DVD Orphaned Land – The Road To OR-Shalem
Century Media/Shinigami Records – 2011 – Israel
Pegando por um lado pessoal, nunca tinha ouvido falar dessa banda e me espantei ao saber que eles já têm mais de vinte anos de estrada. Foi, no mínimo, uma surpresa conferir a qualidade do grupo, que executa um estilo difícil de definir: passa pelo Doom, pelo Death (de leve), pelo Heavy, pelo Prog, Folk e vários outros, contando ainda com a inserção de elementos típicos de seu país, Israel – tudo quase sempre cadenciado e até arrastado (desde quando isso é ruim?). Não se trata, portanto, de uma banda brutalzona, mas vale a pena conferir toda essa diversidade, ah vale.
Agora, a Shinigami Records (www.shinigamirecords.com.br) lança no Brasil um material digno de celebração das duas décadas de Orphaned Land – um DVD duplo, mais um CD com o áudio da apresentação principal (sem algumas músicas devido à limitação de tempo do disco). Hora de debulhar tudo, a começar pela divertida capa e pelo livreto, cheio de fotos bacanas, além obviamente da ficha técnica. Começou bem.
Como um todo, o show possui imagens e sons ótimos (com opção de estéreo ou surround 5.1, mas com legendas em inglês, um pecado). O local é pequeno, mas bastante acolhedor, o que certamente aproximou mais o apaixonado público dos integrantes, algo que chama bastante a atenção ao se assistir ao vídeo. Realmente, a banda tem muito carisma e entretém o pessoal facilmente. Isso é percebido já na música de abertura (após a introdução) – “Halo Dies”. Muito legal a edição do áudio deixar o som da plateia “participar” do espetáculo com seu “volume” equilibrado com o som dos músicos.
Além disso, a linda iluminação no palco deixou tudo mais gracioso. Quanto às câmeras, o pessoal inovou (ao menos nunca vi outro DVD assim) e as colocou em lugares inusitados, até então usados em takes de vídeo clipes: além das extremidades das guitarras e baixo, e também no bumbo da bateria, uma das filmadoras foi acoplada à base do pedestal do microfone de Kobi Farhi, o vocalista principal. Os recursos, embora mais usados somente no início de tudo, geraram um festival de enquadramentos muito interessantes e deram um tom mais dinâmico ao show.
Quanto às performances, o pessoal também faz bonito e agita, além de mostrar simpatia através de sorrisos sinceros. O mais empolgado parece ser o baixista Uri Zelha, que praticamente só para de bater cabeça no intervalo entre as canções.
E merece um destaque especial o baterista Matan Shmuely, que faz o que quer de seu instrumento. É impressionante a habilidade do ser! E em determinados momentos, ele também faz uma ou outra participação como backing vocal: urros mais poderosos do que os de Farhi!
Quanto às músicas do repertório, sou suspeito, pelo que expus no primeiro parágrafo, mas todas cumprem seu papel com competência e beleza, mesmo aquelas acústicas que apagam um pouco o fogo da apresentação. É preciso mencionar “Codeword Uprising”, bem agressiva e direta, com participação de Tomer Jones, que cantou até 2010 na Whorecore. Simplesmente fantástica!
Interessante mencionar um trecho em que Farhi “some” do palco e reaparece depois no meio dos fãs, cantando e agitando. Logicamente que o pessoal todo corresponde e começa a vibrar junto.
E a apresentação tem “só” quase duas horas de duração! Tá bom pra você? Não, né? Ok, depois de tudo, tem-se o outro DVD, com mais quase quarenta minutos (!), composto por algumas faixas bônus do show, além de um documentário legendado, clipes e uma galeria de fotos (poucas, porém interessantes)!
Aparentemente essas bônus ficaram de fora do primeiro disco por se dirigirem a um público mais específico. As duas primeiras composições, por exemplo, que contam com a participação do músico Yehuda Poliker (conhecido?), são cantadas na língua natal da Orphaned Land.
Em “Drums & Percussion Solo”, como o título já entrega, Shmuely exibe todos os seus dotes em um solo interessante, contando até com um breve trecho de ‘blast beats’ (e caretas no melhor estilo Mick Harris – ex-batera do Napalm Death) e com um ótimo final, uma referência à inigualável “Raining Blood” (Slayer).
Na seguinte – “Seasons Unite” – os bangers abrem uma roda e o pobre cinegrafista fica bem no meio dela. Mas calma, ele não é atingido quando a molecada parte pra cima um do outro. E é nela que a banda mostra seu lado mais violento e pesado. Muito boa!
Bom, chega a hora do documentário sobre a data comemorativa do conjunto. Os membros contam a história da banda, porém o registro é superficial no que diz respeito à sua discografia. Nos depoimentos, eles se atêm mais a fatos delicados, como sua separação, que durou sete anos, além de religião e política, as duas últimas bastante complexas para o grupo, como todos devem imaginar.
É a vez dos clipes – “Sapari”, “Ocean Land” (simples, mas criativo – sensacional o solo de guitarra debaixo d’água) e “Norra El Norra” – todos bem desenvolvidos e belos.
Resumo de tudo: assistir aos discos é uma experiência valiosa, ainda mais para quem, assim como este que, como já escreveu no início e reiterou, sequer conhece (conhecia) a banda. Uma boa pedida!
NOTA 9,0
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