhido e como todos
gostamos de filmes apocalípticos e temos temas políticos e que questionam a
atitudes da humanidade nas letras, decidimos pelo filme “Os Doze Macacos”. Além
disso, somos grandes fãs do diretor Terry Gilliam e esse filme é muito foda,
com brilhantes atuações do Brad Pitt e Bruce Willis. Devo acrescentar que foi
um desafio bem legal escrever as letras sobre o filme, encaixá-las nas músicas
e colocá-las de modo a contar a historia do filme. Isso sem contar que fizemos
analogias do filme com a nossa realidade. Se você reparar, irá perceber que a
música de introdução e a que finaliza o disco são as mesmas que estão no filme.
Som Extremo: Além desse petardo, há também um recente split com os
ucranianos do Foible Instinct, correto?
Mané: Sim, isso mesmo, além desse novo ‘full lenght’, também
estamos divulgando esses split CD com os ucranianos do Foible Instinct, banda
de Grindcore com duas guitarras e que lembra muito o Terrorizer. Esse era um
lançamento que há muito tempo estávamos combinando com os caras da Foible
Instinct. Finalmente rolou, após conseguirmos selos aqui no Brasil interessados
em abraçar esse lançamento. Gravamos onze sons novos e muito brutais para esse
split, que também ficou muito bom, no meu ponto de vista. Além disso, também
gravamos sons para um 7” EP só nosso.
Som Extremo: Existem planos para um videoclipe?
Mané: Sim, com certeza. Na verdade, não rolou ainda porque tivemos
que dar um tempo para vermos toda a questão da turnê na Europa e uma mini tour
que fizemos no Chile também. Quando voltarmos da turnê no exterior, faremos um
clipe com certeza. Já temos toda a ideia, será com uma música do “Apocalipse
Iminente”.
Som Extremo: Uma das grandes influências da Plague Rages parece ser a
belga Agathocles. Você concordaria com isso (risos)?
Mané: Com certeza, o Agathocles é uma grande influência, não só
musical, mas também lírica e também nas atitudes. Eles estão há anos na ativa
(quase trinta) e sempre se mantiveram fiéis ao que fazem e acreditam. Mas não
são nossa única influência: gostamos muito de Napalm Death, Nasum, Rotten
Sound, Ratos de Porão, Death, Extreme Noise Terror, Terorrizer, Disrupt etc.
Som Extremo: Em julho, vocês tocarão no maior festival de música
extrema do planeta, o “Obscene Extreme”, realizado na República Tcheca. Como
estão as expectativas para representar o Brasil no evento que vai reunir bandas
como Nasum e Exhumed?
Mané: Porra cara, muita expectativa, ansiedade a mil. Primeiro, que
ficamos muito felizes de sermos chamados para tocar nesse festival (que, como
você mesmo disse, é um dos maiores do mundo); depois, soubemos que a Nasum vai
tocar e ficamos ainda mais felizes. O Nasum é uma banda que acompanhamos há
muito tempo - eu, particularmente, desde a época das demos deles. Quando
anunciaram as demais atrações, ficamos muito honrados, pois muitas bandas são
nossas influências e várias são amigas nossas também. Vale lembrar que mais
três bandas brasileiras irão tocar também: Andralls, Baixo Calão e Krisiun.
Som Extremo: Vocês já têm discografia grande, com lançamentos feitos
tanto aqui quanto lá fora, como você já disse. Na sua opinião, hoje está mais
fácil gravar e lançar material?
Mané: Com certeza. Gravar esta muito mais fácil hoje, mas lançar
esta bem mais difícil. Com a questão da mp3, de baixar gratuitamente discos
completos, a venda de materiais quase que acabou. Porém, vale lembrar que essa
questão de baixar músicas já existe há dez anos e, mesmo assim, muitas bandas
continuam lançando discos e muitos selos novos estão surgindo, o que é um bom
sinal. Sinceramente, acho que esse negócio de baixar sons da internet nunca vai
acabar. Só espero que as pessoas aprendam a conciliar a compra de materiais com
os downloads gratuitos da internet.
Som Extremo: Na sua opinião, a cena Grind brasileira hoje é mais forte
ou existe muita desunião? Dentro disso, é correto dizer que vocês estarem
lançando o novo CD por um selo de outro país é um reflexo da cena daqui?
Mané: Eu acho que a cena aqui está num momento meio estranho. Temos
muitas bandas boas, porém não temos união entre nós. Sempre imaginei como seria
legal montarmos um coletivo com as bandas, organizando shows, lançando material
etc (até me culpo por não ter iniciado isso ainda). Por exemplo, aqui em São
Paulo, devem ter no máximo umas oito ou dez bandas. Somos todos amigos, mas nunca
sentamos para analisar onde podemos melhorar a cena, organizar um fest etc. As
cenas Hardcore e Splatter/Gore são mais organizadas, com importantes festivais
que acontecem com regularidade e que, felizmente, sempre nos chamam para tocar.
Acho que aqui no Brasil já deveria estar rolando algo do porte do Obscene
Extreme. Bandas para isso nós temos. Acho que, em termos de qualidade as bandas
brasileiras, estão em seu melhor momento. Muitos materiais bons tem sido
lançados, com excelente qualidade gráfica e sonora também.
Som Extremo: Agradeço a entrevista, Mané. Por favor, deixe uma última
mensagem.
Mané: Nós é que agradecemos a oportunidade de respondermos a esta
entrevista, valeu mesmo. Agradecemos também a todos os que leram a entrevista. Apreciamos
muito sua atenção. Quem quiser mais informações, é só entrar em contato - http://www.facebook.com/emmanuel.galvao.9.
Combatam o nazismo e o fascismo. In grind we crust. Abraços!!!
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