Facada – Nadir
Black Hole Productions – 2013 - Brasil
Parecia
impossível a cearense Facada ficar mais extrema, só que o quarteto (mesmo
morando na Alemanha, o guitarrista Ari é integrante oficial) já poderia mudar
seu nome para “Motosserrada”. Brincadeiras infantis à parte, o que é esse
petardo irracional chamado “Nadir”, lançado pela Black Hole Productions (www.blackholeprods.com)? E pra constar
desde já: o álbum expandiu os limites do Grindcore praticado pelo conjunto.
Pois sim, muito
antes do lançamento, tive o privilégio de receber do vocalista/baixista James
duas faixas de ensaio gravadas, nas quais eram nítidas as influências
instrumentais de... Black Metal! E agora, isso está escancarado no terceiro ‘full
length’ do grupo.
A
caracteríscia aparece logo no riff inicial (após a “Intro”) de “Deus de Carne”:
é bem veloz e com doses de melodia consideráveis. Inclusive, em vários momentos
do CD, existem “paradinhas” em que, quase sempre, esses tipos de riffs “puxam”
a continuação das composições.
E essa mistura
ficou excepcional na sonoridade do trabalho, que está mais agressivo do que
nunca! O senhor Dangelo é um monstro na bateria e está ainda mais veloz, no
limite da sanidade. Dá medo!
Por sua vez, James
continua com o dom de cantar “horrivelmente”, de um jeito em que é dificil
acompanhar mesmo com as letras do encarte. Muito bom!
Outra coisa
marcante no álbum é seu “desleixo”, com microfonias (ouça “Eu Não Pertenço a
Este Mundo”, por exemplo) e faixas que, a princípio, parecem ligadas entre si,
mas são “cortadas” por milissegundos, além do clima ao vivo. Isso tudo acrescentou
mais espontaneidade ao material.
Dentro disso,
a gravação, como já se presume, está bem suja e pesadona, uma maravilha.
“Winston onde
está você?/ Eu nasci na contramão”, versos da faixa “Amanhã Vai Ser Pior”, já
dão bem o clima do álbum, completamente pessimista. Só letras desgraçadas e que
em momento algum geram esperança. Tenso.
Ainda sobre as
letras, vale mencionar a de “Josefel Zanatas”, uma homenagem fantástica ao
mestre dos filmes de terror nacional, nosso idolatrado José Mojica Marins, o Zé
do Caixão. São citações por ele proferidas e nomes de filmes de sua autoria que
compõem o “poema”.
Tem mais: “Nadir”
conta com grandes participações especiais. Marcelo Appezzato (Hutt) urra na
supracitada “Josefel Zanatas”, Jão (Ratos de Porão) cria um bom e longo solo no
final de “Altar de Sangue” e John “The Maniac” Leatherface (Chronic Infest) vocifera
em “Corumbá, Hippie do Inferno” e na também mencionada “Eu Não Pertenço a Este
Mundo”.
Além disso, a
parte gráfica também é uma beleza, em papel fosco, com destaque para a
enigmática capa, em que um rosto medonho aparece.
Curiosamente,
o disco foi gravado em sessões e até mesmo em anos diferentes: as oito
primeiras contam com a guitarra de Ari, gravadas em Berlim, e as restantes
ficam por conta do guitarrista Danyel, registradas aqui no Brasil.
Caótico e
desesperador, o novo álbum da Facada corre sério risco de estar no topo dos
melhores lançamentos nacionais de 2013.
PS: Leia uma ótima resenha, faixa
a faixa, no Intervalo Headbanger.
Nota 9,0
Twitter:
@facadanagoela
Disca tá foda e o solo do Jão não é bom, é maravilhoso, é antológico!!!! Coisa de gênio!
ResponderExcluirValeu pelas palavras. Muito boa resenha.
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