sábado, 16 de março de 2013

Entrevista - Nervochaos

Crédito: Pri Secco

Nada de introduções. A banda é simplesmente a Nervochaos e isso já basta. Mas para não ser tão curto, é bom dizer que o entrevistado foi o baterista Edu Lane, que falou do novo álbum – “To the Death” -e sobre o vindouro DVD duplo que está programado para sair no final do ano. É só ler aí embaixo para mais detalhes.


Som Extremo: A evolução do novo disco é notável, com músicas um pouco mais variadas e trabalhadas. A que você acha que isso se deve? Concordariam que esse é o mais maduro da carreira?
Edu Lane: Sim, concordo contigo e fico contente em saber da sua opinião sobre o novo disco. Acho que estamos bem maduros já como banda e com essa formação, o que ajudou bastante nesse processo todo. Além disso, toda banda colaborou no processo de composição, o que também foi muito positivo. Aos poucos estamos conseguindo chegar na nossa sonoridade própria e isso é muito gratificante. Cada disco nosso é uma evolução do anterior e sempre queremos nos superar e evoluir, mas sem perder as nossas raízes e a nossa proposta inicial.


Som Extremo: Ainda assim, o som da Nervochaos permanece naquele Death Metal cru e ‘old school’, como você mencionou. Como evoluir dentro do estilo, na sua opinião?
Edu: Sinceramente, nós não nos preocupamos com isso e nem ficamos pensando nisso. Conosco as coisas fluem naturalmente. Nós nunca quisemos ser a banda mais técnica ou mais rápida ou mais podre do planeta. Não queremos inventar a roda, e sim mantê-la girando. Com o tempo, a evolução acontece naturalmente, e as mudanças de formação também trouxeram 'sangue novo' para a banda. Eu sempre me preocupo em fazer músicas que nos agradam, independentemente do estilo. Estamos em constante busca pela nossa sonoridade própria e talvez isso nos faça evoluir, mas permanecendo dentro da nossa proposta inicial.


Som Extremo: A produção também está mais caprichada e incrivelmente mais pesada do que os trabalhos anteriores. Chegar a esse resultado foi difícil?
Edu: Obrigado. Nós também gostamos bastante do resultado final. Foi a primeira vez que mixamos e masterizamos um trabalho nosso fora do Brasil. Escolhemos Alex Azzalli justamente por termos trabalhado com ele durante a nossa turnê Européia em 2011. Pudemos acompanhar de perto o trabalho dele e ficamos muito impressionados. Além disso, nós nos tornamos amigos e tudo isso acabou facilitando a escolha dele, que realmente conseguiu extrair o melhor de cada faixa e deixar o novo disco com uma produção bem pesada e mais cristalina do que qualquer material que lançamos até o momento.


Som Extremo: E como se deu a transição de Guiller, então somente guitarrista, para o posto de vocal? Complicado cantar e tocar ao mesmo tempo as músicas da Nervochaos?
Edu: Na verdade, pensamos muito antes de tomar essa decisão. O que nos incentivou a optar por esse caminho foram duas coisas: a primeira é que o Guiller já havia cantado em outras bandas antes de entrar para a NervoChaos. A outra é que nós já estamos bem entrosados, somos amigos e isso ajuda muito. É dificil escolher algum de fora, conhecer essa pessoa, passar tudo e torcer para não ter problemas lá na frente... por isso acabamos ficando com alguém de 'casa'.



Som Extremo: O disco ainda conta com as participações especiais de Jão (Ratos de Porão), em "Sheep Among Wolves"; Cherry (Hellsakura), em "Gospel Of Judas"; Ralph Santolla, em "The Exile"; Antônio Araujo, em "Mark Of The Beast"; e Zhema (Vulcano), em "Wolves Curse". Reunir todo esse time foi muito complicado? Como foi a participação de cada um? Eles colaboraram na composição ou apenas tocaram?
Edu: É sempre bastante trabalhoso reuinir convidados para um disco. Havia outras pessoas mais que convidamos ,e por questões de incompatibilidade de agenda, acabamos fechando com cinco convidados. Nós escolhemos a música que acreditamos se identificar mais com cada um. Depois disso, gravamos a música e a mandamos para cada um. Eles criaram o solo, gravaram e nos mandaram de volta. O processo todo é lento e acabou gerando um certo atraso no lançamento do disco, mas o resultado final ficou excepcional e acho que é uma bela surpresa para os fãs da banda.

Crédito: Pri Secco

Som Extremo: Por que o disco saiu pela Cogumelo Records, ao invés da Tumba Records?
Edu: A Tumba é o nosso selo e quando não temos nenhuma proposta interessante, acabamos lançando o material por meio dela. É muito mais trabalhoso e bem mais underground, mas é uma solução que encontramos e tem funcionado para gente. Sempre sonhamos em conseguir trabalhar com a Cogumelo, pois, para nós, é o primeiro e único selo totalmente dedicado à cena nacional e que vem apoiando e lançando bandas há mais de trinta anos. Além disso, eles têm uma excelente distribuição e todas as bandas que nos influenciam e influenciaram fazem ou fizeram parte do ‘cast’ deles. Estamos extremamente satisfeitos com a parceria e esperamos que seja duradoura.



