Se tem uma banda que pode ser
chamada de original e desafiadora, certamente é a Dynahead, do Distrito
Federal. Seu mais recente álbum, “Chordata I”, é uma mistura quase absurda de
ritmos e estilos, mostrando que o grupo definitivamente não tem medo de ousar.
O blog Som Extremo entrevistou o simpático vocalista Caio Duarte, que inclusive
acabou gravando a bateria do material. Ele dá mais detalhes sobre o disco, sobre
sua visão a respeito de pessoas que se agarram a um estilo e a ele ficam “presos”,
sobre clipes, a segunda parte do CD e outras ‘cositas mas’. Abrindo a mente em
3, 2, 1...
Som Extremo: Primeiramente, falemos do material gráfico espetacular de
“Chordata I”. Assim como nos trabalhos
anteriores, vocês fogem do convencional quando o assunto é capa de bandas
pesadas. Por favor, fale um pouco sobre isso.
Caio Duarte: Antes de mais nada, muito obrigado pela entrevista!
Gostamos de desafiar convenções. A música de hoje se concentra totalmente em
cópia e repetição, que são conceitos totalmente mercadológicos... E isso também
se aplica à capa. A arte de um disco é algo que pode adicionar ao som uma nova
dimensão, e para esse disco, queríamos algo mais orgânico, único, que
funcionasse tanto como 'cara' do disco quanto como bela arte. Descobrimos esse
artista extraordinário, o Chris Panatier, que faz suas obras totalmente à mão,
e o resultado ficou fantástico.
Som Extremo: Qual a maior qualidade do álbum, na sua opinião?
Caio Duarte: Creio que é a obra como um todo. Quisemos fazer algo
que fosse rico em todos os aspectos, que fosse evocativo, experimental e agressivo
ao mesmo tempo. Se conseguimos, não sei, mas as experiências que algumas
pessoas relatam ao ouvir o disco nos deixam muito felizes e certos de que
fizemos algo bem especial.
Som Extremo: Que faixa diria que seria o carro-chefe? Por que?
Caio Duarte: Não acho que o disco tenha um 'carro-chefe', até porque
cada música representa uma faceta diferente, e poderia ser um single. Algumas
pessoas preferem a faixa 1 (N.R.: “Abiogenesis”), outras, a faixa 4 (“Dawn
Mirrored in Me”), e por aí vai... Às vezes isso acontece de formas bem
interessantes, como o fã de Metal extremo que gosta da faixa que é só voz e
piano, ou a pessoa que nem gosta de Metal, mas que adora a mais brutal de
todas. Não sei se o disco vai ter um 'hit', mas se dependesse de nós, queríamos
que o disco tivesse nove (risos)!
Som Extremo: O som de vocês tem uma variação de estilos impressionante.
Vão do brutal Death Metal, por exemplo, a algo acústico, de forma completamente
inesperada. Como funciona essa ideia para vocês?
Caio Duarte: A variedade é uma dimensão importante na música.
Curtimos usar climas diferentes em diversos momentos, como forma de contar uma
história ou evocar imagens na cabeça do ouvinte. Muitos fãs de Heavy Metal se
ligam ao tal "estilo" - que é uma expressão totalmente mercadológica,
de prateleira -, mas para nós, música é música. Ela pode ser bonita, pode ser
feia, pode ser luminosa ou sombria, e é bacana poder explorar toda essa gama.
Som Extremo: Ainda sobre isso, as composições saem naturalmente ou
vocês fazem questão de manter essa “montanha russa”?
Caio Duarte: É bem natural, porque gostamos de música variada.
Somos headbangers ecléticos e não temos medo de abraçar isso - na verdade,
nossa música também é um ato de contestação a essa mentalidade comercialóide,
de que a música tem que se encaixar em moldes pré-estabelecidos para vender
melhor. A música precisa de ousadia para se manter viva... Se não fossem os
experimentalistas, estaríamos tocando alaúdes.
Som Extremo: Em algum momento, tiveram receio de que fãs de diferentes
estilos o achem eclético/alternativo demais e não aprovem o disco?
Caio Duarte: É uma expectativa natural... Não temos receio, pois
sabemos que, embora grande parte do público tenha sido doutrinado pela mídia e
pelas gravadoras a só consumir a mesma coisa, também existe muita gente que vai
na contramão disso. É a essas pessoas, que gostam de desafios, de música
provocativa, que dedicamos nossa música.
Som Extremo: Como estão os preparativos para “Chordata II”? Será na
mesma linha do atual disco?
Caio Duarte: Ele já está totalmente gravado, só esperando para
sair. É uma continuação natural do primeiro disco (eles foram compostos como um
disco só), mas mostrará algumas facetas diferentes.
Som Extremo: E quais os planos para 2013? Mais clipes vindo por aí?
Caio Duarte: Como somos uma banda 'DIY' (N.R.: ‘do it yourself’ –
faça você mesmo) e produzimos tudo por conta própria, inclusive os vídeos, é um
bocado de trabalho. Mas estamos lançando lyric videos para todas as músicas,
pouco a pouco, e eles por si só já ficaram bastante interessantes. Infelizmente
ainda é difícil dizer se faremos algum clipe mais 'tradicional'...
Som Extremo: São quase dez anos de carreira. Quais os maiores desafios
enfrentados nesse período?
Caio Duarte: Creio que seja o preconceito que pessoas do mundo
todo, e especialmente dentro do Brasil, têm com o que vem daqui. E também entra
a questão do "estilo" musical: ao longo desses dez anos, passaram
várias e várias modinhas, sons que apareceram, venderam pra caramba e depois
sumiram. Para capitalizar em cima dessas modinhas, alguns indivíduos foram
sabotando a cena, e pouco a pouco acabaram com a coesão do público de Metal no
mundo todo. Por causa desses indivíduos, o Brasil também perdeu totalmente a
cultura de sustentar a própria cena. As bandas não podem contar com os gringos
(que tendem a ter preconceito), e nem com o brasileiro (que tem mais
preconceito ainda). Coisas assim fazem tudo ficar meio ingrato, mas também
existem aqueles que se permitem ouvir e serem tocados pela nossa música. Aí,
tudo vale a pena de novo...
Som Extremo: Agradeço a entrevista! Por favor, deixe uma última
mensagem.
Caio Duarte: Eu que agradeço! Muito obrigado pelo interesse e pelo
apoio. No nosso site oficial - www.dynahead.com.br
- você encontra muitos vídeos, canais no Facebook, You Tube e Twitter, além da
loja onde pode comprar ou baixar gratuitamente o nosso material. Não deixem de
apoiar o patrimônio nacional, e nos vemos em breve!
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