sexta-feira, 29 de março de 2013

Facada – Nadir


Facada – Nadir
Black Hole Productions – 2013 - Brasil


Parecia impossível a cearense Facada ficar mais extrema, só que o quarteto (mesmo morando na Alemanha, o guitarrista Ari é integrante oficial) já poderia mudar seu nome para “Motosserrada”. Brincadeiras infantis à parte, o que é esse petardo irracional chamado “Nadir”, lançado pela Black Hole Productions (www.blackholeprods.com)? E pra constar desde já: o álbum expandiu os limites do Grindcore praticado pelo conjunto.
Pois sim, muito antes do lançamento, tive o privilégio de receber do vocalista/baixista James duas faixas de ensaio gravadas, nas quais eram nítidas as influências instrumentais de... Black Metal! E agora, isso está escancarado no terceiro ‘full length’ do grupo.
A caracteríscia aparece logo no riff inicial (após a “Intro”) de “Deus de Carne”: é bem veloz e com doses de melodia consideráveis. Inclusive, em vários momentos do CD, existem “paradinhas” em que, quase sempre, esses tipos de riffs “puxam” a continuação das composições.
E essa mistura ficou excepcional na sonoridade do trabalho, que está mais agressivo do que nunca! O senhor Dangelo é um monstro na bateria e está ainda mais veloz, no limite da sanidade. Dá medo!
Por sua vez, James continua com o dom de cantar “horrivelmente”, de um jeito em que é dificil acompanhar mesmo com as letras do encarte. Muito bom!
Outra coisa marcante no álbum é seu “desleixo”, com microfonias (ouça “Eu Não Pertenço a Este Mundo”, por exemplo) e faixas que, a princípio, parecem ligadas entre si, mas são “cortadas” por milissegundos, além do clima ao vivo. Isso tudo acrescentou mais espontaneidade ao material.
Dentro disso, a gravação, como já se presume, está bem suja e pesadona, uma maravilha.
“Winston onde está você?/ Eu nasci na contramão”, versos da faixa “Amanhã Vai Ser Pior”, já dão bem o clima do álbum, completamente pessimista. Só letras desgraçadas e que em momento algum geram esperança. Tenso.
Ainda sobre as letras, vale mencionar a de “Josefel Zanatas”, uma homenagem fantástica ao mestre dos filmes de terror nacional, nosso idolatrado José Mojica Marins, o Zé do Caixão. São citações por ele proferidas e nomes de filmes de sua autoria que compõem o “poema”.
Tem mais: “Nadir” conta com grandes participações especiais. Marcelo Appezzato (Hutt) urra na supracitada “Josefel Zanatas”, Jão (Ratos de Porão) cria um bom e longo solo no final de “Altar de Sangue” e John “The Maniac” Leatherface (Chronic Infest) vocifera em “Corumbá, Hippie do Inferno” e na também mencionada “Eu Não Pertenço a Este Mundo”.
Além disso, a parte gráfica também é uma beleza, em papel fosco, com destaque para a enigmática capa, em que um rosto medonho aparece.
Curiosamente, o disco foi gravado em sessões e até mesmo em anos diferentes: as oito primeiras contam com a guitarra de Ari, gravadas em Berlim, e as restantes ficam por conta do guitarrista Danyel, registradas aqui no Brasil.
Caótico e desesperador, o novo álbum da Facada corre sério risco de estar no topo dos melhores lançamentos nacionais de 2013.


PS: Leia uma ótima resenha, faixa a faixa, no Intervalo Headbanger.

Nota 9,0
Twitter: @facadanagoela



2 comentários:

  1. Disca tá foda e o solo do Jão não é bom, é maravilhoso, é antológico!!!! Coisa de gênio!

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  2. Valeu pelas palavras. Muito boa resenha.

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