Som Extremo: Como você analisa a evolução da banda, do primeiro ao atual álbum?
Edu: Houve uma evolução brutal, mas nunca perdemos as nossas raízes. Nós nunca nos prendemos a rótulos pré-estipulados e por isso sempre navegamos livremente entre as diversas vertentes da música extrema. As diversas mudanças de formação e as constantes turnês nos fizeram crescer e evoluir como banda. Estamos constantemente em busca da nossa sonoridade própria e a cada lançamento conseguimos chegar mais próximos e superar o lançamento anterior.


Som Extremo: Vocês eram um quinteto e se estabilizaram como quarteto há algum tempo. Vocês vêem algum lado negativo nisso?
Edu: A banda já foi um trio, um quarteto, um quinteto e agora estamos nesse formato. Sinceramente, não ligo muito para isso, mas posso dizer que, como quarteto, as coisas têm funcionado muito bem. Não acho que haja uma regra ou que isso seja positivo ou negativo.


Som Extremo: Em 2011, vocês celebraram quinze anos de estrada com o álbum ao vivo “Live Rituals”. Quando podemos esperar um DVD da banda?
Edu: É verdade. Atualmente, estamos trabalhando no nosso primeiro DVD. Passamos o ano de 2012 filmando e temos material suficiente para lançar mais de um. O projeto que temos para este ano é lançar um material contendo dois DVDs, um CD e um livreto. O primeiro DVD será sobre a primeira parte da turnê “To The Death”, além da concepção, gravação e lançamento do disco novo. O segundo será sobre toda a história da banda, estilo documentário mesmo, com entrevistas, shows etc. O CD será um ao vivo completo, passando por toda carreira da banda, além de algumas boas surpresas. E o livreto irá conter diversas fotos e toda a biografia da banda. A ideia é lançar isso entre setembro e outubro deste ano.


Som Extremo: Falando no álbum ao vivo, como surgiu a ideia de regravar “Turn Face”, do Brutal Truth? Afinal, é um grupo mais voltado ao Grindcore.
Edu: Eu sou muito amigo do cara que organizou o tributo ao Brutal Truth. Ele foi lançado somente no exterior e, se não me engano, saiu no ano 2000. Fomos convidados pois somos fãs da banda. Como você sabe, nós nunca nos limitamos a estilos ou rótulos, então resolvemos incluir essa faixa no disco ao vivo como uma forma de presentear os nossos fãs que não puderam adquirir esse material quando foi lançado.



Som Extremo: E sobre a tour européia que você já mencionou, o que pode falar? Quais as diferenças que citaria entre tocar no Brasil e lá fora?
Edu: Estamos indo novamente para Europa este ano, em abril, quando faremos a nossa quarta turnê européia. Dessa vez faremos uns dezessete shows ao lado do Headhunter D.C. e War-head, e mais uns seis shows ao lado da Incantation e Christ Agony. É muito importante para nós trabalharmos forte o mercado Europeu, e a cada turnê, sentimos uma evolução na nossa base de fãs. Creio que a maior diferença entre lá e o Brasil é que na Europa, o underground é tratado com respeito e da forma que deve ser. Bem diferente da realidade que muitas vezes encontramos aqui, onde muitos pensam que ser underground é aceitar qualquer coisa.


Som Extremo: Ainda sobre o tempo de vida da banda, até hoje, qual o maior obstáculo que enfrentaram (ou enfrentam) para se dedicarem à arte de fazer Death Metal?
Edu: Bom, primeiro de tudo, tocar numa banda de música extrema não é para qualquer pessoa. Depois, cair na estrada, em turnê, definitivamente não é para qualquer um também. Fora isso, a banda demanda tempo e dedicação, e muitas vezes precisamos abrir mão de várias coisas para podermos nos dedicar, e isso acaba sendo também um obstáculo em alguns momentos ou com algumas pessoas. Somente quem realmente ama o que faz e faz isso por paixão e por estilo de vida irá permanecer. Os que fazem por modismo ou procurando ficar ricos e famosos certamente não permanecem.


Som Extremo: Além de baterista do Nervochaos, você também era proprietário da recentemente extinta Tumba Productions, uma das mais tradicionais produtoras brasileiras de shows de música extrema. Como você lidava com isso? Existia uma prioridade? Isso interferia na música do Nervochaos?
Edu: É verdade. Eu sempre separei bem as coisas e isso nunca interferiu em nada, seja na banda ou na produtora. As coisas são bem distintas e acho que isso sempre ficou bem claro para todos. Recentemente, após 17 anos agendando shows e turnês pelo Brasil e pela América Latina, percebi que o meu ciclo com a produtora havia sido concluído e encerrei as atividades da Tumba Productions. Atualmente tenho mais tempo para me dedicar à banda e também à família e amigos.


Som Extremo: Agradeço a entrevista. Esteja à vontade para um recado final.
Edu: Eu é que agradeço pela excelente entrevista, pelo espaço cedido à banda e pelo seu apoio. Caso queiram saber mais sobre a banda, acessem www.nervochaos.com.br.


Som Extremo: Quais seus 5 álbuns favoritos, de tudo o que você já ouviu, Edu?
Edu: - Iron Maiden - Killer
- Slayer - Reign in Blood
- Black Sabbath - Vol. 4
- Morbid Angel - Covenant
- Marduk - Panzer Division Marduk


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