quarta-feira, 11 de abril de 2012

Old Grindered Days – Vol 01 (coletânea)

Old Grindered Days – Vol 01 (coletânea)
Old Grindered Days Records/Rotten Foetus Records/Cianeto Discos/Disturbed Mind – 2012 – Brasil

Já deu pra notar, pelo nome da coletânea (saindo do forno mais quente do mundo), que o negócio é pura atrocidade, né? São nada menos do que nove bandas que se dedicam sem descanso a tornar o pobre ouvinte um psicopata em “apenas” 64 faixas que totalizam 75 minutos de muita insanidade!
Abrindo o play, a Necrose fica num Grindcore caprichado, com certas variações de ritmo, mas priorizando aquela pegada seca e direta do estilo. Legal falar que a banda conta com dois caras e duas moças (uma delas – Cynthia – divide os vocais com Jadir de igual para igual) que brilham pela ferocidade. A gravação ajuda e o grupo mostra intimidade na arte de moer. Começou bem!
O próximo grupo, Barulho Ensurdecedor, justifica seu nome: com uma produção inferior, o pessoal manda bronca também no chamado Grind, com dez músicas que passam o recado, mas que ficam um pouco comprometidas pela questão da gravação. O vocal de Alter, por exemplo, parece ter sido registrado de muito longe do microfone. Nesse quesito, uns ajustes aqui e ali (e quem sabe, menos microfonias) deixariam o material mais atrativo, mas calma, que a rapaziada DESTRÓI! Musicalmente competentes!
Já o Pankreatite Necro-Hemorrágica prepara um Goregrind pavoroso (no bom sentido). A banda soube aproveitar o espaço da coletânea com composições bem empolgantes e velocíssimas, com direito a cover da Gut (“Cripple Bitch”). Destaque para os vocais (sempre) incompreensíveis que, em alguns momentos, são tão extremos que se parecem com assobios macabros. E além disso, fizeram uma barulheira muito bem gravada, algo mais admirável por se tratar de Goregrind. Uma das melhores bandas do disco.
É a vez da Sengaya exercer o caos (curto, mas marcante) e, mesmo com uma produção que deixou o volume mais baixo do que outras bandas, fez bonito no quesito bom ruído. O quarteto volta ao lado Grind, mas com toques Gore. A guitarra tem afinação bastante grave e o vocal de Ricardo é bem sufocadão. Resultado positivo! Uma boa surpresa na coletânea.
A Feces on Desplay, que vem em seguida, também apresenta gravação baixa, mas dada a qualidade dessa one-man-band (sim, o senhor Serginho “Corpsegore” comanda tudo!), o inconveniente é parcialmente perdoado (a bateria programada ficou perceptivelmente artificial, especialmente nos ‘blast beats’). Comparando com trabalhos anteriores do músico, o estilão Goregrind continua intacto. E incrível a sua versatilidade nos cantos, cheios de efeitos e alternando com “pig vocals”. Admirável. Apenas permanece a ressalva: Serginho, seus outros plays estão mais bem produzidos, hein? Não deixa a peteca cair não, rapá!
Ataque Cardíaco chegando agora. Grindcore com gravação mediana e vocal meio forçado. Ele não parece combinar com toda a intensidade do instrumental e acaba transparecendo certa insegurança nesse sentido, mas nada que um aprimoramento (leia-se algo mais urrado talvez) não resolva. No restante, deram conta do recado com folga.
E uma das mais tradicionais bandas Grind nacionais dá as caras em “Old Grindered Days”. O jeitão da Subcut é aquele bem característico do quarteto (mas não era um trio?): rolo compressor desenfreado com raros momentos cadenciados. O baterista Afonso Moura (sempre) chama a atenção por, além de espancar seu kit, berrar feito um louco e segurar essa onda com galhardia, alternando os cantos com Gustavo. E a guitarra parecendo um abelhão soma mais agressividade ao som. Estranho somente o fato de a gravação parecer ter sessões de estúdio diferentes.
Outra promessa do nosso underground, a Crunch Delights, que soltou o ótimo CD-r “Under.Grind” (ler resenha aqui) em 2011, retorna com seu Goregrind perturbador. Yákilli, que até então era somente guitarrista, agora divide os vocais com Vúmito. Esse duo afiado (e excelente) dá uma sustância incrível à porrada sonora do conjunto. Já a baixista Monique e o baterista Thiago dominam na cozinha. A verdade é que a produção ficou muito sujona, mas foi proposta dos integrantes. Então, que assim seja! Logo logo já está na hora de um ‘full’, hein?
Fechando esse grande material, a BoneAche envereda pelo Goregrind, quase Noise. Não fosse a bateria programada consideravelmente artificial (que caixa é essa?) e repetitiva, que encobre quase tudo, o resultado certamente seria melhor. Assim como a Feces on Display, esse projeto é formado por um homem só – Glésio Torres. O cara tem uma voz muito poderosa, o ponto mais positivo da BoneAche. A guitarra também é bacana (não há baixo), mas como já mencionado, ela acaba por debaixo da bateria e, portanto, dificulta sua melhor avaliação.
O encarte, todo em preto e branco, apresenta uma arte bem feita e cuidada, da capa às informações (completas) dos grupos. Profissional.
Direto ao ponto: CORRA ATRÁS DISSO AQUI URGENTEMENTE, conheça novas promessas do nosso ruidoso cenário e claro, curta as veteranas participantes do material. Parabéns a todos os selos pela iniciativa e que o volume dois não tarde!

NOTA 8,0
Barulho Ensurdecedor: barulhoensurdecedor@gmail.com
Pankreatite Necro-Hemorrágica: www.myspace.com/pnhgoregrind

Nenhum comentário:

Postar um comentário